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18/08/2023 07:41:00
Audiência pública discute instalação de indústria de celulose de US$ 3 bilhões da Arauco em MS
A audiência, no formado presencial e virtual, será realizada a partir das 19h, no ginásio municipal de esportes Otávio Pimenta de Freitas, em Inocência, no leste de MS.

G1MS/LD

Audiência pública nesta quinta-feira (17) discute a instalação de uma indústria de celulose da multinacional chilena Arauco, em Inocência, no leste de Mato Grosso do Sul.

A audiência, no formado presencial e virtual, será realizada a partir das 19h, no ginásio municipal de esportes Otávio Pimenta de Freitas. A iniciativa é do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul).

Durante o evento, a Arauco vai apresentar a população o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do projeto de construção da fábrica de celulose no município. Além de detalhes do empreendimento, serão indicados os impactos positivos e negativos, as medidas mitigatórias, compensatórias e os programas ambientais propostos.

A audiência pública é uma das condicionantes do processo de licenciamento ambiental do projeto, denominado Sucuriú.

O diretor de Desenvolvimento e Novos Negócios da empresa, Mário José de Souza Neto, disse ao g1 em 2022, que desde 2009 a empresa estudava investir em celulose no país, mas somente no ano passado houve a tomada de decisão sobre o projeto. A unidade será a primeira de produção de celulose da companhia no Brasil.

Diretor de Desenvolvimento e Novos Negócios da empresa, Mário José de Souza Neto — Foto: Arauco/Divulgação Diretor de Desenvolvimento e Novos Negócios da empresa, Mário José de Souza Neto — Foto: Arauco/Divulgação

Mário Neto explicou que vários aspectos foram considerados na tomada de decisão do investimento em Mato Grosso do Sul. Entre os quais: já contar com uma área cultivada no estado e o próprio clima local, sendo muito favorável ao cultivo de eucalipto, resultado em um índice de produtividade que é um dos maiores do país.

“Outro ponto que nos chamou a atenção foi que vimos que o Mato Grosso do Sul tem uma política de incentivo muito clara ao desenvolvimento florestal e da celulose. Ela fomenta o setor, tanto que o estado é hoje o principal exportador de celulose do Brasil”. Outro quesito importante, conforme Mário Neto, foi a logística para o escoamento da produção. “Temos várias opções para chegar ao porto de Santos e tem ainda o porto de Paranaguá como opção. Estamos ainda na fase de estudo, de planejamento da logística. Isso vai nos permitir definir qual a melhor rota. Uma das fortes candidatas é a Ferronorte, mas existem outras rotas. Por exemplo, o escoamento por hidrovia até Pederneiras (SP). Existe ainda a Malha Sul, que podemos usar para escoar por Paranaguá”, revela.

O diretor diz que a cultura da empresa é de executar seus projetos a partir de um planejamento detalhado. “O time de projetos nos possibilita que invistamos muito tempo no planejamento, no fazer as coisas de forma muito bem pensada e, obviamente, com toda a integração com a comunidade, que é algo que nos preocupa, justamente pelo impacto de um empreendimento desse porte”.

A Arauco prevê investir US$ 3 bilhões (R$ 14,4 bilhões na cotação desta quinta-feira, 17 de agosto) na construção da fábrica. A planta terá capacidade para produzir 2,5 milhões de toneladas de celulose e cogerar 400 MW de energia a partir de subprodutos, com o licor negro. Metade dessa energia, 200 MW, será consumida pela indústria e o restante, 200 MW serão disponibilizadas no grid.

Na audiência desta quinta a empresa já apresenta a perspectiva de uma segunda linha de produção, duplicando investimento e capacidade de produção.

A estimativa é que no pico da obra, o empreendimento empregue até 12 mil trabalhadores. Quando a planta começar a operar deverão ser 2.350 empregos, sendo 500 na indústria e 1.850 na área florestal.

Mário Neto revela que seguindo uma das principais diretrizes da empresa, a sustentabilidade, a nova planta terá um balanço positivo de carbono, ou seja, considerando toda a operação das áreas florestal e industrial, a captura de CO2 será maior que as emissões.

“Vai capturar mais carbono na florestal, vai gerar energia limpa e vai ter um balanço positivo. A Arauco preza por deixar um legado positivo para as futuras gerações. Nós somos a primeira companhia a ter o certificado de Carbono Neutro no setor florestal”, ressaltou. A previsão da empresa é iniciar a construção em janeiro de 2025 e inaugurar a planta em março de 2028.

