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Esportes
26/04/2016 15:19:00
Caetano admite momento de reflexão no Fla: "Temos que lamber as feridas"

Globo Esporte/LD

Na vigiada reapresentação do Flamengo, com direito a viatura da Polícia Militar na porta do Ninho do Urubu e segurança reforçada na portaria, foi o diretor executivo Rodrigo Caetano o porta-voz do departamento de futebol. Depois de reuniões com o técnico Muricy Ramalho, o vice de futebol Flavio Godinho e o presidente Eduardo Bandeira de Mello, o dirigente apareceu na coletiva e deu explicações após a eliminação na semifinal do Campeonato Carioca - 2 a 0 para o Vasco.

  • Tivemos reunião hoje, assim como ontem conversamos entre nós, projetando o que precisamos corrigir para frente. Tivemos, claro, questionamentos internos. Mas é o mesmo time que vinha de três vitórias, vencendo por 3 a 0, com supremacia em cima dos adversários. Neste jogo em específico (contra o Vasco) era jogo único, tinha conotação diferente, porque o adversário tinha vantagem do empate, o que era legítimo pela melhor campanha, mas não conseguimos reverter a vantagem. Mas é início de trabalho, além da mudança de comissão técnica, tivemos mudança significativa de elenco. As peças precisam se ajustar. Pela cobrança e grandeza do Flamengo, há diferença em relação a outras equipes em que, por não terem pressão, tanta cobrança, acabam se encaixando antes. É consenso de que há alguns acertos a serem feitos, mas o trabalho liderado pelo Muricy está no caminho certo. Ele enfatizou hoje que dos inícios de trabalhos que fez é um dos em que mais esteve confiante. Em nível de elenco, trabalho e estrutura. Mas temos que lamber nossas feridas e lembrar das cicatrizes. Temos um primeiro jogo do Brasileiro que às vezes vale muito mais do que o último. Essas primeiras rodadas vão valer. Vamos tentar entrar forte no Brasileiro - disse o dirigente do Flamengo.

O Flamengo volta a treinar na parte da tarde nesta terça-feira, em atividade fechada à imprensa. Na quinta e na sexta, as atividades também serão em tempo integral. O time estreia no Brasileiro dia 15 de maio contra o Sport, ainda em local indefinido. Pela Copa do Brasil, a equipe deve retornar a jogar no dia 4 - contra Imperatriz (MA) ou Fortaleza (CE), pela segunda fase.

Sem entrar em detalhes das conversas durante o treino desta terça-feira, que foi todo fechado, o diretor disse que conversou com 12 atletas do elenco individualmente e protegeu o quanto pôde alguns em especial. Principalmente aqueles que mais convivem com críticas da torcida, como o zagueiro e capitão Wallace e o goleiro Paulo Victor.

  • Não pensamos numa saída (de ninguém), pelo contrário. Meu papel aqui não é demagogia, mas qualquer tipo de avaliação sempre será interna. São atletas que estão no clube há um tempo, jogadores em quem o clube acredita. Os personagem escolhidos nas derrotas se modificam, às vezes não. Só muda o endereço. Acontece aqui no Flamengo, mas mais aqui por trabalharmos no clube de maior torcida do Brasil e quem sabe do mundo. Tudo que a gente faz é alinhado com a comissão técnica. Tenho certeza que os dois serão importantes na caminhada do Brasileiro. Quando perde, perdemos todos. Quando ganha, ganham os atletas - disse o diretor.

Benfica não quer liberar César Martins

Questionado sobre reforços, principalmente para o setor defensivo, o dirigente disse que não foi por falta de tentativa que não chegou mais zagueiro algum para o elenco. A diretoria contratou Juan, titular da defesa, e Antônio Carlos, que veio para o time alternativo que seria usado no Carioca, mas não entrou em campo. Rodrigo Caetano afirmou que quando chegaram a um nome não houve condições financeiras de contratar - o GloboEsporte.com noticiou que o Nacional, do Uruguai, recusou proposta de cerca de R$ 4 milhões por Diego Polenta - ou, em outros casos, não houve consenso no nome a ser contratado.

