\n O ex-presidente do Corinthians Alberto Dualib vê o Chelsea com certa inveja. Enquanto ele fracassou ao tentar se aliar a um milionário russo em 2004, numa das parcerias mais polêmicas da história do futebol, o clube inglês foi comprado por um bilionário russo um ano antes e hoje tem uma equipe recheada de craques, na final do Mundial de Clubes e com uma taça inédita de Liga dos Campeões. Roman Abramovich adquiriu o Chelsea em 2003 e injetou bilhões de dólares para salvar o clube de uma gigantesca dívida e conquistar o mundo. Boris Berezovsky decidiu despejar milhões no Corinthians um ano depois para rechear o time de estrelas.nbsp; Em entrevista aonbsp;Portal da Band, o ex-dirigente deu sua versão por que um negócio deu certo e o outro não. “Nossa oposição criou um clima de guerra contra os investidores e deu no que deu. Na Inglaterra, que é um país bem mais rigoroso, todo mundo respeita o Abramovich.” Apesar dos rumos diferentes, os dois têm origens e problemas semelhantes. Ambos enriqueceram graças às privatizações no governo de Boris Yeltsin, e não podem entrar em seu país de origem sob acusação de desvio de quantidades astronômicas de dinheiro. Para não serem presos, a dupla fugiu para a Inglaterra. O país europeu é o paraíso dos ricaços russos. De acordo com o jornal “The Sunday Times”, de cada três milionários na ilha, dois são russos. O motivo: a Inglaterra dá brechas fiscais que permitem ao estrangeiro pagar impostos apenas sobre o que ganham no país. E também não importa o dinheiro adquirido no passado.nbsp; Desde 2003, Abramovich investe rios de dinheiro no Chelsea. Já foram mais de R$ 2 bilhões em contratações de craques. Berezovsky não teve a mesma sorte no Brasil. Apesar da disposição para abastecer os cofres do Timão, o magnata teve pouco sossego por aqui, mesmo sem nunca ter dado as caras. Desde o início se escondeu atrás do iraniano Kia Joorabichian representante no Brasil de sua empresa, a MSI. No primeiro ano de parceria, o Corinthians teve o investimento de R$ 115 milhões para contratar Tevez, Mascherano, Nilmar, Roger, Carlos Alberto, o técnico argentino Daniel Passarella, entre outros. O timaço perdeu o Paulistão, a Copa do Brasil, mas conquistou o Brasileirão de 2005, aquele da polêmica arbitragem e da remarcação dos jogos. Em 2006 veio a eliminação na Libertadores para o River Plate, a revolta dos torcedores e o questionamento sobre a origem do dinheiro ganhou força. Kia levou Tevez e Mascherano para a Europa e cortou a verba.nbsp; A MSI passou a ser investigada na Operação Perestroika, Kia e Beresovsky foram acusados de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Em 2007, tiveram prisão decretada e Kia foi encontrar com o chefe na Inglaterra. Nunca mais voltou. O episódio culminou na renúncia de Alberto Dualib e o fim de uma parceria que previa ainda a construção de um estádio e um centro de treinamento. Ao recordar desse período turbulento na história alvinegra, Dualib afirma ignora as investigações da Polícia Federal e diz que o dinheiro entrava pelo Banco Central e era fiscalizado pelo COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) de maneira limpa. “Nunca foi feito nada de errado.” Enquanto isso, os ingleses tiveram poucos momentos de turbulência e conquistaram na gestão do russo três títulos do Campeonato Inglês, quatro Copas da Inglaterra, três Supercopas da Inglaterra e uma Liga dos Campeões. Abramovich tem fortuna estimada em 10 bilhões de libras (R$ 34 bi) e é o 68º mais rico de todo o mundo. A única preocupação do Chelsea é ser abandonado pelo dono de uma hora para o outro. Já Berezovsky possui em seu cofre algo em torno de 500 milhões de libras (R$ 1,6 bi) e nunca mais teve contato com o Corinthians. ‘Deveria ter saído após o Mundial’ Longe do comando e de qualquer atividade no Corinthians desde 2007, o ex-dirigente, hoje com 92 anos, vive tranquilamente em uma casa em Itapecerica da Serra, no extremo sul de São Paulo. Apesar de já ter dinheiro e idade para apenas desfrutar da vida, ele trabalha no ramo de construção e tem como principal passatempo assistir futebol na tevê. O Corinthians é sua prioridade. “Tá no sangue”. Mas também não perde um jogo europeu. “Vejo tudo que passa. Adoro ver o Chelsea, o Barcelona, o Real Madrid, o Milan. Só tem jogo bom.” Dualib ainda tem memória de elefante para lembrar dos grandes feitos nos 14 anos de gestão no Alvinegro. Gaba-se todo em dizer que montou o melhor e mais vitorioso time da história do clube – com direito a título mundial em 2000, mas reconhece que deveria ter deixado a presidência antes. “Tinha que ter saído logo depois da conquista do Mundial. o tempo desgasta. Não tem quem aguente.”nbsp; “Fui muito criativo à frente do Corinthians. Fiz três parcerias (Banco Excel, Hicks Muse e MSI). Na época todo mundo questionava, mas hoje todos os clubes têm parceiros. O jogador hoje é retalhado no clubes. Tem sete, oito donos. Vê se o Santos conseguiria pagar o Neymar sozinho hoje?”nbsp; ‘Corinthians 1 x 0 Chelsea’ A atual diretoria do Corinthians é dissidente da gestão de Dualib. Nem por isso o ex-presidente faz críticas. Pelo contrário. Ele fala que não há motivo para questionamento após o título da Libertadores e as construções do estádio e do Centro de Treinamento. Mas faz questão de dizer que ajudou nessa conquista.nbsp; “Fui eu quem conseguiu a liberação desses dois terrenos. Em Itaquera, ia todo dia conversar com o Paulo Maluf, prefeito na época. O local tinha virado um canteiro de obras para construção do metrô. Recuperei, cheguei a limpá-lo para começar a construção do estádio, mas a obra parou por conta dos dutos da Petrobrás.” nbsp;Sem mágoas de Andrés Sanchez e Mario Gobbi, Dualib garante que torcerá para mais uma conquista dessa gestão vitoriosa. “O Corinthians vai ter jogo duro contra o Chelsea. Mas acho que vamos ganhar. É um time que já tem dois anos de entrosamento e um técnico muito competente. 1 a 0 está bom.” \n \n