Ao mesmo tempo, em que trata do planejamento e da viabilização do empreendimento, a empresa trabalha com o estado e o município para preparar a cidade para receber uma indústria deste porte.

“Estamos fazendo um trabalho forte com o prefeito justamente para apoiar o município a elaborar seu plano diretor. Esse documento define as regras de uso do solo, dos terrenos e projeta para onde o município deve crescer, considerando a localização do site do empreendimento”, explica.

Em outra frente, o diretor da Arauco, diz que serão capacitados os empreendedores e a população da cidade, de modo que eles participem e se beneficiem da grande demanda por produtos e serviços que vai ser gerada.

Da produção da futura planta, o diretor estima que 5% deve ser destinado para abastecer o mercado interno e 95% a exportação, seguindo estratégia semelhante das outras indústrias do estado.

Inocência tem 8,4 mil habitantes, segundo o Censo 2022, é o 58º município em população do estado, de acordo com o IBGE, mas o prefeito da cidade, Antonio Ângelo Garcia dos Santos, o Toninho da Cofapi, projeta que quando a fábrica estiver em operação esse número vai mais que dobrar, chegando a 18 mil ou 20 mil pessoas.

Para receber a planta, o prefeito diz que vai elaborar um projeto de desenvolvimento sustentável. O objetivo é evitar problemas que cidades que estão vivenciando processos semelhantes estão enfrentando.

Vale da Celulose A Arauco é a segunda maior produtora mundial de celulose e será o terceiro grupo empresarial do setor a se instalar em Mato Grosso do Sul. O estado também já conta com plantas da Suzano e da Eldorado, em Três Lagoas. A Suzano também está construído uma nova unidade em Ribas do Rio Pardo.

A formação desse cluster, que reúne algumas das maiores e mais eficientes empresas de celulose do mundo, está mudando a base econômica de Mato Grosso do Sul.

Com essa expansão, o estado mantém sua vocação para o agro, explorando a silvicultura (plantio de florestas para abastecer essas indústrias), mas agrega valor. As fábricas transformam a matéria-prima em um dos mais importantes insumos para a fabricação de diversos produtos.

O processo que já batiza extraoficialmente Mato Grosso do Sul como “estado da celulose” e a região leste do estado, onde estão localizadas as indústrias já em operação e os projetos em execução, de “Vale da Celulose”, em referência do polo de tecnologia “Vale do Silício”, na Califórnia, Estados Unidos, vem ocorrendo de maneira sustentável.

Com esse cluster, o estado atualmente é o segundo maior produtor brasileiro, fica atrás somente da Bahia, mas lidera as exportações nacionais. Nos próximos seis anos o cenário vai mudar e Mato Grosso do Sul, com a entrada em operação dos novos projetos, será catapultado a liderança isolada na produção de celulose no Brasil e consolidado como um dos maiores fabricantes mundiais.

Mário Neto explicou que vários aspectos foram considerados na tomada de decisão do investimento em Mato Grosso do Sul. Entre os quais: já contar com uma área cultivada no estado e o próprio clima local, sendo muito favorável ao cultivo de eucalipto, resultado em um índice de produtividade que é um dos maiores do país.

“Outro ponto que nos chamou a atenção foi que vimos que o Mato Grosso do Sul tem uma política de incentivo muito clara ao desenvolvimento florestal e da celulose. Ela fomenta o setor, tanto que o estado é hoje o principal exportador de celulose do Brasil”. Outro quesito importante, conforme Mário Neto, foi a logística para o escoamento da produção. “Temos várias opções para chegar ao porto de Santos e tem ainda o porto de Paranaguá como opção. Estamos ainda na fase de estudo, de planejamento da logística. Isso vai nos permitir definir qual a melhor rota. Uma das fortes candidatas é a Ferronorte, mas existem outras rotas. Por exemplo, o escoamento por hidrovia até Pederneiras (SP). Existe ainda a Malha Sul, que podemos usar para escoar por Paranaguá”, revela.

O diretor diz que a cultura da empresa é de executar seus projetos a partir de um planejamento detalhado. “O time de projetos nos possibilita que invistamos muito tempo no planejamento, no fazer as coisas de forma muito bem pensada e, obviamente, com toda a integração com a comunidade, que é algo que nos preocupa, justamente pelo impacto de um empreendimento desse porte”.

