Luma Danielle Centurion
Nem parece que estamos vivendo no século XXI. Em nossa redação a sensação é que voltamos à ditadura militar, época em que os jornais eram proibidos de publicar o que desagradava aqueles que estavam no poder, por entenderem que a comunicação tem de servi-los. Ao contrário desse pensamento retrógrado, o jornalismo tem de ser produzido para informar a população.
Essa sensação vem à tona com as tentativas de censurar a liberdade de expressão, como nesta terça-feira (02), quando fomos informados que o deputado estadual, Oswaldo Mochi Junior (PMDB), está tentando, mais uma vez, impedir que o Edição de Notícias publique matérias envolvendo seu nome, em conjunto ou separado de fatos sobre o aterro sanitário de Coxim, o popular lixão.
Desta vez, Junior Mochi recorreu da decisão favorável ao jornal eletrônico em representação eleitoral movida pelo próprio. Em primeira instância o deputado já tinha tentado censurar o Edição de Notícias, assim como pediu a exclusão de uma matéria sobre o lixão e direito de resposta. Todos os pedidos de Mochi foram negados pelo juiz Emerson Cafure.
Inconformada com a decisão a favor do jornal eletrônico, a assessoria jurídica do deputado recorreu da decisão, reforçando os mesmos pedidos. Agora o caso será julgado pelo TRE/MS (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul).
Caso Junior Mochi tenha os pedidos atendidos, o Edição de Notícias ficará amordaçado, ou seja, proibido de citar o seu nome. A jornalista Sheila Forato, editora do jornal eletrônico, disse que está confiante, mais uma vez, na Justiça Eleitoral.
A liberdade de imprensa é um bem conquistado pelo povo brasileiro, um preceito constitucional de proteção à cidadania. Não podemos permitir que seja tolhida no Edição de Notícias por não atender aos caprichos daqueles que veem os jornais como seus serviçais, enfatizou a jornalista.
Entenda o "Caso Lixão"
O deputado estadual Junior Mochi foi condenado numa ação de improbidade administrativa movida pelo MPF (Ministério Público Federal). A Justiça Federal entendeu que a obra do aterro sanitário, mais conhecido como lixão, executada quando o deputado era prefeito, não foi concluída e que a população de Coxim não obteve benefícios decorrentes da adequada disposição final dos resíduos.
Por conta disso, Junior Mochi foi condenado a devolver mais de R$ 1 milhão aos cofres públicos, teve os bens indisponibilizados, foi proibido de contratar com o poder público, assim como teve os direitos políticos suspensos por oito anos. Entretanto, o deputado estadual recorreu da sentença e aguarda decisão do TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região).