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Educação
19/08/2019 14:31:00
Pesquisas do IFMS em Naviraí promovem desenvolvimento econômico e social da região

Da assessoria/LD

A Síntese de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2018 revela que 29% da população de Mato Grosso do Sul em idade escolar - entre 6 e 16 anos - têm dificuldades de acesso à educação. Mais do que isso, aponta que apenas 22% dos 2,7 milhões de habitantes com 25 anos ou mais possuem ensino médio completo. No ensino superior e na pós-graduação, os números são ainda menores.

Nesse contexto, promover a edução profissional e tecnológica é um desafio e uma conquista para os campi do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS). A unidade de Naviraí, com cinco anos de funcionamento, já demonstra que é possível oferecer ensino médio de qualidade ao aliar ensino e ciência, e ainda proporcionar o desenvolvimento da região por meio da pesquisa aplicada.

Os projetos de pesquisa desenvolvidos na instituição ajudam a melhorar a produtividade agrícola e criam alternativas de inclusão social. É o que revelam, por exemplo, os trabalhos desenvolvidos pelos irmãos João e Pedro Lorençone. Os dois não são semelhantes só na aparência. Os gêmeos, estudantes do curso técnico em Agricultura, compartilham uma decisão de vida: fazer da pesquisa o apoio para o desenvolvimento pessoal e, consequentemente, da comunidade onde vivem.

Os estudos desenvolvidos pelos irmãos no IFMS, ambos na área da agrometeorologia, têm como principal objetivo possibilitar o aumento da produtividade agrícola na região.

Com o projeto “Caracterização climática de Mato Grosso do Sul usando o método de Thorthwaite (1948) e suas aplicações na agricultura”, sob orientação do professor Lucas Eduardo Aparecido, João foi premiado na edição 2019 da Feira de Tecnologias, Engenharias e Ciências de Mato Grosso do Sul (Fetec/MS) com o primeiro lugar na área de Ciências Agrárias e o terceiro lugar na colocação geral.

“Nosso estado é referência no país em produção agrícola, mas temos poucos trabalhos sobre o clima, o que é de suma importância pois influencia desde o plantio até a colheita. O projeto que desenvolvo caracteriza o clima dos 79 municípios de Mato Grosso do Sul por meio da análise de dados de temperatura e chuvas dos últimos 30 anos”, explicou João.

Pedro ficou em quarto lugar na área de Ciências Agrárias com o aplicativo IFClima, criado para dispositivos móveis como celulares e tablets, e que realiza o monitoramento climático diário em Naviraí.

“As fazendas da região não tinham como monitorar o clima. Então fizemos uma parceria com uma cooperativa de produtores locais. Eles compraram uma estação climática e a gente fez o aplicativo, que fica disponível no Google Play. Isso ajuda o produtor na questão da produtividade, uma vez que ele sabe, por exemplo, o melhor momento de plantar”, destacou Pedro.

Em resumo, um dos Lorençone olha para o passado e constrói parâmetros de análise que orientam o planejamento das lavouras para todo o estado. O outro analisa os dados em tempo real e fornece aos produtores informações importantes para as decisões diárias sobre a lavoura.

O envolvimento com a iniciação científica abriu novas perspectivas aos irmãos, desconhecidas antes do IFMS. "A pesquisa é o nosso futuro, que tivemos a oportunidade de conhecer no Instituto Federal. Nós queremos fazer mestrado e doutorado e, um dia, dar aulas em uma instituição federal", planejou João.

Outros projetos – O Campus Naviraí também desenvolve pesquisas que promovem a formação humanística dos estudantes e reforçam o compromisso social, outro valor do IFMS. Um exemplo é a construção de óculos capazes de permitir que pessoas com deficiência visual ou analfabetas consigam ter acesso à leitura.

Intitulado “Uma abordagem baseada em inteligência artificial para acessibilidade de pessoas com deficiência visual”, o projeto foi desenvolvido pelos estudantes Gabriel Tomazini Marani e Gabriel de Souza Góis.

“De forma resumida, o que se busca é a aplicação da visão computacional para o desenvolvimento de um produto voltado à acessibilidade de pessoas que apresentem algum grau de deficiência visual ou analfabetismo. Trata-se de um óculos para ler textos no campo de visão e reproduzi-los para os usuários. Para tanto, é necessário desenvolver tanto o protótipo da armação como o software que realiza o processamento”, explicou orientador, Maximilian de Melo.

Iniciação Científica - As pesquisas desenvolvidas no Campus Naviraí são relacionadas aos eixos tecnológicos dos cursos ofertados: Recursos Naturais (técnico em Agricultura e superior de Agronomia) e Informação e Comunicação (técnico em Informática para Internet e superior em Análise e Desenvolvimento de Sistemas).

No ciclo 2018-2019, foram investidos R$ 25,6 mil para o pagamento de bolsas aos estudantes e o custeio dos projetos. Os recursos são próprios do IFMS e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Nos últimos três anos, cerca de 50 estudantes desenvolveram projetos de pesquisa, dos quais 32 receberam bolsas e seis foram premiados em eventos científicos externos.

Fecinavi

Para fazer com que a sociedade tome conhecimento das pesquisas desenvolvidas no IFMS, é realizada desde 2016 a Feira de Ciência e Tecnologia de Naviraí (Fecinav). Cerca de 140 projetos de pesquisa já foram apresentados no evento, que também abre espaço para que estudantes de outras escolas tenham contato com a iniciação científica.

O diretor-geral do campus, Matheus Bornelli, destaca que o IFMS trouxe o conceito de feira científica para a região.

"Antes, eram apresentados trabalhos, mas não com o rigor e a metodologia científica, o que possibilita a classificação para outros eventos estaduais e nacionais. Nós conseguimos estimular os professores das redes municipal e estadual da região a iniciar a cultura da iniciação científica com os estudantes. Eles agora conseguem aplicar a pesquisa como princípio educativo, e essa talvez seja a maior contribuição da Fecinavi”, explicou Bornelli.

As inscrições para a edição 2019 da Fecinav seguem abertas. Podem participar estudantes de escolas públicas de Eldorado, Iguatemi, Itaquiraí, Japorã, Juti, Mundo Novo e Naviraí. Os trabalhos devem ser submetidos pelo orientador na Central de Seleção do IFMS.

Investimentos

No ciclo 2018-2019 da iniciação científica, o IFMS investiu um montante de R$ 564.540,39 para o desenvolvimento de 178 projetos de pesquisa nos dez campi. Parte dos 405 estudantes envolvidos com os estudos recebeu bolsas, cujos recursos são provenientes tanto do orçamento próprio do IFMS quanto do CNPq.

Para o novo ciclo, foram selecionadas 211 propostas de projetos de pesquisa com a participação de 497 estudantes do IFMS. Desse total, 218 deverão ser contemplados com bolsas.

As pesquisas serão desenvolvidas entre agosto deste ano e julho de 2020, gerando produtos ou processos com foco na busca por soluções criativas e inovadoras a problemas da sociedade. São protótipos, dispositivos, planos de ação, manuais, cartilhas, softwares, sites, aplicativos, procedimentos, entre outros exemplos.