A Arauco prevê investir US$ 3 bilhões (R$ 14,4 bilhões na cotação desta quinta-feira, 17 de agosto) na construção da fábrica. A planta terá capacidade para produzir 2,5 milhões de toneladas de celulose e cogerar 400 MW de energia a partir de subprodutos, com o licor negro. Metade dessa energia, 200 MW, será consumida pela indústria e o restante, 200 MW serão disponibilizadas no grid.

Na audiência desta quinta a empresa já apresenta a perspectiva de uma segunda linha de produção, duplicando investimento e capacidade de produção.

A estimativa é que no pico da obra, o empreendimento empregue até 12 mil trabalhadores. Quando a planta começar a operar deverão ser 2.350 empregos, sendo 500 na indústria e 1.850 na área florestal.

Mário Neto revela que seguindo uma das principais diretrizes da empresa, a sustentabilidade, a nova planta terá um balanço positivo de carbono, ou seja, considerando toda a operação das áreas florestal e industrial, a captura de CO2 será maior que as emissões.

“Vai capturar mais carbono na florestal, vai gerar energia limpa e vai ter um balanço positivo. A Arauco preza por deixar um legado positivo para as futuras gerações. Nós somos a primeira companhia a ter o certificado de Carbono Neutro no setor florestal”, ressaltou.

A previsão da empresa é iniciar a construção em janeiro de 2025 e inaugurar a planta em março de 2028.

Ao mesmo tempo, em que trata do planejamento e da viabilização do empreendimento, a empresa trabalha com o estado e o município para preparar a cidade para receber uma indústria deste porte.

“Estamos fazendo um trabalho forte com o prefeito justamente para apoiar o município a elaborar seu plano diretor. Esse documento define as regras de uso do solo, dos terrenos e projeta para onde o município deve crescer, considerando a localização do site do empreendimento”, explica.

Em outra frente, o diretor da Arauco, diz que serão capacitados os empreendedores e a população da cidade, de modo que eles participem e se beneficiem da grande demanda por produtos e serviços que vai ser gerada.

Da produção da futura planta, o diretor estima que 5% deve ser destinado para abastecer o mercado interno e 95% a exportação, seguindo estratégia semelhante das outras indústrias do estado.

Inocência tem 8,4 mil habitantes, segundo o Censo 2022, é o 58º município em população do estado, de acordo com o IBGE, mas o prefeito da cidade, Antonio Ângelo Garcia dos Santos, o Toninho da Cofapi, projeta que quando a fábrica estiver em operação esse número vai mais que dobrar, chegando a 18 mil ou 20 mil pessoas.

Para receber a planta, o prefeito diz que vai elaborar um projeto de desenvolvimento sustentável. O objetivo é evitar problemas que cidades que estão vivenciando processos semelhantes estão enfrentando.

Vale da Celulose A Arauco é a segunda maior produtora mundial de celulose e será o terceiro grupo empresarial do setor a se instalar em Mato Grosso do Sul. O estado também já conta com plantas da Suzano e da Eldorado, em Três Lagoas. A Suzano também está construído uma nova unidade em Ribas do Rio Pardo.

A formação desse cluster, que reúne algumas das maiores e mais eficientes empresas de celulose do mundo, está mudando a base econômica de Mato Grosso do Sul.

Com essa expansão, o estado mantém sua vocação para o agro, explorando a silvicultura (plantio de florestas para abastecer essas indústrias), mas agrega valor. As fábricas transformam a matéria-prima em um dos mais importantes insumos para a fabricação de diversos produtos.

O processo que já batiza extraoficialmente Mato Grosso do Sul como “estado da celulose” e a região leste do estado, onde estão localizadas as indústrias já em operação e os projetos em execução, de “Vale da Celulose”, em referência do polo de tecnologia “Vale do Silício”, na Califórnia, Estados Unidos, vem ocorrendo de maneira sustentável.

Com esse cluster, o estado atualmente é o segundo maior produtor brasileiro, fica atrás somente da Bahia, mas lidera as exportações nacionais. Nos próximos seis anos o cenário vai mudar e Mato Grosso do Sul, com a entrada em operação dos novos projetos, será catapultado a liderança isolada na produção de celulose no Brasil e consolidado como um dos maiores fabricantes mundiais.