Esportes
22/12/2013 09:00:00
Brasil vence a Sérvia e conquista seu primeiro título mundial
Essa é uma história de dedicação, luta, derrotas, vitórias e sonhos. E não poderia ter outro fim. A primeira medalha do handebol brasileiro em mundiais não é de bronze, nem de prata. É de ouro.
Globo Esporte/LD
Essa é uma história de dedicação, luta, derrotas, vitórias e sonhos. E não\n poderia ter outro fim. A primeira medalha do handebol brasileiro em mundiais\n não é de bronze, nem de prata. É de ouro. Diante de uma Arena Belgrado fervendo\n e barulhenta, contra 20 mil torcedores e mais sete rivais em quadra, as meninas\n do Brasil não se intimidaram. Vibraram quando tinham que vibrar. Fizeram faltas\n quando foi necessário. Reclamaram da arbitragem. E jogaram. Jogaram muito. Frias,\n Alexandra e cia. calaram a Sérvia, venceram por 22 a 20 e entraram para a\n história da modalidade no país, conquistando o título mundial de forma invicta.\n Mais cedo, a Dinamarca derrotou a Polônia e garantiu o bronze.nbsp;\n \n - Ainda não caiu a ficha. Eu estava sentada na quadra com a medalha no peito\n e não acreditava. Acho que deve demorar uns dois dias para eu acreditar no que\n aconteceu - disse Alê.\n \n A vitória diante das sérvias foi a segunda no Mundial, a\n nona em nove jogos na competição, para não deixar dúvidas sobre a conquista\n invicta. Para completar, Babi ainda entrou para a seleção do Mundial como a\n melhor goleira, e Duda foi eleita a MVP (sigla em inglês para jogadora mais\n valiosa) da competição. Alexandra Nascimento, atual melhor do mundo, foi a\n artilheira da decisão com seis gols anotados.\n \n Desde 1995, com a Coreia do Sul, uma seleção fora da Europa não conquistava\n o Mundial feminino. O ouro no peito coroa um projeto iniciado há quatro anos pela\n Confederação Brasileira de Handebol, com a contratação do técnico dinamarquês\n Morten Soubak, comandante da impecável campanha nas quadras sérvias. E, com Rio\n 2016 na mira, o feito credencia o Brasil ao posto de candidato real a uma\n inédita medalha olímpica na modalidade.\n \n - O jogo que elas fizeram foi espetacular. Fica difícil dizer. Nunca houve\n um jogo de handebol como esse, 20 mil pessoas jogando contra, e elas ignoraram\n isso. Colocaram um compromisso na cabeça e jogaram para isso. Meu Deus, o\n Brasil, um país das Américas, campeão do mundo de handebol? Isso é difícil de\n acreditar - disse, emocionado, o técnico Morten Soubak.\n \n Sem se importar com a pressão da torcida sérvia, o Brasil começou a decisão\n marcando bem. Babi, com três minutos, já tinha feito duas defesas salvadoras, e\n Fernanda, colocado a seleção na frente por 2 a 1. Ana Paula fez mais um. Dara,\n aos cinco, levou suspensão de dois minutos, e a Sérvia diminuiu com\n Damnjanovic. Alê, em contra-ataque tramado com Deonise, fez 5 a 3. Em quatro\n minutos, as anfitriãs viraram com Cvijic (duas vezes) e Damnjanovic: 6 a 5.\n Pressionada, a arbitragem irritava as brasileiras.\n \n Aos 16, a Sérvia abriu 8 a 6, mas Ana Paula logo diminuiu. Civjic,\n impossível no ataque, levou dois minutos por falta em Dani Piedade. Após quatro\n minutos sem gols dos dois lados, Alê empatou: 8 a 8. Sem sair da margem de um\n gol, a seleção mantinha o jogo sob controle, mesmo perdendo por 10 a 9, até\n Alê, com um golaço por cobertura, empatar. Déborah Hannah, dois minutos depois,\n colocou o Brasil de novo na frente: 11 a 10. Fria, Alê abriu três gols de\n vantagem aos 29, fechando a primeira etapa em 13 a 11, com as sérvias ficando\n seis minutos sem gols.\n \n O Brasil voltou para a segunda etapa com o mesmo ritmo. Com cinco minutos,\n vencia por 16 a 11, abrindo cinco gols com Duda (duas vezes) e Deonise. Aos\n sete, a Sérvia fez dois gols com Lekic e Ognjenovic: 16 a 13. O ginásio foi ao\n delírio quando Tomasevic pegou dois sete metros seguidos, mantendo o placar\n intacto. Aos 12, a Sérvia voltou a apertar o marcador. Com Zivkovic e\n Damnjanovic, trouxe a diferença para um gol apenas. Com duas suspensões de dois\n minutos, as anfitriãs levaram mais um gol de Alê. Na metade da etapa, a seleção\n vencia por 18 a 16.\n \n Sem funcionar na segunda etapa, Babi deu a vaga para Mayssa no gol. Com a\n torcida jogando junto, a Sérvia dificultava cada ataque do Brasil, marcando\n muito. Ana Paula, aos 19, colocou de novo a seleção no jogo: 19 a 17. Aos 22,\n na pressão, a Sérvia conseguiu diminuir para um gol com Krpez. Quando a Sérvia\n ia empatar, Mayssa, incrível, parou Damnjanovic no contra-ataque, cara a cara,\n com o pé esquerdo. Nisavic, aos 20, empatou o jogo em 19 a 19. Dani Piedade, no\n pivô, colocou o Brasil mais uma vez na frente. Lekic empatou de novo, em 20 a\n 20. Déborah, um monstro quando entrou, fez 21 a 20. Aos 29, Ana paula fez um\n golaço, Mayssa salvou lá atrás e o Brasil abriu dois gols: 22 a 20.\n \n A 50 segundos do título mundial, a seleção brasileira teve\n sabedoria e calma para administrar o jogo e manter a posse de bola. Quando o\n placar mostrou o fim do jogo, choro e sorrisos tomaram conta das jogadoras e\n dos membros da comissão técnica do Brasil. Um título inédito e histórico. Até\n então, a melhor campanha do país em um mundial tinha sido o quinto lugar em São\n Paulo 2011.