FOLHAPRESS/AB
O atacante Neymar chegou às 16h49 (13h49 de Brasília) desta terça-feira (2) para depor na sede da Audiência Nacional, órgão da Justiça espanhola que investiga suspeita de fraude em sua transferência para o Barcelona, em 2013.
O jogador chegou acompanhado do pai, Neymar da Silva Santos, que também vai prestar depoimento, e de advogados. Vestia calça jeans, camisa branca e blazer preto.
Passou por dezenas de jornalistas que o esperava sem dar declarações. Olhava para a tela do celular durante parte do percurso entre a rua Gênova, onde uma van preta o deixou, e a entrada do tribunal.
Além dos repórteres, um pequeno grupo de fãs esperava pela chegada de Neymar. As irmãs Emanuelle Gonçalves Silva, 14, e, Isabelle Gonçalves Silva, 16, foram ao local tentar ver o jogador brasileiro.
Com cartazes, as jovens, que são torcedores do Real Madrid, desconhecem as denúncias contra o atacante e afirmaram que torcem para que ele troque o Barcelona pelo rival da capital espanhola.
Já o escritor Martín Sagrera, 80, que também estava em frente ao tribunal, se disse desencantado com o futebol: "Há corrupção demais na Espanha: na política, no Judiciário e no futebol também. Temos que dar um basta nisso".
O processo na Audiência Nacional está em fase de instrução. O juiz José de la Mata, da Audiência Nacional, acolheu a queixa da empresa brasileira DIS Esportes e Organização de Eventos, que detinha 40% dos direitos federativos de Neymar quando ele ainda era jogador do Santos.
A empresa se considera prejudicada porque o jogador e o clube teriam, supostamente, ocultado o real valor da transação. Oficialmente, a transferência de Neymar custou 57 milhões de euros, sendo que 17 milhões de euros teriam sido pagos ao Santos. Um contrato firmado entre Neymar, seu pai e os dois clubes em 2011 teria assegurado ao jogador 40 milhões de euros, em troca da garantia da transferência dois anos depois.
A investigação da Audiência Nacional estipulou que o valor real da transferência de Neymar para o Barcelona foi de 83,3 milhões de euros. Na Audiência de Barcelona há outra investigação em andamento sobre os supostos delitos fiscais cometidos durante a transação.
O juiz da Audiência Nacional aceitou a tese da DIS de que o contrato prévio, de 2011, lhe impediu de negociar a transferência de Neymar no mercado e de obter valores ainda mais altos com outros clubes interessados no craque brasileiro.
O magistrado solicitou cópias das propostas feitas ao Santos, entre 2009 e 2013, pelo Chelsea, pelo Real Madrid, pelo Bayern de Munique e pelo Manchester City.
No processo, em que Neymar e os dirigentes do Barcelona depõem na condição de investigados, sob suspeita de estelionato e corrupção privada, o juiz José de la Mata considera que as duas partes "simularam contratos para disfarçar o que na realidade era pagamento por transmissão de direitos federativos".
Nesta segunda-feira (1º), depuseram o atual presidente do Barcelona, Josep Maria Bartomeu, e seu antecessor, Sandro Rosell.
Os dois dirigentes se limitaram a ratificar declarações que já haviam prestados anteriormente. O clube nega qualquer irregularidade nos contratos de transferência.
Os réus podem ser condenados a pagar uma indenização, mas também à prisão. As penas dos dois crimes apontados, corrupção privada e estelionato de contrato simulado, variam de seis meses a quatro anos de detenção. Somadas, podem chegar a oito anos de prisão.