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Esportes
26/02/2017 09:23:00
Guga apoia mudança do saibro para piso duro no Rio Open, mas tenistas divergem opiniões

Globo Esporte/LD

A mudança de piso do Rio Open do saibro para a quadra dura é uma possibilidade cada vez mais real. Enquanto a organização do torneio amadurece a ideia e cogita como palco o centro olímpico de tênis, na Barra da Tijuca, os tenistas divergem opiniões. Tricampeão em Roland Garros, Gustavo Kuerten vê na troca a oportunidade de atrair nomes de peso do circuito e lapidar talentos do esporte nacional, que precisam viajar para o exterior para moldarem o seu estilo de jogo, devido à tradição do pais na terra batida. Tenistas brasileiros não se opõem à mudança de superfície, no entanto, top oito Dominic Thiem, afirma que o circuito já tem muitas quadras duras.

  • Se precisar ser em quadra dura para trazer bons jogadores, é algo que precisa ser feito. Temos que lembrar também que há um Parque pronto aqui do lado e isso é muito provocativo. Pode não ser boa a troca para o brasileiro neste momento, mas quem sabe como será daqui 10 anos - avaliou Guga, ex-número um do mundo.

O centro de tênis, no Parque Olímpico, é o lugar mais cotado para receber o Rio Open, caso seja feita a mudança de piso. A estrutura do Jockey Club é provisória e montada a cada edição. Reclamações de sócios do clube também têm ganhado peso. Muitos criticam a movimentação durante os dias de disputa, e outros se preocupam com o estresse gerado nos cavalos, sensíveis ao barulho e à mudança de rotina. Não há nada concreto, porém, a mudança poderá ocorrer em 2019.

Alguns tops do circuito destacam a dificuldade de adaptação como obstáculo. A organização do torneio já teve recusas de atletas, que recusaram o convite alegando não querer jogar no saibro em um período marcado por disputas em quadra rápida. Mas, nem todos os estrangeiros partilham desta opinião. O ucraniano Alexandr Dolgpolov é favorável à permanência da superfície.

  • É bom ter temporadas no saibro (como a sul-americana). Depois de Wimbledon também há uma e aqui temos essa, que existe há muito tempo. Acho que quem quer jogar em quadras rápidas pode escolher ir para a Europa ou os Estados Unidos. Para quem quer jogar no saibro é bom vir jogar aqui e acho que está bom assim - defendeu Dolgopolov.

Soares pede cautela com "alterações radicais" de piso e lugar

Membro do Conselho de Atletas da ATP, Bruno Soares ressaltou a importância de tratar o tema com cuidado. Embora não veja problemas na troca do saibro pela quadra sintética, o parceiro de Jamie Murray frisa que é preciso considerar uma série de fatores, como o próprio crescimento do torneio nos últimos anos. Segundo o mineiro, alterar o piso e o local, do Jockey Club para o Parque Olímpico, são mudanças radicais.

  • O Rio Open vem crescendo a cada ano e, por isso, temos de ter um cuidado. A cada ano que passa, está mais legal, e a turma criou uma identidade bacana com esse clube e com a vista. Pelo lado dos jogadores, o evento está cada vez melhor, estabelecendo uma tradição com dois ou três top 10. Eu acho que o público está se identificando com isso. Precisamos ter muito cuidado com alterações radicais. Mudar de piso é uma delas. Mudar de piso e de lugar é ainda mais radical. O torneio cresce de uma forma orgânica, melhorando a cada ano, sempre com novidades. Há uma ansiedade muito grande para se fazer coisas no Parque Olímpico, mas não temos que nos precipitar. O complexo lá pode comportar um Rio Open até maior - disse Bruno.

O Rio Open tem licença para realizar o ATP 500 no saibro até 2018 e faz parte do circuito sul-americano ao lado de três torneios, em Quito, Buenos Aires e São Paulo. Para o mineiro, o pedido precisa ser feito dentro um contexto. Segundo ele, as disputas, realizadas no saibro, devem dialogar em busca de uma lógica comum.

  • Até 2018, é isso o que a gente tem. Em 2019 acabam-se os contratos e está sendo pensada uma forma de tentar melhorar o calendário e trazer uma coisa mais atrativa aos torneios e, de repente, pode haver uma mudança. O pedido tem que ser feito dentro de um contexto. Não adianta o Rio pedir para mudar sem saber o que Buenos Aires, São Paulo e Quito vão fazer também. Para ter uma lógica, os torneios precisam se organizar para ter um sentido. Não pode mudar tudo para a quadra rápida e acabar com o saibro, a ATP tem que ver se faz sentido mudar - analisou o duplista.

Campeão do Aberto da Austrália e do US Open, na temporada passada, ao lado de Murray, Bruno também vê o Rio Open como vitrine para os tenistas que buscam se firmar no circuito.

  • O que é o jogador de tênis? Temos os grandes nomes, que fazem o showbiz, atraem público e tudo, mas a grande maioria são trabalhadores, caras que vivem daquilo ali. É preciso tomar muito cuidado para não dar mais chance para um e menos para outro, por isso tudo tem que ser bem pensado - ponderou o duplista, semifinalista nas quatro edições no saibro carioca.

Thiem valoriza o saibro no circuito

Garantido na final do Aberto do Rio contra o espanhol Pablo Carreño Busta, o austríaco Dominic Thiem afirma não ter tido dificuldades de adaptação ao saibro, apesar de ter chegado ao Rio de Janeiro às vésperas da estreia, depois de competir na quadra dura de Roterdã.

  • Me sinto muito feliz de estar de volta ao saibro, é muito bom poder neste piso de novo. Além disso, estou passando uma boa semana aqui - comemorou o austríaco.

O top oito do mundo observou que o circuito tem cada vez mais quadras duras e valorizou a superfície de terra de batida no Rio de Janeiro.

  • Acho que para o Rio não muda se é no saibro ou na quadra dura, pois o torneio continua aqui. Só que o circuito esta cada vez com mais quadras duras. Não sei bem o que dizer, gosto de jogar nelas, mas gosto do saibro e acredito que este piso é melhor revelou Thiem.

O austríaco volta à Quadra Central para brigar pelo título com Carreño Busta, neste domingo, às 17h, pelo horário de Brasília. No último sábado, o espanhol sagrou-se campeão nas duplas, ao lado do uruguaio Pablo Cuevas, vencedor na chave de simples em 2016.