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A inquietação tomou conta da cabeça de Pedro Geromel. Após sua participação na Copa do Mundo, o zagueiro do Grêmio voltou com os pensamentos em ebulição. E cheio de vontade de compartilhar o aprendizado em solo russo, especialmente com os jovens do clube gaúcho.
São pequenos detalhes que Geromel até já tinha conhecimento, já sabia. Mas a participação no grupo da Copa fez o zagueiro estar motivado e empolgado a compartilhar as experiências com os companheiros de vestiário. Mas muito mais com os garotos das categorias inferiores.
– Eu estou com uma sensação que nunca tive antes. De passar para frente o que aprendi, tudo o que vivenciei. Estou querendo conversar, falar, pegar os jovens, mostrar tudo o que aprendi, o que fazer, posicionamento, ir para este lado, para aquele. Uma série de coisas que eu já sabia, mas convivendo com os melhores do mundo, se aprende mais ainda. A sensação de querer passar para frente isso tudo que aprendi – comentou o zagueiro após o treino desta segunda-feira.
Geromel ainda não teve tempo para sentar com a diretoria e ver com colocar isso em prática. Pode, por exemplo, palestrar para os jovens, em uma possibilidade futura. Até por estar no Grêmio e poder mostrar nas partidas o que prega, tem maior poder de convencimento. A ideia é dar um senso de profissionalismo maior aos garotos.
– Aprendi mais e mais, estava com a cabeça aberta. Aprendi com o professor Tite, Sylvinho que cuidava da parte defensiva. Detalhes, posicionamento do corpo, onde precisa estar, parte tática, sempre concentrado e focado. Acho que o que posso trazer para o Grêmio, porque estou aqui. Uma coisa que senti é o profissionalismo dos jogadores, está inserido. Chegavam para treinar, todo mundo sabia o que tinha que fazer, para estar 100%, o tipo de trabalho. Todo mundo. Diariamente todos faziam o melhor. Era o que queria passar para transição, sub-15, 17, todos os meninos. Aqui no Brasil a cultura do profissionalismo não está aflorada. O treinador está passando a parte tática, e os jogadores às vezes não prestam atenção, estão conversando. É para levar mais a sério. Vai ter hora para brincar e descontrair – completou o capitão gremista na ausência de Maicon. Confira os trechos da entrevista de Geromel
Experiência na Copa
A experiência vou levar para vida toda, passar por esse momento. Orgulho maior não vai ter, representar nosso país, representar milhões de brasileiros. Fizemos nosso melhor e não conseguimos o resultado que queríamos. Doeu muito, machucou. A sensação lá pós-jogo da Bélgica foi difícil, estava todo mundo desolado. Não conseguimos nosso objetivo. Foi uma coisa que machuca bastante
Futuro do Grêmio
Pela Copa do Mundo, encurtou bastante. Praticamente não teremos meio de semana com folga. Vai ser um jogo atrás do outro. Nos próximos 50 dias, serão 15 jogos. A cada três dias, um jogo. Estamos preparados, temos um grupo forte, coeso, todo mundo remando para o mesmo lado. Coisa que já tinha de outros anos. Estamos focados, vai ser difícil, mas todo mundo vai ter chance. O grupo está qualificado. Vamos sentir a saída do Arthur, vamos sentir falta dele, mas foi bom para o clube, para o Arthur. É compreensível. O Marinho agrega qualidade, acho que o Grêmio se mexeu bem no mercado.
Marinho tem muita qualidade, vai nos ajudar muito. Quando jogava aqui no Brasil era difícil, fez grande campeonato no Vitória. Temos uma boa memória dele. Nos treinamentos pude constatar a qualidade. Está querendo muito. Integrou-se muito bem, parece estar aí há uns 10 anos. Esse convívio é muito importante. Tem questão de registro na CBF. Vamos torcer para ele ajudar a gente o mais rápido possível.
Sentiu falta de alguém do Grêmio na Seleção
O grupo era muito bom, um caráter humano fenomenal. Falei para minha esposa quando voltei, deu dó, porque ficamos 47 dias concentrados, competição, treino com intensidade e não teve atrito entre jogadores. Ficamos fechados no hotel, ganhamos um ou dois dias de folga, fazíamos reuniões, e todo mundo se dava bem. O alto astral predominava. Tínhamos tudo para ser campeão, mas infelizmente não pudemos.
O que mudar para o Catar
Acho que nesta Copa tínhamos todas condições. A comissão era muito preparada, os jogadores coletivamente eram de nível mundial, jogam em grandes clubes, foram campeões recentemente. A gente tinha a condição de ser campeão. Não tenho competência para falar agora o que tem que mudar, calendário, estruturalmente. Não cabe a mim. Acho que estamos no caminho certo.
Palestras para base?
Ainda não tive oportunidade com a direção, a gente vai conversa daqui a pouco falo, para organizar, é possível. Tenho a facilidade também de estar jogando quarta e domingo, daqui a pouco eu vou falar e vão só dizer que esse cara tá falando. Eles vão ver que eu fazendo e tenho a oportunidade de passar para eles. Vou conversar para ver, não sei se é possível, estou com essa vontade, vamos ver como dá para ajudar. A gente conversou, ele (Renato) passou o que tinha acontecido no período que eu estava fora, o que era a ideia dele para os próximos jogos, foi muito produtivo.
O que encontrou no Grêmio
Vi que todos estavam muito cansados, trabalharam muito forte, vamos entrar com tudo para fazer uma boa sequência, temos três ou quatro jogos do Brasileiro antes das outras competições. Queremos o máximo de pontos possível, temos que pensar no próximo jogo, é o mais importante. O Atlético-MG está bem posicionado. Se vencermos nos igualamos nos pontos, encostamos. O objetivo é estar no bolo para dar o sprint final na finaleira.
Sondagens depois da Copa?
Estou novo ainda, tenho muito para jogar, me sentindo muito bem, nunca me senti tão bem fisicamente. Tenho muito o que ajudar ainda o nosso time. Não (teve sondagem), lá a gente estava focado na Seleção e estou focado aqui agora.