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Investigado em um processo paralelo por suspeita de ter torturado Sophia Ocampo de forma constante antes da morte da menina, que contava com dois anos, Christian Leithem, padrasto da vítima, afirmou, em depoimento à polícia, que a criança chegou a ficar mais de um dia com a perna fraturada e sem assistência médica.
As declarações foram dadas no âmibito da investigação sobre tortura contra Sophia, crime pelo qual foi denunciado pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul e, de acordo com as informações policiais, Christian afirmou que a menina quebrou a tíbia por descuido de Stephanie de Jesus da Silva, mãe da menina, que teria deixado a criança cair no chão. Ela também é ré pela morte da menina e é investigada por omissão em relação aos maus tratos sofridos pela pequena.
Christian contou que um dia antes de ter sido levada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), do Coronel Antonino, de onde saiu com a perna engessada, Sophia tinha reclamado de dor na região do joelho, onde estava a parte quebrada. Eles estavam em um passeio e a menina não foi atendida no momento do desconforto.
Em todo seu depoimento, Christian enfatiza que não maltratava Sophia, inclusive diz que a menina “o adotou como pai” e “manifestava que queria ficar junto dele”, acrescentando que seu filho de outro casamento também preferia ficar com ele do que com a mãe.
Contrariando a declaração de Christian, Jean Ocampo, pai biológico da menina, afirma que Sophia ficava com medo de voltar para a casa da mãe após passar alguns dias longe do local, na residência do pai, que mora com Igor Andrade, que se considera pai afetivo de Sophia.
No entanto, em escuta especial, o filho de Christian, que tinha quatro anos à época, relatou que o machucado na perna de sua irmã foi causado pelo pai “que chutou ela duas vezes para a rua”.
Por fim, Christian destacou que não sabe como tudo acabou com a morte da menina porque “estava dormindo, e somente acordou com o desespero de Stephanie”.
No entanto, as investigações do processo que tramita em paralelo sobre a morte da menina, apontam que ele estava acordado e recebeu constantes mensagens de Stephanie, quando ela estava com a menina no UPA, onde tinha chegado já sem vida.
Outra parte que contradiz o depoimento de Christian, é o fato de que ele afirmou que estava em casa, onde foi preso. A polícia aponta que no momento da abordagem, na residência do casal havia muitas latinhas e garrafas vazias de cerveja, sendo que algumas pareciam que tinham sido abertas de forma recente.
SENHA DO CELULAR
Após sete meses do início das investigações sobre o óbito de Sophia, Christian resolveu entregar à polícia a senha de proteção do seu celular, que está com a perícia ainda pendente desde que o aparelho foi apreendido. A defesa do acusado afirma que a proteção só foi entregue por ser um momento oportuno.
A Polícia Civil afirmou que não dispõe de tecnologia para romper com as senhas e ter acesso ao celular, o que deixou o processo parado por quatro meses pela falta do relatório de perícia.
Ainda de acordo com a polícia, o aparelho chegou a ser mandado para o Paraná, onde também não há tecnologia para derrubar as senhas. Por conta dos diversos atrasos, o juiz que assumiu o caso, quando ele foi transferido para a 2ª Vara do Tribunal do Júri, determinou que a perícia deveria ser feita pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO).
Ainda não houve retorno sobre a investigação feita no celular, mas, a audiência para ouvir a última testemunha e realizar o interrogatório dos réus foi mantida e será realizada nesta quinta-feira (28).