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Esportes
01/12/2017 12:06:00
Polêmicas e muita desconfiança são marcas dos sorteios de grupos de Copas

Estadão/PCS

Gianni Infantino, presidente da FIFA (Foto: AFP)

Imaginem se o suíço Gianni Infantino aparecesse nesta sexta-feira no palco da Fifa com seu netinho, para que ele realizasse o sorteio da Copa do Mundo. Foi exatamente isso que João Havelange fez em 1978, antes da Copa da Argentina. Levou Ricardinho, seu neto, ao palco. Naquela ocasião, o brasileiro apenas estava repetindo o gesto inaugurado em 1938 por Jules Rimet. No sorteio para aquele Mundial, o então mandachuva do futebol contou com a ajuda do seu neto Yves.

Repleto de histórias, acusações e saias-justas, o sorteio da Copa do Mundo foi sempre permeado por debates. Nos últimos meses, o ex-presidente da Fifa, o suíço Joseph Blatter, sugeriu algumas vezes que sorteios para grandes torneios europeus eram manipulados, com bolas frias colocadas dentro dos potes. Mas garantiu que, enquanto era ele que organizava o evento, jamais ocorreram manobras.

Benny Alon, um ex-executivo que trabalhava para vender ingressos da Copa, também admitiu em 2016 que os eventos mostrados ao mundo como uma surpresa eram, de fato, uma armação. Na última quarta-feira, a Fifa garantiu que não havia qualquer chance de manipulação.

Se o sorteio desta sexta-feira promete ampla cobertura mundial, nem sempre a escolha dos adversários foi considerada prioritária. Em 1930, no primeiro Mundial, foi feita três dias antes do início. Em 1950, no Brasil, a ausência de algumas seleções atrapalhou o evento da formação de chaves. Mas houve quem se beneficiou: o Uruguai ficou no Grupo 4, sozinho com a Bolívia, já que os demais times optaram por não viajar ao Brasil.

Em 1966, na Inglaterra, o sorteio começaria a ganhar ares de um evento de proporções internacionais, com transmissão ao vivo. O de 1974 foi marcado por enorme saia-justa no auge da Guerra Fria: a Alemanha Ocidental enfrentaria a Alemanha Oriental no mesmo grupo.

Sophia Loren, em 1990, contribuiria para aumentar a polêmica. Ela não disfarçava a sua alegria ao sortear para enfrentar a sua Itália os times da Checoslováquia, Estados Unidos e Áustria, em um grupo considerado como fácil para os donos da casa. A acusação no dia seguinte foi de que ela estava com um anel magnetizado e que atrairia as “bolas corretas”.

Em 2006, mais uma polêmica, desta vez na Alemanha, Lothar Mattheus foi acusado de ter sido orientado a procurar as bolas frias que haviam sido colocadas em um congelador antes do evento para garantir um grupo mais fraco para o time da casa.

Em 2014, a transmissão do sorteio realizado na Bahia foi marcada pela censura imposta pela TV do Irã a trechos inteiros do evento. O motivo: o decote generoso do vestido de Fernanda Lima.