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Geral
13/08/2013 09:00:00
Aos 94 anos, morre brigadeiro Rui Moreira Lima
Ele estava internado no Hospital da Aeronáutica havia 47 dias.

Agência Estado/AB

Foto: Reprodução
\n \n Veterano da Segunda Guerra Mundial, considerado herói da Força\n Aérea Brasileira, símbolo de resistência nas Forças Armadas durante a ditadura\n militar, o major-brigadeiro do ar Rui Moreira Lima morreu na madrugada desta\n terça-feira, aos 94 anos, em consequência de um derrame. Ele estava internado\n no Hospital da Aeronáutica havia 47 dias. \n \n O corpo foi enterrado nesta terça no cemitério São João Batista,\n no Rio. O velório foi no auditório do Instituto Histórico - Cultural da\n Aeronáutica (Incaer), cercado de admiradores de várias gerações. A FAB soltou\n nota que coloca Moreira Lima na condição de "mito grandioso, magnânimo,\n extraordinário", um "guerreiro da nação" que será lembrado\n "indefinidamente".\n \n Moreira Lima conservou a lucidez e a boa memória até o fim da vida.\n Relatava fatos ocorridos há 60 anos com precisão. Em outubro do ano passado,\n deu depoimento à Comissão Nacional da Verdade. O relato foi o primeiro do grupo\n dedicado a ouvir militares perseguidos por seu posicionamento contra a ditadura\n e violações de direitos humanos sofridos. \n \n Na ocasião, ele disse que os que tomaram o poder no País\n representavam uma minoria dentro das Forças Armadas. "Vários colegas foram\n presos, acusados de serem comunistas. Eu sempre fui um homem de pensamento\n livre", afirmou. \n \n Ele nasceu a 12 de junho de 1919 na pequena cidade de Colinas, no\n Maranhão. Entrou nas Forças Armadas aos 20 anos. Ingressou na FAB assim que a\n instituição foi criada, em 1941. Foi piloto de combate da esquadrilha verde no\n 1º Grupo de Aviação de Caça. Esteve em 94 missões na Itália entre novembro de\n 1944 e maio de 1945. \n \n Na volta ao Brasil, tornou-se comandante da Base Aérea de Santa\n Cruz. Legalista, negou apoio ao golpe militar em 64 e foi retirado do posto.\n Acabou cassado e proibido de voar por 17 anos. Foi preso três vezes e\n aposentado compulsoriamente. A família também seria perseguida. \n \n Em 1970, foi sequestrado pelo regime. Chegando à prisão, encontrou\n o filho, Pedro Luiz Moreira Lima, hoje guardião da memória do pai. Ele também\n havia sido levado pelos militares. "Quando eu precisava fazer\n necessidades, era vigiado por um soldado o tempo todo, apontando uma\n metralhadora", relembrou o brigadeiro. \n \n Em 1979, Moreira Lima fundou a Associação Democrática e\n Nacionalista dos Militares (Adnam), que briga pelos direitos de militares\n cassados durante a ditadura e pede a revisão da anistia para os que cometeram\n crimes. "No mundo inteiro, ninguém atura a covardia do torturador. É um\n bandido, um desgraçado, um covarde", declarou numa entrevista. "A\n verdade tem que ser dita. Ela é feito a rolha, você pode botar ela no fundo do\n tanque, mas ela salta." \n \n O brigadeiro escreveu o livro "Senta a Pua!", no qual\n contou bastidores das operações na Itália. Modesto, ele não costumava se\n colocar como protagonista das histórias que narrava, e sim como integrante de\n um grupo. "Nem deveria, mas sou tido na FAB como um sujeito fora de\n série". \n \n \n \n \n