  • Nunca deixamos de falar que queríamos um nome para reforçar a zaga, que queríamos ter número maior de opções. Não conseguimos nesse período, seja por questão financeira ou por não chegar a consenso que não executamos (a contratação). Nossa prioridade já era essa desde o início. As reuniões que seguimos fazendo são para avaliar. Não vai ser por conta da eliminação que vamos abandonar (essa ideia) - afirmou Caetano, admitindo que dificilmente César Martins continua no Flamengo. - César tem contrato até o fim de junho. Nas primeiras conversas com o Benfica eles não passaram que estavam dispostos a estender o empréstimo. Assim está até o momento. Qualquer coisa diferente disso é mera especulação.

Se foi menos enfático que o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, que considerou o trabalho de Muricy excelente, em entrevista nesta segunda-feira, o diretor de futebol reforçou a confiança em todo o trabalho do departamento de futebol.

  • Atletas, diretoria e comissão. Todos estão muito tristes com a eliminação, mas fazendo as reflexões que nos permitam fazer um grande Campeonato Brasileiro. O trabalho, segundo nossa avaliação, vem no caminho correto. Tivemos uma reunião para projetar a continuidade na Copa do Brasil e no Brasileiro. Queremos fazer as correções que julgamos serem necessárias para entrarmos fortes no Brasileiro. Não tivemos êxito na final da Primeira Liga e nem no estadual, em ambos ficamos na semifinal. Mas não invalida o maior propósito, que é a reconstrução de equipe e elenco. Por mais que esperássemos resultados, o período ainda é reduzido. Acreditamos muito no trabalho que está sendo feito - defendeu o dirigente.

Confira outros trechos da coletiva de Rodrigo Caetano

Entrada do time em campo sem as crianças e com bandeira fincada no gramado

Pensei que fosse responder mais sobre a eliminação, mas é natural que quando se perde que certas situações tomem uma proporção maior. Todos nós estamos muitos tristes com a eliminação, mas fazendo as reflexões que nos permitam fazer um grande Brasileiro. O trabalho vem no caminho correto. Hoje fizemos reunião para projetar Copa do Brasil e Brasileiro para que possamos nesse período fazer as correções que sejam necessárias. Lamentavelmente não chegamos às finais da Primeira Liga e do Carioca, mas não invalida o que é o nosso maior propósito no ano. Tivemos reconstrução em nível de equipe e comissão técnica. Em relação à entrada, foi conversada entre atletas e outros membros. Foi uma iniciativa que vocês podem ter certeza que foi feita com intenção de agradecimento à torcida. Atletas e nenhum de nós se furtou da aproximação com os torcedores, desde a nossa chegada a Manaus. Tivemos contato muito grande com o torcedor, exceto no aeroporto por questão de segurança. Falaram de falta de respeito com as crianças, mas muito pelo contrário. Os atletas foram receber as crianças, deram carinho. Foi para ter um carinho a mais do torcedor e por eles terem lotado quase que todas as dependências destinadas ao Flamengo. Mas quando não se ganha esses fatos ganham reflexão maior ainda.

Teor da conversa com Juan, Bandeira e Godinho

Dos 30 jogadores que nós temos, eu devo ter falado com uns 12, talvez vocês viram a parte final somente. Essa conversa se faz rotineira com todos, assim como conversamos com os goleiros, que foram os primeiros a chegar. Durante a semana, cheia de treinamentos, você vai poder perceber isso. Vamos tentar nos utilizar desse período em que infelizmente não teremos jogos nos finais de semana para melhorar. Não houve nada de específico no papo com Juan.

Análise sobre protestos no aeroporto e presença da polícia no CT nesta terça

Baseado no acontecido no aeroporto... Ninguém ficou satisfeito, podem ter absoluta certeza que muitas vezes o torcedor não imagina o quanto é sofrido uma eliminação, uma derrota, num momento que vinha crescendo. Há algumas semanas muitas pessoas diziam que o Flamengo vinha jogando um futebol vistoso. O problema é que o trabalho é avaliado em 90 minutos, porque em 90 minutos é que aumenta o número de pessoas para avaliar. Fomos eliminados, e é natural o descontentamento. Não somos contrários a manifestações dos torcedores, mas há hora e local para isso. Aeroporto nunca foi local para manifestação desse sentido, assim como em centro de treinamento. É natural que a diretoria se prepare quanto a isso.

