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Geral
23/05/2023 14:47:00
Chuva não barra incêndios na Capital, que triplicaram neste ano

Correio do Estado/LD

Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que houve um aumento de 200% nos focos de queimadas em Campo Grande, de janeiro a 22 de maio deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2022, foram quatro focos na Capital, enquanto em 2023 já foram 12 focos, o triplo do registrado anteriormente. Durante todo o ano passado, foram 28 focos de incêndio.

O coordenador da Estação de Monitoramento da Qualidade do Ar (EMQAR), da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Widinei Alves Fernandes, alerta que o aumento dos focos está diretamente ligado à piora da qualidade do ar e, consequentemente, causa prejuízos à saúde das pessoas.

"As queimadas lançam na atmosfera vários poluentes, principalmente partículas muito finas, que podem ser inaladas, também monóxido de carbono, óxido de nitrogênio, então todos esses são poluentes que, quando inalados, podem agravar problemas de saúde ou iniciar outros problemas", comenta o coordenador da EMQAR.

Os efeitos das queimadas podem ser sentidos a grandes distâncias. Ou seja, uma queimada que ocorre em Mato Grosso, no pantanal sul-mato-grossense ou até mesmo na Amazônia pode diminuir a qualidade do ar de outros locais, fenômeno que já foi visto em Campo Grande e outras cidades brasileiras.

Apesar do aumento dos focos de incêndio, a estação de monitoramento da UFMS aponta que a qualidade do ar em Campo Grande, às 18h desta segunda-feira, estava em 13, um índice considerado bom. De 0 a 40, é considerado um bom índice de qualidade do ar; de 40 a 80, moderado; de 81 a 120, ruim; de 121 a 200, muito ruim; e de 201 a 400, um péssimo índice.

O monitoramento visa facilitar a divulgação dos dados de monitoramento da qualidade do ar a curto prazo e leva em consideração diversos poluentes presentes na atmosfera, como ozônio (O3), monóxido de carbono (CO), dióxido de nitrogênio (NO2), dióxido de enxofre (SO2), material particulado (MP10) e material particulado (MP2,5).

CHUVAS

O aumento da ocorrência de chuvas neste ano é um dos fatores que colaboram para uma melhora da qualidade do ar.

Em 2023, conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), choveu 923,6 mm de janeiro a maio, enquanto no mesmo período do ano passado foram 545,6 mm acumulados.

"Como houve chuvas, elas [as queimadas] ainda não impactaram tanto a nossa qualidade do ar, mas ela [a qualidade do ar] tende a piorar nos próximos dias, justamente com o aumento das queimadas e o aumento de dias sem chuva, que acaba tendo o solo mais seco, um acúmulo constante na atmosfera também", alerta o professor.

O meteorologista Vinicius Sperling, do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul (Cemtec-MS), comenta que o Estado ainda não está no período mais seco do ano, o qual, historicamente, ocorre nos meses de junho, julho e agosto, sendo o mês de julho o mais seco do ano. "A chuva excessiva deste ano aumentou muito a biomassa e isso pode ser um fator de risco com a chegada do período mais seco", alerta Sperling.

Além disso, o meteorologista também aponta que os meses mais secos do ano, ou seja, que têm índices muito baixos de umidade relativa do ar e elevadas amplitudes térmicas, são a "combinação perfeita" para o ambiente atmosférico propício para a ocorrência de incêndios florestais.

A previsão do Cemtec-MS para esta semana é de "tempo estável, com sol e variação de nebulosidade, em razão da massa de ar que favorece o tempo seco no Estado".

As diferenças de temperaturas durante o dia seguem acentuadas, e em Campo Grande os termômetros devem marcar de 18°C a 30°C. A umidade relativa deve ficar entre 20% e 40%, o que é considerado baixo.

SAIBA

A Lei de Crimes Ambientais, nº 9.605, de 1998, prevê como crime o ato de causar poluição, de qualquer forma, que coloque em risco a saúde humana, a segurança dos animais ou destrua a flora, mesmo que em local privado.