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Educação
22/03/2012 11:28:48
Pai atrela mesada do filho a notas boas e tarefas domésticas
Rafael Figueiredo, 13 anos, perde parte do dinheiro em caso de deslize. Especialista vê com ressalvas uso da mesada como forma de orientação.

G1/PCS

Pai dá dinheiro, mas desconta quando filho não tira notas altas ou faz bagunça em casa (Foto: Felipe Truda)
\n \n A vida de Rafael Figueiredo, de 13 anos, mudou radicalmente há pouco mais de\n um ano. O menino, que morava com a mãe no Rio de Janeiro, se mudou para o\n centro de Porto Alegre no final de 2010 para viver com o pai, o arquiteto\n Marcelo Figueiredo, de 44 anos. \n \n Na capital gaúcha, ele teve de se adaptar a um novo sistema de ganhar\n mesada: os R$ 15 semanais que recebe sofrem descontos caso ele cometa algum\n deslize. “Por mim, ele me daria R$ 50 por semana, mas acho importante ele me\n dar este limite”, reconhece o menino.\n \n Marcelo não exige que o filho faça tarefas domésticas. Porém, se ele deixar\n algo fora do lugar, perde R$ 1. “Eu ganho todo o valor se mantiver a casa\n arrumada. Não preciso arrumar, é só não bagunçar. Se eu deixar copos e pratos\n espalhados, perco R$ 1. E se não fizer o dever de casa, é um pouco mais”,\n explica Rafael.\n \n A preocupação com os estudos se deve à dificuldade\n que Rafael enfrentou para se adaptar à exigência da nova escola. O menino conta\n que no Rio de Janeiro estudava em uma escola com média mais baixa. “Saí de uma\n escola muito fraca”, reconhece. O fato de ser novo na classe também dificultou\n a vida escolar do menino, que era visto com ressalvas pelos colegas do Colégio\n Rosário. Mas no segundo ano na capital gaúcha, ele garante que a situação está\n mais tranquila. “Agora já melhorei bastante. Estou me socializando e me\n adaptando melhor”, garante.\n \n Incentivador dos estudos, o arquiteto\n estipula regras mais rígidas no controle da mesada quando o assunto é a escola.\n Um aviso de algum professor, de que ele tenha deixado de realizar alguma\n tarefa, tira R$ 2 dos R$ 15 semanais. E uma nota baixa em alguma prova deixa o\n menino sem a mesada.\n \n Por outro lado, o adolescente tem a\n chance de aumentar o valor. “Se ele lavar a louça, ganha R$ 1 ou R$ 2,\n dependendo do volume da louça. E se tirar todas as notas acima de 7 também”,\n afirma o pai.\n \n Rafael ressalta que o dinheiro da mesada\n não inclui despesas do dia a dia e programas feitos com o pai. “Cinema, lanche,\n coisas assim o meu pai paga. Minha mesada é para eu comprar coisas para mim”,\n conta.\n \n O menino, que gosta de ler, ouvir música\n e assistir à televisão nas horas vagas, gasta a maior parte do valor da mesada\n com revistas especializadas em\n ciência. Ele reconhece que o sistema o ensinou a economizar\n mais. Mesmo que isso exija um grande esforço. “Quando eu vou ao shopping, nada\n me segura. Tem vezes que eu respiro fundo e me controlo para não gastar tudo. E\n consigo, mas dói um pouco”, conta.\n \n O aprendizado do filho é visível para\n Marcelo. “Vejo que ele dá bastante valor e economiza. Às vezes me pede um troco\n a mais, da passagem de ônibus ou da merenda, para guardar”, explica o pai. Para\n os dois, o mais importante é ter honestidade.\n \n Diálogo para orientar
\n A psicopedagoga e especialista em orientação educacional Paula Falcão Cruz vê\n com ressalvas a utilização da mesada como instrumento para a orientação. “O\n importante é que a criança perceba o sentido do que está sendo negociado, que\n se não fizer os deveres ela vai sair prejudicada, e que a bagunça vai gerar\n desconforto para todos. Colaborar com as tarefas domésticas é obrigação de\n todos que convivem em um espaço comum”, disse ao G1 a profissional.\n \n A orientadora educacional recomenda que os pais apostem nos\n diálogos para orientar crianças e adolescentes. “O fundamental é que os adultos\n sejam persistentes e pacientes, explicando às crianças a importância de sua\n contribuição nas regras firmadas”, destaca.\n \n \n \n