Geral
07/04/2013 09:27:00
Violência contra jornalistas ataca os princípios do Estado de Direito, diz presidente da Fenaj
Para Schröder, quando se mata um jornalista em razão de sua atividade, o objetivo não é atuar contra a pessoa, mas contra a liberdade de expressão e à publicização do que é de interesse de toda a sociedade.
Agência Brasil/LD
\n \n A\n violência cometida contra jornalistas por causa de sua atividade não é somente\n um atentado contra os direitos humanos de um cidadão, mas representa um\n preocupante ataque aos princípios democráticos do Estado de Direito que, entre\n outras consequências, traz sérios prejuízos à liberdade de expressão e ao\n direito dos cidadãos ao acesso à informação. A avaliação é do presidente da\n Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Celso Schröder.\n \n Embora\n questione dados de organismos internacionais que, para ele, superdimensionam\n esse tipo de violência no Brasil pois consideram ataques a todos os\n profissionais de comunicação, além dos jornalistas - Schröder diz que a\n situação no país é preocupante porque revela o enfrentamento de interesses\n privados ao Estado. "Essa violência ocorre, em geral, poque há segmentos\n que entendem que o exercício do jornalismo atrapalha seus interesses e impedem\n que eles se realizem. O problema é que se isso não for combatido com\n efetividade, a situação deixa de ser um crime espontâneo e passa a representar\n uma ação organizada de enfrentamento ao Estado, disse.\n \n Para\n Schröder, quando se mata um jornalista em razão de sua atividade, o objetivo\n não é atuar contra a pessoa, mas contra a liberdade de expressão e à\n publicização do que é de interesse de toda a sociedade.\n \n O\n presidente da Fenaj destacou que, no Brasil, diferentemente do que ocorre em\n outros países, como o México por exemplo, a cobertura mais perigosa não é a\n policial ou de conflitos, mas a ligada a temas políticos. Essa cobertura é a\n mais perigosa porque há uma dificuldade de relacionamento muito evidente entre\n setores do poder político e econômico e a publicização de seus atos,\n enfatizou.\n \n Para\n ele, o governo e a sociedade civil têm acordado para a problemática e algumas\n respostas estão sendo construídas para aumentar as condições de segurança da\n categoria profissional. Ele citou a proposta de criação do Observatório da\n Violência contra Profissionais da Comunicação, que vai analisar as denúncias de\n violência e monitorar o desdobramento de cada caso, no âmbito da Secretaria de\n Direitos Humanos.\n \n O\n presidente da Fenaj falou também sobre o Projeto de Lei 1.078/2011, em\n tramitação no Congresso Nacional, que transfere à esfera federal a\n responsabilidade de apurar os crimes cometidos contra jornalista no execício da\n atividade, quando as autoridades estaduais não conseguirem esclarecer o caso em\n 90 dias.\n \n Schröder\n defende a instituição de um Protocolo Nacional de Segurança, a ser adotado\n pelas empresas de comunicação. As empresas precisam se comprometer a construir\n uma cultura de segurança. Jornalistas têm que ser treinados para lidar com\n situações de risco, mas não como militares. Devem ter respaldo para buscar a\n notícia sem assumir riscos desnecessários.\n \n A\n professora Valci Zuculoto, do departamento de Jornalismo da Universidade\n Federal de Santa Catarina, acrescentou outro fator que também pode ser\n considerado um tipo de violência contra os jornalistas e compromete a qualidade\n da informação prestada à sociedade.\n \n As\n condições de trabalho da categoria também têm impacto sobre essa questão. Carga\n de trabalho extenuante, salários baixos que levam os profissionais a terem\n três, quatro empregos constituem formas de violência que precisam ser\n combatidas para não prejudicar a prestação do serviço de interesse público, que\n tem que ser baseada na pluralidade e na qualificação da informação, enfatizou.\n \n Levantamento\n divulgado em janeiro deste ano mostra que o Brasil perdeu nove posições no\n ranking mundial de liberdade de imprensa. Elaborado pela organização não\n governamental (ONG) Repórteres sem Fronteiras, o ranking leva em consideração\n elementos que vão desde a violência contra jornalistas até a legislação do\n setor.\n \n Relatório\n da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura\n (Unesco), divulgado no início deste ano, apontou que em 2012 foram assassinados\n 119 jornalistas em todo o mundo, o maior número desde que a instituição iniciou\n os registros, em 1997. O documento destaca que, diferentemente do que se pode\n imaginar, a maioria desses profissionais mortos não estava cobrindo conflitos\n armados, mas histórias dos locais onde vivem, com temas relacionados,\n principalmente, à corrupção e a atividades ilegais, como crime organizado e\n drogas.\n \n \n \n \n