Luma Danielle Centurion
“É como minha primeira entrevista de emprego. Estou ansiosa, nervosa, porque não sei o que irão achar”. É assim que a estudante do 6º semestre do curso técnico em Informática para Internet do Campus Naviraí, Mayara Russo, 17, descreve a expectativa para a apresentação do projeto de website desenvolvido para a Seleta Sociedade Caritativa e Comunitária.
Sob a orientação do professor Nicholas Santos, o website criado por Mayara e outros três estudantes já está em fase de prototipação. O projeto foi desenvolvido no Núcleo de Análise e Desenvolvimento de Sistemas (Nads) do Campus Naviraí do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS).
O Nads é um dos três espaços que - junto com a TecnoIF, Incubadora de Empresas do IFMS, e o IF Maker, Espaço de Inovação - integram o Núcleo de Tecnologia do IFMS (NTIF), inaugurado na noite dessa terça-feira, 12.
Localizado no centro de Naviraí, o espaço funciona em um prédio da Associação Comercial locado pela Prefeitura Municipal e gerido pelo campus do IFMS. Aberto a estudantes, servidores, escolas e empresas, o NTIF tem impressora 3D, cortadora laser (CNC), fábrica de software, espaço de prototipação, além de ambiente para criação e coworking.
“Este espaço é a concretização de um sonho, que se tornou possível graças às empresas e ao poder público do município. Naviraí é receptiva a novas ideias e tecnologias. Estudantes, servidores e a comunidade podem agora se apropriar deste ambiente para criar soluções inovadoras”, comemorou o diretor-geral do campus, Matheus Bornelli.
Para o prefeito de Naviraí, José Izauri, o município ainda não tem a real dimensão do que o espaço representa para a região. “A cultura maker é uma ideia que levamos a sério. Precisamos, agora, divulgar o que pode ser feito aqui. Se utilizarmos toda a potencialidade do que o NTIF representa, Naviraí terá grandes avanços”, analisou o prefeito.
Projeto – O primeiro desses avanços é o site da Seleta, desenvolvido no Nads, núcleo que funciona com uma espécie de fábrica de softwares.
“Neste espaço compartilhado é possível desenvolvermos softwares corporativos, aplicativos, websites. A ideia é que o estudante ou o interessado possa desenvolver todo o projeto, do início ao fim, no espaço. Aqui trabalharemos com prazos, escopo, objetivos, como é feito no mercado”, explicou Nicholas, coordenador do Nads.
No projeto de Mayara, o primeiro desenvolvido no Núcleo, todo o conteúdo foi elaborado pela Seleta, cabendo aos estudantes desenvolver o website, levando-se em conta conceitos como design de interação e experiência do usuário.
“Poder aplicar o que a gente aprende para atender uma empresa é muito motivador. A gente pode colocar em prática o que vê em sala de aula, além de trabalhar já no mundo real”, disse a estudante, revelando que o protótipo foi desenvolvido em apenas duas semanas de atividades no Núcleo.
Empreendedorismo e Inovação – Além do NTIF, o IFMS conta com espaços de inovação e empreendedorismo nos outros nove campi. O investimento nos últimos dois anos foi de cerca de R$ 3 milhões, entre aquisição de equipamentos, parcerias e pagamento de bolsas. A maior parte dos recursos foi obtida por meio de Termo de Execução Descentralizada.
O pró-reitor de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação, Marco Naka, explica que foram mais de dois anos de trabalho para a materialização dos espaços.
“Quando foram feitos os primeiros orçamentos para a aquisição de impressoras 3D e das CNC, a gente pensou que seria muito difícil conseguir os recursos, em especial porque o país passava por um momento de forte restrição. Mas graças aos resultados que fomos obtendo e à articulação junto ao MEC, conseguimos materializar este sonho”, afirmou.
Na avaliação do reitor do IFMS, Luiz Simão Staszczak, a conquista demonstra o potencial da instituição para atender demandas orgânicas da sociedade, permitindo a integração do Instituto com as comunidades em que atua.
“O mundo demanda por tecnologia e inovação. Esses ambientes permitem a formação de pessoas, a transferência de tecnologia, a transformação de vidas por meio da inovação e do empreendedorismo. Quando atendemos às demandas que nos são apresentadas, mudamos realidades”, avaliou o reitor.