Busca para reforçar a zaga

Também ainda fazendo avaliação que é relevante nessa hora: Nesse ano, nós tivemos, se computado o Fernandinho, 10 contratações. Como ele jogou um jogo só, vou tirá-lo da avaliação. Dois jogadores infelizmente não jogaram porque o planejamento em dezembro era de não jogar o estadual com o time principal. Arthur e Antonio ficaram prejudicados. Sobram sete e cinco deles viraram titulares. Todos foram importantes, reconhecidamente por vocês. Dito isso, nunca ficou de lado que nós ainda seguiríamos buscando um nome para reforçar a zaga, até para aumentar o número de opções, mas também para qualificar o setor. Tentamos muitos, é difícil, não posso dizer quando e em nomes, mas vamos continuar tentando aumentar o número de opções. A princípio a manutenção do elenco faz parte desse novo planejamento. E não vai ser por causa da eliminação que vamos mudar nosso planejamento.

Estreia no Brasileiro com chance de ocorrer fora do Rio

Em relação ao Brasileiro, está previamente planejado a realização de cinco jogos em Brasília. As demais serão em Volta Redonda, mas a diretoria vem se movimentando para ter maior público com promoções e em relação ao sócio-torcedor para que tenhamos um maior público. O caso do Sport, por ser uma estreia, é um caso à parte. Pode sim se estudar de tratar o Sport como jogo esporádico. Quando solicitamos os cinco jogos, foi para a CBF separar um grupo de jogos. Nosso mando é Volta Redonda. Se houver jogo de volta na Copa do Brasil, será em Volta Redonda.

Situação de César Martins e sondagem do São Paulo por Paulo Victor

Em relação a especulações, não gosto de tratar de individualidades. Quando temos sucesso, o inverso é verdadeiro. Então evitamos falar. César Martins tem contrato conosco até o fim de junho. Em conversas que tivemos com o Benfica, eles não estavam dispostos a estender (o empréstimo) inicialmente. É isso que existe até o momento. Sobre o Paulo Victor, eu posso dizer: nunca chegou uma ligação ou contato.

Houve conversas com Paulo Victor ou Wallace, que vêm sendo criticados?

Não pensamos numa saída desses jogadores, pelo contrário. Meu papel aqui não é demagogia, mas qualquer tipo de avaliação sempre será interna. São atletas que estão no clube há um tempo, jogadores em quem o clube acredita. Os personagem escolhidos nas derrotas se modificam, às vezes não. Só muda o endereço. Acontece aqui no Flamengo, mas mais aqui por trabalharmos no clube de maior torcida do Brasil e quem sabe do mundo. Tudo que a gente faz é alinhado com a comissão técnica. Tenho certeza que os dois serão importantes na caminhada do Brasileiro. Quando perde, perdemos todos. Quando ganha, ganham os atletas.

Houve falta de planejamento para a defesa?

Veio Juan, veio Rodinei, veio Muralha e veio o Chiquinho. Nem sempre você traz jogadores para serem titulares. Muito se falava em trazer mais um goleiro, trouxemos um arqueiro que se destacou muito no ano passado. A verdade é que faltou um nome de convicção para a zaga, e quando chegou esbarrou na questão financeira. Se ficou com mais opções do meio para frente, é porque já tínhamos muitos aqui. Toda semana existe uma consulta por algum jogador nosso, muitas das vezes não são nem titulares. Não podemos instalar o caos. Estamos tristes, voltamos num clima bastante difícil, todos jogadores sentiram muito. No futebol, todos sentiram muito.

O que o clube pode fazer para preservar Wallace? Saída ou empréstimo é solução?

