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Com um crescimento de 17,2% no número de animais abatidos no primeiro semestre deste ano em relação a igual período de 2023, o Mato Grosso do Sul registrou um recorde e levou um total de 2,06 milhões de cabeças de bovinos para os frigoríficos. Com a intensificação dos abates, para atender também o aquecido mercado externo, a pecuária local já enxerga com outros olhos estes últimos 5 meses do ano, com um esperado aumento de consumo interno devido às festividades e a desaceleração no abates de fêmeas, o que pode alterar totalmente o ciclo da pecuária para o próximo ano.
Como adiantado aqui pela coluna Lado Rural, baseado em análises do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), com a redução da oferta de animais a pasto e a espera da entrada dos animais confinados, associado ao bom volume das exportações, a arroba do boi gordo deveria alcançar a casa dos R$ 230,00, ou algo próximo, logo na primeira quinzena de agosto.
E é o que está acontecendo. Segundo a Scot Consultoria, nesta quinta-feira, a arroba do boi gordo para 30 dias em Três Lagoas e Campo Grande atingiu R$ 225,00 e, na praça de Dourados, a arroba foi negociada a R$ 228,00, mesmo preço praticado em São Paulo. No início de julho a arroba em MS era negociada próximo aos R$ 213,00.
O"boi-China" em Mato Grosso do Sul já é negociado a R$ 232,00 (no bruto), só perdendo para São Paulo (R$ 235,00) e Paraná – que negociou a R$ 237,00 a arroba.
Mercado segue firme pelo País
O mercado de animais para abate segue firme na maior parte do País. Em geral, frigoríficos consultados pelo Cepea que buscam completar escalas e/ou atuam prioritariamente no spot têm encontrado certa dificuldade para novas aquisições, sobretudo nos valores menores do intervalo vigente.
Segundo os pesquisadores, em nota publicada no portal da instituição, no mercado paulista, observa-se um recuo maior da indústria em comparação às demais regiões, na tentativa de evitar novos ajustes do preço da arroba.
Vale ressaltar que a abertura pontual de preços maiores também possibilita à indústria preencher novas escalas e, num momento seguinte, evitar compra de volumes maiores, o que alivia a pressão de demanda. Pesquisadores do Cepea ainda indicam que, outro fator que neste momento diminui a necessidade de aumento de preços por parte da indústria é a queda brusca de temperatura nos próximos dias, o que pode fazer com que pecuaristas busquem vender mais rapidamente os animais prontos.
Abate de fêmeas segue alto, mas deve cair
Segundo a análise "Visão Agro 2024-2025", divulgada nesta sexta-feira, 9, pelo Itaú BBA, apesar de o ano estar sendo de fortes abates no Brasil, começamos a observar uma redução da intensidade dos descartes de fêmeas. Ainda assim, o principal direcionador da virada de ciclo, o preço do bezerro, ainda segue desvalorizado. É possível que comecemos a observar a reação do mercado de cria em 2025, dado que 2024 foi o terceiro ano de aumento dos abates de fêmeas, de modo que, com a produção de crias contraindo, os preços deverão começar o processo de recuperação.
Mato Grosso do Sul registrou um total de 2,06 milhões de animais para abate, o que foi 17,2% maior que o número de igual período de 2023. Do número de animais produzidos para abate 1 milhão foram vacas, o que representou aumento de 8,9% em relação aos 925 mil no semestre de 2023. E respondeu por 48,9% dos animais abatidos nos seis meses de 2024.
Os anos de 2024 e 2025 guardam relação com 2014 e 2015 e 2019 e 2020, que foram anos de início da retenção e retenção ganhando força. Nos dois biênios, o bezerro subiu 41% e 56% em termos reais, somando os dois anos. Todavia, em 2024 até julho, o bezerro caiu 14%. Além disso, vale constatar que, em ciclos anteriores, antes da explosão do preço do bezerro, houve um período de preços razoavelmente de lado. Historicamente, o boi gordo acompanha o movimento do bezerro, de modo que o animal terminado não deverá ficar para trás na medida em que a correção do bezerro iniciar.