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Nos próximos dias, a direção do Atlético-MG vai enviar a proposta de construção do estádio do clube para aprovação dos conselheiros. Orçada em R$ 400 milhões, a obra será bancada por empresas parceiras do Galo, que, de acordo com o presidente Daniel Nepomuceno, não entraria com recursos próprios para viabilizar o empreendimento. Em entrevista à Rádio Itatiaia, o dirigente afirmou ter concluído o plano financeiro que irá permitir que o clube tenha o próprio estádio.
- Depois de muito empenho e quase três anos de trabalho, vamos conseguir colocar para o conselho do Atlético esse mês tudo o que nós trabalhamos para ter a nossa arena, sem que o clube coloque nenhum centavo. Conseguimos que essa conta financeira fugisse dos exemplos que temos no nosso país. E ela fecha, então, a ideia é realmente colocar para o conselho, que é quem tem de avaliar e aprovar. O Atlético é um dos últimos clubes que ainda não tem o estádio próprio. Enfrentamos dificuldades de arrecadação e ampliação do (programa de) sócio, e chegou a hora de colocar isso aos conselheiros. Ainda não conversei com o nosso presidente (do conselho), o Rodolfo Groppen. Vou chamá-lo nesta semana para a gente conseguir esse calendário e mostrar os números de como será este primeiro passo para conseguir a nossa casa - disse o dirigente em entrevista à Rádio Itatiaia.
Conforme dito anteriormente, Nepocumeno segue com o discurso que que o empreendimento precisa ser lucrativo. Pelos planos do presidente, o negócio será bancado por empresas que possuem bom relacionamento com o clube. A MRV, uma das patrocinadoras do Galo, cederia o terreno para a construção do estádio. O Banco BMG, de propriedade de Ricardo Guimarães, ex-presidente do Alvinegro, cuidaria das garantias financeiras do projeto. A Multiplan, administradora de um shopping center que pertence ao clube, estaria entre os parcerios. O Atlético-MG também utilizaria o próprio patrimônio para endossar o custo do empreendimento, de acordo com Daniel Nepomuceno.
- Se não fosse esse conjunto de pessoas, o próprio Alexandre Kaili (ex-presidente e hoje prefeito de Belo Horizonte), o próprio Ricardo (Guimarães), seria inviável. O terreno foi cedido ao Atlético para a construção e, através disso, criamos o nosso projeto de estádio para 40 mil pessoas. Diferentemente do que aconteceu na maioria dos estádios do país, a gestão será do Atlético. Esse fundo que foi criado terá a participação da Multiplan, que tem experiência na administração de estacionamentos e condomínios. Com isso, a gente consegue garantir ao conselheiro que o clube não vai perder nenhum ativo, nenhum centavo, nos próximos 30 anos. Quem vai pagar? Quanto que o clube vai lucrar? O Atlético tem muito patrimônio, muita garantia. Fazer um estádio e ir num banco para vender as cadeiras, é fácil. Fazer um estádio sem colocar nenhum centavo do futebol e manter os ativos, nosso clube de lazer, o shopping, e ainda ficar com 40 mil lugares, isso é a coisa mais díficil. E é isso que vou apresentar.
A obra teria duração de quatros anos de execução. Nepomuceno cita o projeto do Palmeiras na construção e gestão da arena do clube, em São Paulo, como exemplo. Durante a entrevista, o presidente do Atlético-MG também alfinetou a direção do América-MG, proprietário do Independência, estádio adotado pelo Galo como casa, que barrou a construção de uma arquibancada móvel que iria ampliar a capacidade de público do campo do Horto.
- A conta vai fechar. Não vamos colocar nenhum tijolo, sem que o dinheiro esteja depositado nesse fundo de investimento. O exemplo do Palmeiras é bom. Não seremos sócios da empresa que vai realizar os eventos. A empresa vai comprar as nossas datas, vai prevalecer o futebol. Na história do Atlético, temos que lembrar do que era antes do Independência. Ter casa é isso. A diferença é que o Independência a gente não consegue ampliar. Veja a dificuldade que está sendo fazer uma nova arquibancada. Não dou conta mais dessa burocracia de ficar negociando jogo a jogo. A gente tem que ter a nossa casa, ser o dono, pois a gente sabe fazer. Temos, há 40 anos, a torcida que mais apoia o time, e tem que valorizar. E o mais importante: o Atlético-MG não perderá dinheiro com isso.