Eu lamento muito que isso ocorra. Sempre que se escolhe um ou dois para cristo, e o jogador sai daqui e acaba sendo reconhecido. Além de grande profissional, é uma grande figura humana. No primeiro gol, ele salvou a bola, mas existe uma predisposição contrária, e ele só vai reverter participando de uma equipe vencedora. Qualquer jogador para sair só se for vantajoso para o clube e o jogador. É um setor que temos uma carência, e todos os clubes do Brasil têm. Por falta de quantidade e qualidade. Vamos tentar qualificar o setor. Não queremos nos desfazer de jogadores desse setor.

Houve cobrança mais forte na reunião?

Tivemos reunião sim hoje, assim como ontem. Flamengo vinha de três vitórias, não existe comparação. Entra no jogo contra um time que tem a vantagem do empate, o que é legítimo por terem feito a melhor campanha, e nós não conseguimos reverter a vantagem. Além da mudança de comissão técnica, tivemos mudanças significativas no elenco. Até essas novas peças se ajustarem demanda algum tempo. Em outras equipes com menor pressão não há.

Muricy confiante

É consenso de que há alguns acertos a serem feitos, mas o trabalho liderado pelo Muricy está no caminho certo. Ele enfatizou hoje que dos inícios de trabalhos que fez é um dos em que mais esteve confiante. Em nível de elenco, trabalho e estrutura. Mas temos que lamber nossas feridas e lembrar das cicatrizes para o Brasileiro. As primeiras rodadas às vezes valem mais que as últimas.

Troca de capitão em pauta?

Conversa interna. Se por ventura Muricy achar que isso tem de ocorrer, ele o fará. As críticas devem ser construtivas. Pessoalmente estou calejado, por isso estou aqui. Da mesma forma que o time não vai ser escalado de fora para dentro, porque aí não necessita estarmos aqui todos os dias. Não necessita conversar o trabalho. A cada semana é uma roda viva. Se tiver que ser feita alguma mudança nesse sentido, ela será feita, e vocês vão ficar sabendo.

Como Wallace está em pauta?

Qualquer dos atletas antes de serem atleta são colocados num pedestal como se não fosse seres humanos. Quem gostaria de viver só com críticas. Vocês têm redes sociais e também não devem gostar quando leem algo pejorativo. Imagine o quanto eles não têm que trabalhar o lado psicológico para reverter isso. Ele vai superar através do trabalho, bom caráter e bom profissional ele é. Sei que ele vai superar, já demonstrou que tem qualidade. Conta com a confiança dos atletas. Ele é mais um. Não dá para colocar peso na hora da derrota ou protagonismo no momento da vitória.

Reunião de hoje foi num tom mais alto?

Os jogadores que certamente eram desejados por outros clubes. Não posso depreciar nosso elenco por eles estarem no Flamengo, porque não tivemos resultados desejados. A cobrança é todo dia. É claro que quando você sai de uma competição, acontece. Quando fomos eliminados na Primeira Liga, aconteceu também. Nosso tom sempre foi o mesmo, estamos no clube de maior torcida do país. Não dá para em determinado momento do ano fazer uma cobrança ou discutir assuntos internos em tons diferentes. É um trabalho que a gente faz semanalmente.

O clube entende que é preciso mudar a postura nos clássicos?

O que tem na verdade é que a gente não conseguiu vencer nosso adversário. Em Brasília, mereceríamos maior sorte. Vencemos o Fluminense esse ano e realmente não tivemos sucesso nesse ano. Respeitamos todos rivais igualmente, procuramos vencê-los e não procuramos polemizar de forma alguma. Não dá para projetar se vai ter encontro ou não na Copa do Brasil, mas no Brasileiro quando tiverem os clássicos vamos nos preparar da melhor maneira possível.

Prejuízos com eliminações

Não houve prejuízo financeiro, deixou-se de ganhar mais. O único fator positivo do fechamento do Maracanã é que muitos jogadores tenham sido obrigatoriamente comercializados. O que contemporiza essas viagens é que o clube arrecadou mais.Vamos aproveitar para treinar muito, em full time na maioria do tempo. Vamos corrigir em campo o que tornará nossa equipe cada vez mais sólida. Jogamos bem alguns jogos, mas precisamos tornar nossa equipe mais constante.