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A derrota por 4 a 2 para o Cruzeiro, nesta quarta-feira, não estava nos planos do Corinthians. Apesar disso, a eliminação na Copa do Brasil pode abrir os olhos do técnico Oswaldo de Oliveira para tentar arrumar o time em sete decisões na busca por um lugar entre os seis melhores colocados do Campeonato Brasileiro – vale vaga na Libertadores de 2017.
Em uma semana de trabalho desde que chegou ao clube, Oswaldo detectou problemas e fez questão de mostrá-los aos jogadores. O elenco precisa de reforços, é evidente, mas eles não poderão mais chegar nesta temporada. Assim, o desafio do técnico é arrumar a equipe com as peças que tem. Principalmente no setor defensivo.
O Mineirão recebeu um jogaço, e o Corinthians teve, sim, seus bons momentos. Controlou o jogo, mostrou alternativas táticas no ataque e dominou boa parte do confronto. Além do aprendizado, há coisas boas para desenvolver no futuro. Agora, é hora de pensar no Brasileiro. Tem jogo domingo, contra o vice-líder Flamengo, no Maracanã.
Em três passos, veja como se deu a eliminação do Corinthians na Copa do Brasil. Depois, uma lista de fatores que Oswaldo terá de corrigir em um time que já cansou de perder jogadores e se reinventar em 2016. Uma hora, a conta chega...
Primeiro ato: ação forçada
O duelo tático entre Oswaldo e Mano Menezes começou cedo. Mano perdeu Rafinha logo aos quatro minutos de jogo, com dores na coxa esquerda. Mal sabia o Corinthians que a entrada de Arrascaeta se transformaria em péssima notícia para o sistema defensivo.
Fora de sintonia, a defesa demorou a se encontrar. Pela direita, Fagner foi quem mais sofreu – justamente por ali, Arrascaeta começou a jogar. O uruguaio, habilidoso e rápido, levou a melhor na disputa com o lateral-direito.
Até que, em um erro duplo de Fagner, saiu o gol: um passe errado, bola com Robinho, lançamento rasteiro perfeito, às costas do lateral, e cruzamento do uruguaio para o gol de Ábila. Camacho e Balbuena também erraram no gol. A defesa vem irregular há meses.
Segundo ato: reação pensada
A ação de Mano gerou uma reação de Oswaldo, que, em entrevista coletiva um dia antes do jogo, disse não diferenciar os sete ou oito nomes do ataque que brigam por cinco vagas entre meio-campo em ataque – todos podem permitir formações diferentes durante a partida.
Assim, Guilherme deixou de ser o "9,5" e virou um 10 autêntico, honrando o número às costas de sua camisa. Oswaldo recuou o meia-atacante e mandou Romero para a área, deslocando Giovanni Augusto para o lado direito. Em poucos minutos, o jogo começou a fluir. Ponto para o técnico. Em cinco dias de trabalho, auxiliado por Fábio Carille, é claro, ele conseguiu ver alternativas para alterar o time sem ter de queimar uma substituição.
A jogada do gol reproduz exatamente a ideia: Romero fazendo o pivô, rolando para Guilherme mais atrás. Centralizado, o meia tem visão ampla do campo e vê Uendel livre na esquerda. Durante o cruzamento, Rodriguinho se infiltra, acha o espaço vazio às costas de Edimar e faz o cabeceio perfeito para as redes.
Terceiro ato: "apagão" inesperado
Entre os 10 e 17 minutos do segundo tempo, o jogo praticamente se decidiu. Depois de terminar o primeiro tempo por cima, o Corinthians voltou sem intensidade, como se o empate já estivesse garantido. Guilherme perdeu um gol no início dessa sequência, após rebote de Rafael. Ressabiado, o Timão se desconcentrou e tomou dois gols.
O primeiro em pênalti de Pedro Henrique e Arrascaeta. Reclamações à parte, um lance imprudente do zagueiro. Ábila guardou seu segundo gol no jogo. O Corinthians, ainda grogue, viu Bruno Rodrigo subir sozinho na área para marcar o terceiro. Com a defesa totalmente desorganizada, Fagner e Rodriguinho foram tentar marcar o zagueiro rival, em vão.
No banco, faltaram opções ao Corinthians. E é aí que uma classificação pode ser vencida ou perdida. Enquanto Mano Menezes lançou Ariel Cabral e deixou o time melhor postado no meio-campo, Oswaldo teve de recorrer aos de sempre: além de Marlone, titular habitual, Rildo e Lucca entraram. O time ficou mais ofensivo, mas perdeu qualidade no passe.
Enquanto o Corinthians rodava, rodava e rodava, o Cruzeiro decidia. Foram 308 passes certos do Timão, contra apenas 158 do rival. Sem precisar trocar tanto a bola, o time celeste apostou em uma jogada muito bem ensaiada para fazer o quarto gol, com Arrascaeta. Rildo diminuiu, mas era tarde demais. A eliminação, no fim, pode dar mais tempo a Oswaldo.
Quais as lições?
Oswaldo tem 180 minutos de trabalho em campo no Corinthians. É pouco, mas suficiente para mostrar potencial. O fato de ter identificado rapidamente os problemas do time é um ponto positivo. Contra o Flamengo, neste domingo, há coisas boas a serem aproveitadas e falhas a serem corrigidas. Uma breve lista a seguir:
– A defesa, ponto forte em temporadas passadas, precisa intensificar os treinos de posicionamento. Principalmente em bolas paradas;
– Camacho é um ótimo passador, mas precisa de ajuda na marcação à frente da defesa. O 4-2-3-1 utilizado em parte do jogo no Mineirão pode ser opção;
– A variação ofensiva com Guilherme é um avanço. Ao lado de Rodriguinho, mais recuado no meio-campo, o camisa 10 pode render tão bem quanto no ataque;
– No Brasileirão, uma solução para a posição de centroavante se faz necessária. Gustavo voltou de lesão, mas vinha mal. Guilherme e Romero preferem outras posições. Oswaldo terá decisões a tomar nos próximos dias para garantir a melhor capacidade de finalização ao time.