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Educação
13/05/2024 13:51:00
Professor estadual recebe até 105% mais que educador da UFMS

CE/LD

Dados divulgados nesta segunda-feira (13) pela Fetems mostram que, além da administração estadual, pelo menos 51 prefeituras pagam salário maior para professor do que Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, que nesta segunda-feira adiou para 23 a 26 de julho as datas para o preenchimento de 27 vagas.

Professores da rede estadual com formação superior, por exemplo, recebem R$ 12.380,00 por 40 horas semanais. Aqueles que têm metade desta carga horária, por sua vez, recebem R$ 6.190,00.

No caso da UFMS, para atuação como professor auxiliar e regime de 20 horas semanais, o valor total estimado é de R$ 3.010,35, conforme divulgado pela própria instituição.

Ou seja, um professor da rede estadual recebe 105,6% acima daquilo que está sedo oferecido para os profissionais que conquistarem vaga como professor auxiliar da instituição federal. E esta defasagem salaria é um dos principais motivos que levou centenas de profissionais da UFMS a entrarem em greve desde o dia primeiro de maio.

E não são somente os auxiliares que têm direito a remuneração inferior à dos educadores da rede estadual. Conforme o edital da UFMS, um professor com doutorado e que terá de ter dedicação exclusiva, receberá R$ 11.139,64. Isso significa uma diferença da ordem de 10% se comparado com os R$ 12,38 mil pagos ao professor estadual em início de carreira em sem pós-graduação.

Apesar da defasagem salarial na UFMS, o interesse pelas 27 vagas parece ter sido significativo. Ao anunciar o adiamento das provas, dos dias 4 a 7 de junho para 23 a 26 de julho, a UFMS informou que 15 inscritos residem na região atingida pelas cheias históricas no Rio Grande do Sul. E foi este estado de calamidade pública que levou a instituição a alterar as datas.

Este salário de R$ 6,19 mil, porém, está sendo pago somente aos concursados da administração estadual, que são em torno de 7,1 mil educadores, conforme Jaime Teixeira, presidente da Fetems. Os outros 10 mil profissionais recebem somente 60% deste valor, lembra o presidente da Federação.

Por isso, uma das bandeiras dos movimentos sindicais é “forçar” a administração estadual a convocar os 850 professores que já foram aprovados no concurso de 2022 e a abertura de novos concursos para melhorar o rendimento dos educadores.

MUNICÍPIOS

Mas não é só dos professores estaduais o “privilégio” de receber salário melhor que os educadores da UFMS, que historicamente recebiam os melhores salários da educação pública brasileira. Educadores da rede municipal de Campo Grande, por exemplo, que estão em sétimo lugar no ranking estadual, recebem R$ 835 a mais por 20 horas semanais que um professor substituto em início de carreira na UFMS.

A prefeitura de Três Lagoas, que está em segundo no ranking estadual dos melhores salários, paga R$ 1.928,00 a mais que a UFMS. Ao todo, são 51 prefeituras com salário superior aos R$ 3.010,35 oferecidos pela UFMS.

Nesta lista aparece até mesmo Japorã, na fronteira com o Paraguai. O município tem o menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de Mato Grosso do Sul. Professor municipal do pequeno município recebe quase R$ 200 a mais que um educador substituto em início de carreira na UFMS.

Em Paranhos, também na fronteira com o Paraguai e com o segundo menor IDH do Estado, a diferença é ainda maior. A prefeitura do município que nos últimos anos está sendo “tomado” por grupos de narcotraficantes, paga quase 430 a mais para professor com 20 horas semanais.