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Pressão Tite sentiu ao assumir o Guarany de Garibaldi. É uma das frases mais repetidas pelo atual treinador da Seleção quando o assunto é a necessidade de vitórias para seguir no cargo que tanto sonhou alcançar. Há exatos três anos, no dia 20 de junho de 2016, Tite sentava na cadeira da CBF, na sede da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, para comandar a seleção brasileira.
Próximo adversário do Brasil na Copa América, o Peru foi justamente o algoz da Seleção na última edição do torneio, em 2016 - conhecida como Centenário e realizada nos Estados Unidos. Na ocasião, um gol de mão, validado pela arbitragem, determinou não só a vitória simples dos peruanos, como também a eliminação do Brasil ainda na primeira fase da competição.
O resultado foi a gota d'água para a demissão de Dunga do comando da Amarelinha e abriu caminho para o início da Era Tite. Às vésperas de novo encontro com a seleção peruana, agora é ele que está na berlinda. O treinador campeão brasileiro e mundial pelo Corinthians foi apresentado há exatos três anos.
Ele, no entanto, só estreou em setembro, na vitória por 3 a 0 sobre o Equador, pelas Eliminatórias da Copa da Rússia. A seleção olímpica, campeã na Rio 2016, foi comandada por Rogério Micale.
De lá para cá, o que mudou?
Hoje, aos 58 anos, o treinador já não tem o mesmo respaldo que tinha em 2016, quando assumiu o cargo. Após fazer história no Corinthians, ele era visto como a salvação da seleção brasileira, após os fracassos da Copa do Mundo de 2014 e das Copas Américas de 15 e, principalmente, 16.
Inicialmente, a popularidade de Tite era tamanha que ele até virou candidato à presidência da República em memes. Para os torcedores, o sonho do hexa, após o vexame do 7 a 1, voltava com tudo para 2018. Mas não foi o que aconteceu e as expectativas, agora, estão longe das iniciais. A campanha nas eliminatórias impressionou até os críticos mais céticos.
Mudança de imagem
Tite foi verdadeira estrela de comerciais em 2018. Gravou diversas campanhas publicitárias e confessou, após a Copa, que não gostou de se ver a todo momento em outdoors, nas TVs e nas revistas. Com demanda menor de propaganda e também do evento, Tite desapareceu da mídia nesta Copa América. Chegou a declinar de sondagens que houve para novos comerciais.
Mudanças na comissão técnica
Desde 2016 como auxiliar técnico de Tite, Sylvinho deixou o cargo há um mês, após aceitar proposta para comandar o Lyon, da França. Ele havia sido escolhido também para ficar à frente da seleção olímpica, em 2020. Para seu lugar, já para a Copa América, Tite promoveu a ascensão do filho, Matheus Bacchi, e foi questionado sobre um possível nepotismo pela decisão, logo após o empate sem gols com a Venezuela, na última terça-feira.
- Eu tenho muito orgulho da capacidade que o Matheus tem. Ele está na posição em que tem condições para estar - se limitou a dizer o treinador. Outro que está de saída é Edu Gaspar, braço direito de Tite e coordenador técnico da seleção brasileira. O dirigente irá retornar ao Arsenal, clube que defendeu quando era jogador, como diretor de futebol, após a Copa América.
Fernando Lázaro, também da comissão, vai seguir com Sylvinho para Lyon após a Copa América.
A nova presidência da CBF
Não foi só a comissão técnica que mudou nesses três anos da Era Tite. A presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) também. O técnico foi apresentado ao lado de Marco Polo Del Nero, mandatário da época banido pela Fifa de todas as atividades relacionadas a futebol, em abril de 2018. Na ocasião, chegou a trocar afagos com Del Nero - que lhe deu camisa com o nome da mãe de Tite, dona Ivone. Investigado, Del Nero passou o poder ao Coronel Nunes. Neste ano, Rogério Caboclo assumiu o cargo.
Apesar de contestado, os números de Tite no comando da Amarelinha são bastante satisfatórios: em 38 jogos, o treinador acumula apenas duas derrotas - 1 a 0 para Argentina em amistoso disputado em 2017, e a eliminação, por 2 a 1, para a Bélgica nas quartas de final da Copa do Mundo da Rússia.
38 jogos
30 vitórias
6 empates
2 derrotas
Aproveitamento de 84,2%
Brasil leva vantagem contra Peru, mas únicas derrotas são em Copas Américas
A derrota, que acabou definindo o início de Tite na Seleção, foi a última para o Peru. Em novembro de 2016, houve outro confronto, pelas Eliminatórias da Copa, mas sem sustos dessa vez: vitória da Seleção por 2 a 0.
Ao todo, as seleções se enfrentaram 30 vezes (levando em consideração apenas partidas oficiais), e a brasileira tem ótimo aproveitamento: 74,4% (20 vitórias, sete empates e três derrotas). No entanto, as três únicas vezes que perdeu para a seleção peruana foram justamente em Copas Américas (1953, 1975 e 2016).
Dos 23 jogadores brasileiros que estão na disputa desta edição do torneio, oito são remanescentes da Centenário: o goleiro Alisson (Ederson também foi convocado na época, mas cortado por lesão), os laterais Daniel Alves e Felipe Luís, os zagueiros Marquinhos e Miranda e os meia-campistas Casemiro, Philippe Coutinho e Willian.
Pela seleção peruana, também há jogadores que estiveram em 2016 - caso, inclusive, do atacante Ruidíaz, autor do gol da eliminação. Vale citar que, se tivesse VAR na época, o gol não teria sido validado, uma vez que foi de mão (relembre abaixo). E a história de Tite na Seleção provavelmente teria sido adiada.