Correio do Estado/LD
O Mapbiomas divulgou nesta segunda-feira (18) avaliação sobre o desmatamento nos biomas brasileiros.
O estudo identificou que no Pantanal houve aumento de 50,5% nos alertas detectados e efetivamente foi constatado 15,7% de área desmatada.
A análise é na comparação de 2020 com 2021. Mais de 94% desses casos foram em propriedades particulares.
A entidade faz parte de uma iniciativa do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima (SEEG/OC) e envolve uma rede colaborativa formada por ongs, universidades e empresas de tecnologia. Para o Pantanal, a coordenação fica por conta do Instituto SOS Pantanal e a ArcPlan.
Ainda nessa avaliação, a entidade identificou que a concentração de desmatamento no Pantanal ocorreu no mês de agosto, que é caracterizado como período mais seco e quando, historicamente, há mais registros de incêndio.
Outra característica dessa pesquisa é que os números divulgados podem ser subestimados. Essa situação ainda é encontrada no Cerrado, na Caatinga e no Pampa.
“No Cerrado, na Caatinga, no Pampa e no Pantanal o predomínio é de outras formações não florestais. Como a detecção de desmatamento em vegetação nativa não florestal ainda é deficiente, os alertas nestas classes são subestimados. A dinâmica de desmatamento nos biomas também apresentou diferenças de comportamento em 2021”, detalhou o Mapbiomas.
Houve também a confirmação que a grande parte do desmatamento no Pantanal ocorreu em áreas privadas, com 94,1% de situação observada.
O bioma tem sua maior parte inserida em propriedades particulares.
Os alertas foram gerados por:
DETER (Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real do INPE, nos biomas Amazônia e Cerrado),
SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento do Imazon, na Amazônia),
SAD Caatinga (Sistema de Alerta de Desmatamento da Caatinga, desenvolvido pela UEFS e Geodatin),
GLAD (Global Land Analysis and Discovery da Universidade de Maryland, para o Pampa, o Pantanal e a Mata Atlântica),
SIRAD-X (Sistema de indicação por radar de desmatamento na Bacia do Xingu, desenvolvido pelo ISA),
SAD Mata Atlântica (Sistema de Detecção de Alerta de Desmatamento na Mata Atlântica desenvolvido pela SOS Mata Atlântica e ArcPlan),
SAD Pantanal (Sistema de Detecção de Alerta de Desmatamento no Pantanal desenvolvido pela SOS Pantanal e ArcPlan).
Os dados foram utilizados como referência para localizar os focos de desmatamento nas imagens de satélite diárias de alta resolução espacial (3 m).
O ano de 2021 foi o que registrou maior quantidade de alertas, com 295 notificações, contra 196 em 2020 (período de grandes incêndios) e 204 em 2019.
Em termos área, em 2019 fora identificados 12.495 hectares desmatados; em 2020, 24.784; e em 2021, 28.671 hectares.
O sistema SAD Pantanal para monitoramento do desmatamento está na fase beta de testes em 2021 e para este ano, a aplicação dele passa a ser operacional e com maior alcance de acompanhamento.
O Mapbiomas ainda pondera que algumas áreas desmatadas tinham autorização legal para supressão da vegetação, porém esses casos são minoria.
“Mais de 98% dos alertas de desmatamento (95% da área total desmatada) não possuem autorização de supressão de vegetação registrada no SINAFLOR/IBAMA. A autorização é obrigatória para atividade legal no Brasil. Os alertas sobrepostos às propriedades que já possuem alguma área previamente embargada pelo IBAMA correspondem a 5% do total em área”, informou o projeto.
Outra identificação sobre esse monitoramento é que no Pantanal houve uma redução do número de alertas do GLAD porque o sistema confunde queimadas com desmatamento, e as queimadas tiveram uma redução em 2021, em relação a 2020.
Com a inclusão de uma nova fonte de alerta, o SAD Pantanal, os falsos positivos relacionados às queimadas começaram a ser reduzidos.
O GLAD é o sistema com uso de satélite para monitorar essas ações e foi desenvolvido pela Universidade de Maryland (EUA).