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O ex-segurança do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) teve R$ 1.096.369,93 bloqueados pelo juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, após admitir que recebeu os valores como vantagem indevida. Ricardo Campos Figueiredo foi expulso da Polícia Militar e condenado a mais de 18 anos de prisão.
A ação é movida pelo MPMS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul) com base no depoimento de Figueiredo, que admitiu ser lotado, à época da Operação Oiketicus, que desarticulou parte da ‘Máfia dos Cigarreiros’, na Casa Militar e também ser o responsável pela segurança pessoal do governador.
Campos disse à Justiça ‘que teria interferido em promoções e em transferências de Policiais Militares envolvidos com o favorecimento ao contrabando, possibilitando, assim, que os mesmos atuassem em posições estratégicas dento da Corporação Policial Militar, bem como em bases operacionais estratégicas para a organização criminosa’.
Apesar de ter admitido que teria recebido mais de R$ 1 milhão em vantagens indevidas, a decisão sobre o bloqueio havia sido postergada para depois da manifestação preliminar. O Ministério pediu, então, reconsideração da decisão, já que a Justiça já reconheceu a culpabilidade de Campos.
O juiz David de Oliveira reconheceu o posicionamento do Ministério e determinou o bloqueio, alegando que ‘o juízo já decidiu pela indisponibilidade de bens em diversos casos logo no início do processo’. “Não vejo, entretanto, problema em fazer a análise do pedido de indisponibilidade agora, pois o autor sustenta um real e iminente perigo de desfazimento do patrimônio”.
Ex-segurança
Para fazer a lavagem deste dinheiro, Ricardo Campos teria usado o nome de um dos filhos e de um amigo na aquisição de bens e na abertura de conta bancária. O ex-sargento tinha proximidade com o “alto escalão do Poder Executivo”, tendo sido da segurança velada do governador Reinaldo Azambuja. O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) diz que Ricardo Campos tinha posição destacada dentro da estrutura da organização criminosa, inclusive influenciando nomeações e transferências de colegas envolvidos no esquema.
Foram registrados depósitos bancários de “somas elevadas” de dinheiro na conta bancária do ex-assessor de segurança do governador por pessoas diretamente ligadas com o contrabando de cigarros. Também foram detectados vários depósitos feitos mensalmente sem identificação do responsável.
Esta movimentação financeira é classificada como “totalmente incompatível”, além de gastos e padrão de vida que “fogem à realidade econômica” de um sargento da PM. O ex-sargento chegou a enganar o promotor para se trancar no banheiro de casa durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão e quebrar dois aparelhos celulares, para eliminar provas. Segundo os membros do MP, perícia no que restou dos celulares apontou que provas que poderiam estar nos aparelhos foram destruídas, já que as placas e processadores foram totalmente danificados.