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Esportes
26/01/2019 10:47:00
Algoz duplo em 2018, econômico Botafogo é primeiro desafio do badalado Flamengo

Globo Esporte/LD

Não é de hoje que Flamengo e Botafogo vivem momentos opostos fora de campo. Enquanto o Rubro-Negro organizou-se administrativamente e colhe os frutos com dinheiro em caixa, o Alvinegro raspa os cofres e sobrevive com orçamentos modestos. Em campo, no entanto, nem sempre os resultados refletem as finanças. No ano passado, por exemplo, o Glorioso foi uma pedra no sapato do rival. Mais de uma vez.

A tabela do Carioca reservou que o primeiro grande teste dos rivais na temporada fosse justamente o encontro no clássico deste sábado, às 17h, no Nilton Santos. De um lado o badalado Flamengo, vice-campeão brasileiro, com reforços (milionários) de peso. Do outro o Alvinegro, com nomes menos midiáticos, ainda em busca da primeira vitória no ano.

Investimento reforça abismo financeiro

A diferença de investimentos é gritante, os números impressionam e deixam claro o abismo financeiro entre os rivais, no momento. Levando-se em conta apenas a atual janela de transferências, o Flamengo foi ao mercado e gastou aproximadamente R$ 125 milhões – de forma parcelada - em apenas três jogadores, além do empréstimo gratuito de Gabigol. No caso do camisa 9 o gasto será com o salário de aproximadamente R$ 1,25 milhão por mês.

Arrascaeta, por exemplo, custou € 18 milhões - R$ 79,5 milhões na cotação atual. Foi a contratação mais cara da história do clube. E os valores ainda podem aumentar devido a bônus previstos em contrato.

  • Não é porque o Flamengo contratou vários jogadores de alto nível, que é o favorito. Orçamento não entra em campo. Mas pelo time que temos e estamos trabalhando, vamos brigar por títulos. Com humildade, esse grupo pode comemorar vários títulos - comentou o lateral Renê.

No ano passado a folha salarial do Flamengo superava R$ 11 milhões por mês, número que vai aumentar neste ano com a chegada de reforços. Apesar de a saídas de jogadores como Paquetá, Réver, Marlos, Geuvânio e Rômulo terem aliviado a folha em um primeiro momento, os quatro reforços chegam com salários altos.

Erik principal nome e folha reduzida

O Botafogo versão 2019 é mais jovem e menos caro. A diretoria enxugou a folha salarial, que girava em torno de R$ 3,5 milhões no ano passado. Saíram 17 jogadores que integraram o Glorioso 2018, entre eles os medalhões Jefferson, Rodrigo Lindoso, Dudu Cearense, Luís Ricardo e vários atletas que defenderam o clube na condição de emprestados.

Para fazer caixa, o Botafogo precisou negociar duas de suas principais revelações recenetes com o mercado nacional. O clube negociou 75% de Matheus Fernandes com o Palmeiras por R$ 15 milhões, além de vender 70% de Igor Rabelo, ao Atlético-MG, por 70%.

Seis novos jogadores foram incorporados ao grupo, entre eles Erik, que jogou pelo clube de agosto a dezembro do ano passado. Os outros são Diego Cavalieri, Gabriel, Alan Santos, Gustavo Ferrareis e Alex Santana. Erik e os quatro primeiros chegam por empréstimos, todos sem custos. Alex foi contratado em caráter definitivo em negociação que envolveu Lindoso, e o clube ainda ficou com 50% dos direitos econômicos do volante.

Com um plantel reduzido a pedido de Zé Ricardo, a folha alvinegra atualmente está avaliada em cerca de R$ 2,5 milhões. Antes do clássico, Zé disse que a disparidade econômica e em termos de opções é algo contra o qual não se pode brigar, mas garantiu acreditar num bom resultado.

  • É uma realidade, é um fato, mas temos a obrigação de fazer um jogo melhor amanhã (sábado) e tentar diminuir essas diferenças com uma boa estratégia, estando bem concentrado, errando o mínimo possível e acreditando que a gente pode. A realidade é difícil que a gente passa, mas vestimos uma camisa gigante, enorme. Para isso, temos que honrar essa camisa da melhor forma, sempre e em todos os momentos. Apesar dos resultados ruins, temos muita fé que esse grupo vai dar uma resposta em breve.

Nocaute duplo em 2018

Em campo, o alto investimento do Flamengo, geralmente, tem rendido resultados melhores em comparação com o rival. A última vez que o Botafogo chegou à frente no Brasileiro, por exemplo, foi em 2013. Mas não é regra. Em 2017, o Botafogo chegou às quartas da Libertadores, enquanto o rival caiu na primeira fase da competição. No ano passado, levou o Carioca, após passar pelo Rubro-Negro na semifinal.

Essa vitória por 1 a 0, com gol de Luis Fernando, em março de 2018, deixou marcas e gerou rebuliço na Gávea. A eliminação precoce no estadual resultou nas demissões do diretor Rodrigo Caetano, do técnico Paulo César Carpegiani, além de outros quatro membros do departamento de futebol, entre eles Jayme de Almeida e Mozer. Foi o primeiro nocaute no rival na temporada.

Em outubro, um novo golpe fatal. No Nilton Santos, o Botafogo encerrou a série invicta de seis jogos do Flamengo sob o comando de Dorival Jr. e praticamente sepultou qualquer chance de o rival alcançar o Palmeiras na corrida pelo topo do Brasileirão. Leo Valencia e Erick marcaram para o time da casa, enquanto Vitinho descontou.

Vale destacar que o Flamengo venceu três jogos na temporada passada. Porém, em momentos menos decisivos. A primeira vitória, por 3 a 1, na semifinal da Taça Guanabara, resultou na demissão do técnico Felipe Conceição. A saída de Conceição, porém, já estava engatilhada após a vexatória eliminação na Copa do Brasil, diante da Aparacidense, em Goiás.

Ainda no Carioca, o Rubro-Negro voltou a vencer, na terceira rodada da Taça Rio. Rhodolfo, em posição irregular, marcou o único gol do duelo. No primeiro turno do Brasileiro, 2 a 0 no Maracanã, com gols de Matheus Sávio e Lucas Paquetá.