Agência Brasil/LD
A pandemia do novo coronavírus (covid-19) interrompeu competições de futebol em todas as partes do mundo, e na América de Sul não foi diferente. As competições de nível internacional administradas pela Confederação de Futebol Sul-Americano (Conmebol), como a Libertadores e a Copa Sul-Americana, seguem sem data para recomeço. Para que elas voltem a ser disputadas, é necessário que os clubes da região estejam aptos para a prática esportiva.
Por exemplo, no dia 16 de março a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) paralisou todos os seus campeonatos. Por enquanto, ainda não há data certa para o retorno dos jogos.
Conforme a Agência Brasil noticiou nesta quarta (27), outro país que está com saudade das partidas é o Uruguai. Os uruguaios preveem a retomada para 15 de agosto, porém ainda dependem da aprovação de um protocolo pelo Ministério da Saúde.
Para conhecer a realidade da Argentina, a Agência Brasil conversou com o repórter Brian Pécora, jornalista esportivo argentino da emissora TyC Sports.
No bate-papo, Pécora prevê que as partidas no país devem voltar a ser disputadas em setembro, sem a presença de público. E sobre os torneios envolvendo os clubes sul-americanos, o jornalista acredita em uma retomada ainda mais distante.
Agência Brasil: Como os clubes argentinos estão agindo durante a pandemia?
Brian Pécora: Os elencos continuam treinando individualmente, com cada jogador em sua casa.
Agência Brasil: Há alguma pressão por parte das equipes para retomada dos jogos?
Pécora: Especula-se que o futebol possa regressar em setembro, mas isso dependerá muito do ritmo de contágio que aumentou nas últimas semanas, sobretudo em Buenos Aires. Os técnicos e jogadores pedem pelo menos um mês de treinos antes de competir. A certeza é que será de portas fechadas, sem público. Quanto ao formato de competição, vai depender do tempo disponível para jogar. Com base nisso, o torneio será organizado.
Agência Brasil: Como os clubes estão sobrevivendo financeiramente?
Pécora: As empresas que têm os direitos de televisão continuam pagando como se houvesse futebol, e os sócios dos clubes continuam pagando suas cotas. Essa contribuição não caiu apesar das dificuldades das pessoas. Mas os clubes sentem falta do pagamento de alguns patrocinadores.
Agência Brasil: Muitos jogadores foram infectados? Há quanto tempo as competições estão paradas?
Pécora: As competições terminaram em meados de março. Tinha terminado a Liga e chegou a ser disputada uma rodada, sem público, da Superliga. Até o momento não há jogadores profissionais infectados na Argentina. Esta semana uma jogadora do Excursionistas [a goleira Stephanie Rea] testou positivo, é o primeiro caso no futebol local.
Agência Brasil: Como a Associação de Futebol da Argentina está agindo durante a crise sanitária?
Pécora: Com muita cautela. Ela enfatiza sempre a importância de respeitar o que os especialistas médicos do Governo indicam, e não vai acelerar o retorno do futebol se não for seguro para jogadores e funcionários.
Agência Brasil: Qual a expectativa das equipes argentinas quanto ao retorno da Libertadores e da Copa Sul-Americana, considerando as diferenças de contágio por conronavírus na América do Sul?
Pécora: Especula-se muito a respeito. A informação que transcende é que dependerá de que voltem as ligas locais.
Agência Brasil: No momento, o número de infectados e mortos no Brasil pelo coronavírus é crescente. Há alguma preocupação por parte dos argentinos de jogar contra brasileiros?
Pécora: Não ouvi referência específica de jogar contra equipes brasileiras. Acho que é algo que parece distante no momento, porque aqui sequer voltaram a treinar.