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Geral
13/03/2013 07:01:22
Beira-Mar é condenado a 80 anos por ordenar mortes de dentro da prisão
A sentença foi lida pelo juiz Murilo André Kieling, do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, no início da madrugada desta quarta-feira.

Terra/PCS

Beira-Mar distribuiu beijos e sorrisos para seus familiares durante o julgamento (Foto: Mauro Pimentel)
\n \n O traficante\n Luiz Fernando da Costa, conhecido como Fernandinho Beira-Mar, foi condenado a\n 80 anos de prisão por duplo homicídio e tentativa de homicídio por ordenar, de\n dentro da cadeia, o assassinato de traficantes rivais em 2002. A sentença foi\n lida pelo juiz Murilo André Kieling, do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de\n Janeiro, no início da madrugada desta quarta-feira. \n \n O réu afirmou\n que vai recorrer da decisão. Fora a condenação desta quarta, as penas contra o\n traficante pelos crimes cometidos no Rio chegavam de 69 anos e seis meses de\n prisão. A marca alcança 120 anos se computadas as decisões de outros Estados. \n \n Beira-Mar já\n está preso há quase 12 anos por outros crimes e revelou, pela primeira vez, que\n enquanto estava em Bangu 1 contava com conivência de agentes penitenciários\n para usar celulares dentro da psisão e usava o advogado como "pombo\n correio" para falar com comparsas. \n \n Considerado um\n dos traficantes mais perigosos do País, Beira-Mar teria ordenado, de dentro do\n presídio de Bangu 1, o assassinato de Antônio Vieira Nunes, o Playboy, e Ednei\n Thomaz Santos. Adailton Cardoso de Lima foi alvejado, mas sobreviveu. \n \n Os crimes\n foram cometidos no interior da favela Beira-Mar, em Duque de Caxias. Segundo a\n denúncia, Beira-Mar determinou os homicídios para vingar a morte de um de seus\n comparsas, conhecido como Bone. \n \n Julgamento foi\n marcado por troca de farpas \n \n Num julgamento\n que durou mais de dez horas, a sessão foi marcada pela troca de farpas entre\n acusação e defesa. Num primeiro movimento, os advogados de Beira-Mar pediram a\n suspensão da audiência porque nenhuma das seis testemunhas - quatro de acusação\n e duas de defesa - compareceu ao tribunal. \n \n Perguntado a\n Beira-Mar se este preferia o silêncio, o traficante resolveu responder as\n perguntas. Negou ser o mandante das execuções. "Tanto que eu mandei\n socorrer o Adailton, que era meu olheiro na comunidade". O traficante\n alegou ter determinado a realização de uma reunião na favela para esclarecer os\n motivos de um racha entre traficantes do local. Na época, Beira-Mar estava em\n Bangu I e dava ordens usando um dos telefones celulares que ficavam à sua\n disposição na penitenciária. \n \n Beira-Mar\n admitiu ter mentido em interrogatório anterior, quando dissera que não tinha\n conhecimento das mortes e que a voz detectada em interceptações telefônicas da\n Polícia Federal não era dele. "Hoje, tenho uma outra visão de mundo, faço\n Teologia à distância e quero pagar o que devo à Justiça. Mas quem ouve essas\n gravações percebe que não ordenei a morte de ninguém", afirmou. \n \n A defesa\n tentou desqualificar as provas apresentadas pelo MP contra Fernandinho\n Beira-Mar. "São provas ilícitas, gravações obtidas sem autorização da\n Justiça. Mas qualquer acusação que envolva o Luiz Fernando tem um peso muito\n forte. Neste caso, a Constituição está sendo violada pela promotoria",\n acusou o advogado Wellington Corrêa. \n \n O promotor\n rebateu. "O acusado e a defesa mostram muita naturalidade diante da perda\n de duas vidas. Parece que matar se tornou uma coisa banal", disse Marcelo\n Muniz. \n \n A denúncia\n contra Beira-Mar foi oferecida em 2002 pelo MP na 4a. Vara Criminal de Caxias.\n No entanto, o processo acabou sendo transferido para a capital depois que\n alguns jurados procuraram o Judiciário e relataram o temor de participar da\n sessão, já que moravam próximos da comunidade Beira-Mar, reduto do traficante.\n \n \n \n \n