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Um ano se passou, e a torcida do São Paulo voltará a gritar o nome de Rogério Ceni no Morumbi. Só que ele não estará em campo, fazendo defesas ou cobrando faltas e pênaltis. Para enxergá-lo, será preciso olhar para onde ele pouco ficou: o banco de reservas.
A diretoria confirmou que Rogério Ceni será o técnico do Tricolor em 2017, em substituição a Ricardo Gomes, demitido no último dia 23. O presidente e o departamento de futebol decidiram apressar o planejamento da próxima temporada a partir do momento em que ficou decidido que Gomes não seria o treinador. Desde sempre, o nome de Ceni foi o mais cotado, o favorito.
– O grande segredo do futebol é administrar pessoas e se relacionar bem com seus jogadores. São eles que podem fazer diferença. Eu quero que eles vejam futebol da maneira como eu via quando jogava, eu quero um time vencedor, que tenha uma mentalidade vencedora. Eu tenho certeza de que eles vão entender isso, já conheço muitos deles e sei da mentalidade vencedora que eles têm – afirmou Rogério Ceni ao site oficial do clube.
A apresentação será feita depois do Campeonato Brasileiro, provavelmente no dia 5 de dezembro, para não interferir no trabalho de Pintado, interino, nas duas rodadas finais.
O contrato de Ceni terá dois anos de duração e multa rescisória atrelada à sua produtividade. Por exemplo, se no segundo ano ele não atingir certo patamar, a multa deixa de existir, e o São Paulo poderia dispensá-lo sem custos, da mesma forma que ele poderia largar o clube sem pagar. Por outro lado, se Ceni atingir ou até superar metas, terá bonificações e aumentos.
Considerado o maior jogador da história do São Paulo, Rogério teve incentivadores dentro do Morumbi para ingressar na nova carreira. Há cerca de três meses, ele conversou com o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva sobre suas ideias de futebol, a experiência que havia adquirido, de que maneira pensava uma equipe. Leco ficou bem impressionado.
– Rogério Ceni sempre foi um protagonista. Nos últimos 12 meses, mostrou ambição em se qualificar para uma nova função no futebol, estudou com os melhores do mundo, e nos convenceu ao apresentar um projeto consistente e contemporâneo de futebol para o São Paulo. É uma figura de enorme importância para o clube que chega com a determinação de ser o melhor novamente, dessa vez como treinador – disse o presidente.
Diante dos maus resultados no Campeonato Brasileiro, tanto com Edgardo Bauza, que deixou o clube rumo à seleção argentina, quanto com Ricardo Gomes, que evitou o rebaixamento, mas não melhorou a equipe na proporção que os dirigentes esperavam, cresceu o movimento pró-Ceni. Depois de muitas ponderações, o São Paulo decidiu apostar em seu ídolo.
No segundo semestre de 2016, Rogério Ceni começou o curso de treinador da Federação Inglesa (FA), mas não teve tempo de concluir. Era um primeiro passo para depois se matricular no da Uefa, o mais conceituado da Europa. O goleiro aproveitou o tempo na Inglaterra para visitar técnicos como o alemão Jürgen Klopp, do Liverpool, e passou uma semana no Sevilla com Jorge Sampaoli, argentino que foi campeão da Copa América de 2015 pela seleção chilena.
Na ocasião, disse à TV oficial do Sevilla que estava se preparando para treinar o São Paulo.
Rogério Ceni defendeu o São Paulo de setembro de 1990 a dezembro de 2015. Disputou 1237 jogos, com 648 vitórias, 275 empates e 314 derrotas. É o goleiro que mais fez gols na história do futebol: foram 131 (69 de pênalti e 62 de falta).
Como técnico, ele vai comandar a pré-temporada, inclusive a etapa no Torneio da Flórida, de 6 a 23 de janeiro do ano que vem. Sua estreia em jogos oficiais será no Campeonato Paulista, ainda sem tabela divulgada.