CE/LD
Rumo a expansão da diversificação agrícola, Mato Grosso do Sul pode ser tornar um novo polo da citricultura. Com investimento privado de R$500 milhões na plantação de laranjas a área cultivada saltará de 2 mil hectares para 10.300 hectares.
O Grupo Cutrale anunciou o investimento de R$ 500 milhões no plantio de 5 mil hectares de laranja. A plantação será realizada na Fazenda Aracoara, propriedade localizada às margens da rodovia BR-060, na divisa de Sidrolândia com Campo Grande.
Segundo o grupo, serão 5 mil hectares irrigados com o plantio de 1,730 milhão de pés de laranja, considerando a média de 346 árvores por hectare. O doutor em Economia Michel Constantino aponta como positiva a notícia.
“Vai gerar novas oportunidades com o aumento de investimentos. Emprego, renda e arrecadação de impostos são os primeiros impactos na economia”, avalia.
Tradicionalmente conhecido por sua produção agrícola concentrada em culturas como soja, milho e cana-de-açúcar, o mestre em economia Lucas Mikael acrescenta que o investimento em laranjas pode trazer uma série de benefícios econômicos.
“A diversificação das culturas reduz a dependência de uma única commodity, o que torna a economia do estado mais resiliente a flutuações de preços e demanda no mercado internacional. Isso proporciona uma maior estabilidade econômica e ajuda a mitigar os riscos associados a choques em setores específicos”, analisa Mikael.
O secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, revela que a previsão é de que, em alguns anos, o plantio da Cutrale alcance 30 mil hectares em um raio de 150 quilômetros, viabilizando uma indústria processadora de laranja em Mato Grosso do Sul.
Inicialmente a laranja viajará para uma fábrica de suco da empresa em São Paulo.
De acordo com Verruck, o governo trabalha nessa estratégia há alguns anos, após observar o crescimento de uma praga em São Paulo.
“Com o greening [doença que afeta laranjais] afetando a citricultura paulista, identificamos essa oportunidade de produzir a laranja em Mato Grosso do Sul. Nosso trabalho começou com um decreto de defesa vegetal para evitar que a doença entrasse em nosso Estado.”
Ainda durante o processo, o governo iniciou contato com investidores de São Paulo.
“A Cutrale já havia iniciado, há dois anos, o plantio de 145 hectares de laranja em Sidrolândia, a fim de verificar o comportamento das variedades. Agora, a previsão é de que lancemos, ainda neste mês de abril, nosso plano de ação para a citricultura. Acredito que as políticas públicas irão colocar Mato Grosso do Sul no mapa da citricultura nacional”, disse Verruck.
Conforme apurou o Correio do Estado, há a expectativa que uma indústria de processamento de cítricos seja anunciada na região de Sidrolândia.
Com apoio do Governo do Estad, o acordo foi firmado oficialmente na sexta-feira (12). O acordo prevê a cooperação técnica, científica e de mobilidade entre as instituições visando o desenvolvimento e execução de programas e projetos e o intercâmbio de informações, dados técnicos, experiências, pesquisas e o estabelecimento de mecanismos para sua realização, que visem o desenvolvimento da Citricultura no Estado, de forma sustentável e economicamente viável.
Verruck ainda disse que há um ano o governo do Estado iniciou as tratativas com ações para atrair os investidores.
“Nossa ideia assim como a captação de indústria, foi a de buscar neste momento a base produtiva da citricultura no MS por entendermos que temos grandes potencialidades”, detalha.
MIGRAÇÃO
Afetados pelo greening, doença que afeta os laranjais, citricultores do estado de São Paulo estão migrando os pomares para Estados livres da praga. No País, atualmente a maior concentração da citricultura estão nos seguintes estados: São Paulo, com 77% da produção nacional; Minas Gerais e Paraná estão na sequência.
Pressionada pelo alastramento da doença causada por uma bactéria transmitida pelo psilídeo, inseto parecido com uma cigarrinha, produtores estão migrando para regiões livres da praga e que possuam condições climáticas para receber as plantações da fruta, visto que ataque da bactéria reduz a produção e, em casos extremos, exige a erradicação dos pomares.
O grupo Junqueira Rodas, produtor de laranja em municípios do interior de São Paulo, também migrou parte da produção para o Mato Grosso do Sul, como conta o secretário executivo de Meio Ambiente, Rogério Beretta.
“O grupo já tem 1,5 mil hectares plantados em Paranaíba, e agora temos a confirmação de um novo plantio na região de Naviraí, mais ao sul do Estado. Esta semana vamos nos reunir com outro grupo paulista que pretende trazer novos cultivos para a região de Bataguassu, na divisa com São Paulo”, relata.
CEO do Grupo Junqueira Rodas, Sarita Junqueira Rodas, confirmou ao Estadão o investimento anunciado pelo governo sul-mato-grossense.
“Estamos migrando nossa citricultura para áreas mais seguras ou até livres do greening, como é o caso de Paranaíba”, disse. Ela conta que o plantio das mudas de laranja já foi iniciado.
30 MIL HECTARES
Laranjais da Cutrale podem alcançar 30 mil hectares em um raio de 150 km em MS.