Geral
20/01/2014 07:55:59
42 sobreviventes da boate Kiss ainda lutam para respirar
Kellen Ferreira, de 20 anos, estudante de Terapia Ocupacional na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), está entre os 42 sobreviventes da boate Kiss socorridos em estado grave na madrugada da tragédia.
Veja/LD
\n \n \n \t Kellen \n Ferreira, de 20 anos, estudante de Terapia Ocupacional na Universidade \n Federal de Santa Maria (UFSM), está entre os 42 sobreviventes da boate \n Kiss socorridos em estado grave na madrugada da tragédia. Quase um ano \n depois daquele 27 de janeiro, todos ainda lutam para expelir a fuligem \n acumulada nos pulmões, contaminados pela fumaça tóxica que matou, por \n asfixia, a maior parte das 242 vítimas do incêndio. A voz deles perdeu \n potência, a tosse nunca para e o cansaço chega depois de poucos passos.\n \n \t Alguns \n sobreviventes passam o dia com gosto de "borracha queimada" na boca. \n Outros relatam sentir, quando respiram, o mesmo cheiro da fumaça que \n tomou conta da boate em menos de três minutos - eles tomam medicamento \n para expelir um catarro negro. "É como se eles tivessem fumado por mais \n de cem anos", diz Ana Cervi Prado, médica coordenadora do Centro \n Integrado de Assistência às Vítimas de Acidente (Ciava), um ambulatório \n montado exclusivamente para recuperar os feridos.\n \n \t Kellen \n tenta retomar os movimentos das mãos, além de passar por inalações \n diárias. Ela se tornou um dos símbolos dos sobreviventes. Durante 78 \n dias - 20 deles em coma, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) -, a \n estudante ficou internada em Porto Alegre, com queimaduras de 3.º grau \n em 20% do corpo. A jovem de 20 anos teve parte da perna direita amputada\n e enxertos aplicados nos braços.\n \n \t Quase um\n ano após aquela madrugada de horror, a jovem moradora de Alegrete \n voltou às aulas, está novamente morando sozinha e parece pouco se \n importar com as cicatrizes. "Estou melhorando, até em boate eu já fui de\n novo, acredita? Só que agora eu fico bem perto da porta de saída", \n conta. \n \n \t De \n muletas e tosse constante, Kellen tenta seguir com bom humor uma rotina \n de exames, fisioterapia e atendimento psicológico no Ciava, onde 28 \n profissionais prestam atendimento. Das 145 pessoas hospitalizadas após o\n incêndio, 71 passaram pelo centro, das quais 29 tiveram alta. A fumaça \n liberada pela espuma sintética, que deixou as sequelas nos \n sobreviventes, é de uso proibido pela legislação do Rio Grande do Sul e \n tinha gás cianídrico, altamente tóxico. Foi um gás mortal, segundo a \n polícia.\n \n \t Amizades e nova vida\n \n \t É na \n sala de espera do ambulatório, no Hospital Universitário da UFSM, que \n muitos sobreviventes se tornaram amigos e confidentes. É ali que os \n jovens com idade média de 23 anos encontram sintonia e compreensão para \n desabafos de uma vida que não para de oscilar entre momentos de alegria,\n pela nova chance de viver, e a angústia gerada por uma rotina pouco \n comum entre universitários.\n \n \n \n \t No \n Ciava, Kellen, por exemplo, conheceu Bárbara Feledeto, de 24 anos, que \n no dia da tragédia completava 1 mês de fim de namoro. Depois, nos 40 \n dias que ficou internada entre a vida e a morte em Porto Alegre, o \n ex-namorado se tornou a pessoa mais presente. Em julho, reataram. Agora,\n casada, está grávida de 4 meses e ainda trata de uma lesão pulmonar \n grave.\n \n \t "Os \n primeiros seis meses de recuperação foram muito difíceis. Mas é incrível\n como a gravidez colocou novo rumo na minha vida e trouxe uma esperança \n de tudo novo", diz Bárbara.\n \n