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Geral
22/09/2013 10:48:52
Bebês abandonados por adolescentes viciadas em crack preocupa autoridades do Rio
A quantidade de bebês recém-nascidos abandonados por mães dependentes de crack, no estado, preocupa autoridades e especialistas. Somente a 1ª.

Agência Brasil/PCS

\n \n A quantidade de bebês recém-nascidos abandonados por mães\n dependentes de crack, no estado, preocupa autoridades e especialistas. Somente\n a 1ª. Vara da Infância, da Juventude e do Idoso do Rio de Janeiro recebe,\n mensalmente, pelo menos 80 pedidos de audiência para medida protetiva de\n abrigamento a recém-nascidos. “É uma coisa terrível e seríssima” lamentou a\n titular da Vara, Ivone Caetano. “Tenho agendados, no mínimo, três a quatro\n bebês saídos dos hospitais, por dia, na minha Vara. Fora os casos não\n agendados. E o crack contribuiu muito para isso”, disse a juíza. \n \n A chefe-geral do Serviço de Assistência Social do Hospital\n Universitário Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj),\n na zona norte, Dayse Carvalho, contou que a maternidade envia semanalmente para\n a Vara da Infância e da Adolescência da região até três recém-nascidos. Algumas\n mães passam mais de uma vez pelo hospital. \n \n “Desde 2002 temos visto um crescente dessas mães usuárias de\n drogas. Naquela época levávamos um bebê para a Vara a cada três meses ou mais.\n De 2010 para cá, esse número tem variado entre dois e três bebês semanalmente”,\n contou a médica. Dayse Carvalho ressaltou que as mães não abandonam\n efetivamente os bebês mas mostram-se, na maioria das vezes, incapazes de cuidar\n da criança. “Muitas choram quando perdem a guarda”, lamentou ela. \n \n Uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgada na\n quinta-feira (19), aponta que cerca de 10% das mulheres usuárias de crack\n relataram aos entrevistadores estar grávidas e mais da metade já havia\n engravidado ao menos uma vez depois que começaram a usar a droga. \n \n Dayse disse que a nova realidade da maternidade e da pediatria do\n hospital demandou a busca de parcerias. Uma das medidas tomadas foi o trabalho\n “Amar”, de acompanhamento pediátrico dessas crianças, além de uma parceria que\n está sendo costurada com o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de\n Drogas (Nepad), também da Uerj. \n \n A diretora do Nepad, Ivone Ponczek, explicou que a ideia do\n projeto é tentar atrair essas mães para que façam pré-natal e trabalhar o\n vínculo da mãe com o bebê para que as mulheres não desistam da criança. “São,\n em geral, meninas completamente despreparadas para a maternidade que não\n tiveram mães, então a questão do vínculo e da maternidade é muito complicado\n para elas”, explicou a psicanalista. \n \n “Algumas não têm o menor conhecimento do corpo, não sabem o que é\n pulmão, não sabem nem a relação de causa e efeito entre o relacionamento sexual\n e a gravidez”, explicou ela, que defendeu ações socioeducativas e doação de\n preservativos para esse público como medida preventiva de doenças sexualmente\n transmissíveis e gravidez. \n \n O Nepad desenvolve há 28 anos pesquisas e trabalhos terapêuticos\n voltados para dependentes de todos os tipos de droga, com exceção do álcool.\n Entretanto, segundo Ponczec, o crack é a principal droga entre os dependentes\n atendidos no local. \n \n “Estamos muito impactados, pois nunca pensamos que teríamos que\n lidar com bebês, crianças, essa relação da mãe com o bebê. Estamos, inclusive,\n criando um setor com espaço para a amamentação e para brinquedos. Recebemos\n grávidas, mães com bebês, mesmo crianças, com seis, sete anos, já usuárias de\n crack”, lamentou a especialista. \n \n A especialista alertou que a situação é grave e pede atenção e\n esforços por parte das autoridades e da sociedade. “Se não houver intervenção,\n há o risco de uma continuação do quadro, de mais bebês na rua, abandonados,\n reproduzindo a mesma história”, avaliou Ponzcek. \n \n O psiquiatra do Nepad, Paulo Telles, explicou que o crack estimula\n o sexo para a obtenção de drogas, além de ser consumido em grande parte por\n adolescentes e pessoas muito jovens. “Quanto mais drogas se usa, menos\n prevenção se faz durante o sexo. São pessoas que não se cuidam e,\n provavelmente, não vão cuidar de filhos”, lamentou ele. O médico informou que\n no Nepad, que o percentual de mulheres entre os usuários de crack é maior do\n que entre os usuários de outras drogas. \n \n \n \n \n