CE/LD
Segundo os dados do Atlas da Violência de 2024, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no ano de 2022 90 assassinatos não foram registrados em Mato Grosso do Sul. Ao longo de 11 anos, é estimado que 495 homicídios ficaram ocultos no Estado.
Segundo o Ipea, essas pessoas morreram de forma violenta sem que o Estado conseguisse identificar a causa básica do óbito, se decorrente de acidentes, suicídios ou homicídios – as chamadas mortes violentas por causa indeterminada (MVCI).
No período de 11 anos, de 2012 até 2022, este quantitativo de assassinatos ocultos é o maior já registrado por ano, de acordo com os dados informados no Atlas.
O levantamento do instituto que reúne, organiza e disponibiliza informações sobre violência e segurança pública no Brasil, mostra que no Estado do Mato Grosso do Sul foram registrados 550 homicídios no último ano de pesquisa, em 2022.
Referente a casos estimados no Estado, de acordo com o Atlas da Violência, o número de assassinatos em Mato Grosso do Sul é de 640. Ou seja, entre os estimados e os registrados, existem 90 assassinatos fora das estatísticas, sem um registro oficial.
Entre os casos registrados, em um levantamento histórico de 11 anos (de 2012 até 2022), existe uma variação negativa de -19,5% no comparativo entre o primeiro e o último ano de registro, mostrando uma diminuição no número de assassinatos oficializados no Estado.
No caso dos homicídios estimados, em que as causas verdadeiras o Estado não reconheceu, levando em consideração o compartivo entre 2021 e 2022 houve um aumento de 1,7% no período.
O maior aumento ocorreu de 2019 a 2020, quando os casos tiveram uma alta de 147%, passando de 34 homicídios sem registro para 84 no ano seguinte.
A reportagem do Correio do Estado entrou em contato com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), questionando sobre os dados regionais apresentados Atlas da Violência, além de perguntar sobre o que leva o não reconhecimento de casos de homicídios no Estado. Até o fachamento da matéria a Sejusp não respondeu os questionamentos.
CAMPO GRANDE
Dos 90 assassinatos sem registro em Mato Grosso do Sul, apenas oito, de acordo com o Ipea, são localizados em Campo Grande.
No ano de 2020, em Campo Grande, 170 homicídios foram registrados, e 178 estimados, tendo assim, uma taxa de 19,8% de homicídios estimados por 100 mil habitantes.
Ao longo dos 11 anos de levantamento do Atlas da Violência, de 2019 para 2020 o aumento de assassinatos estimados na Capital cresceu 31%, se mantendo até 2022 com uma média de 169 homicídios estimados. Comparando os dados de homicídios de Campo Grande, com as demais capitais brasileiras, a cidade tem a sétima menor taxa de homicídios do País.
Entre 319 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, Campo Grande está na 178º colocação entre as cidades as maiores taxas de homicídios estimados.
NACIONAL
O Atlas da Violência estima que 51.726 homicídios ficaram sem registro no Brasil entre 2012 e 2022.
Entre 2012 e 2022, a maior redução da mortalidade violenta veio do Distrito Federal (-67,4%), seguido por São Paulo (-55,3%) e Goiás (-47,7%). Os maiores aumentos ocorreram no Piauí (47,9%), Amapá (15,4%) e Roraima (14,5%).
Em 2022, a Bahia teve a maior taxa de homicídios por 100 mil habitantes (45,1), seguida de Amazonas (42,5) e Amapá (40,5). As três menores taxas no ano vieram de São Paulo (6,8), Santa Catarina (9,1) e Distrito Federal (40,5).
Saiba
O Atlas da Violência também destaca os homicídios de jovens entre 15 e 29 anos, representando 49,2% do total de assassinatos no país em 2022. De cada 100 jovens entre 15 e 29 anos que morreram no Brasil por qualquer causa, 34 foram mortos.