Agência Brasil/LD
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) facilitou a busca de informações sobre mercado de trabalho, da população, da educação e do acesso à TV, internet e celular, investigados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. Os dados estão disponíveis no Painel Interativo da Pnad Contínua, elaborado em parceria com a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O lançamento ocorreu hoje (4), no Ministério da Economia, em Brasília. Pela primeira vez estarão disponíveis também indicadores experimentais para 146 estratos geográficos, como Baixada Santista, Agreste da Paraíba, Litoral Sul da Bahia e Norte de Minas Gerais. Essas informações não eram divulgadas pela pesquisa.
O usuário já pode navegar por 24 indicadores selecionados em toda a série histórica da Pnad Contínua, que começou em 2012. Neles, estão disponíveis dados sobre ocupação, desocupação e o contingente populacional, entre outros, que costumam ser divulgados pela edição trimestral da pesquisa. Outra informação importante que pode ser acessada é taxas de analfabetismo e escolarização. Por meio do painel se pode saber também, com mais facilidade, o total de domicílios com televisão, celular e com acesso à internet, apurados pela versão anual.
Para a gerente de Integração da Produção de Geoinformação do IBGE, Aline Lopes Coelho, esse volume de informações tem sido disseminado por meio de publicações e do Sidra - banco de tabelas estatísticas do órgão - mas agora, estarão disponíveis de forma mais intuitiva e direta. “A divulgação em forma de painel interativo vem facilitar o consumo da informação por meio de recortes geográficos diversos, mostrando a evolução dos indicadores ao longo do tempo e sua distribuição no espaço territorial, através de gráficos e mapas interativos.”
Estratos geográficos
O painel representa ainda a ampliação do conhecimento, uma vez que além de trazer estratos geográficos com recortes já conhecidos, como grandes regiões, unidades da federação, regiões metropolitanas e capitais, disponibiliza indicadores por estratos geográficos. Eles possibilitam uma análise de recortes menores, além das regiões metropolitanas e capitais.
“A criação dos estratos geográficos está alinhada à iniciativa do instituto de potencializar e estimular o uso de diferentes recortes para a produção e disseminação das pesquisas, tornando-se ainda mais relevante quando se considera a expressiva heterogeneidade socioespacial existente dentro de cada uma das unidades federativas”, disse a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.
Como exemplo, se a pessoa quiser navegar pelo mapa do estado de Minas Gerais, vai verificar que a taxa de desocupação do estrato geográfico relativa ao norte do estado ficou em 13,2% no 4º trimestre de 2019. Já no Sul de Minas, não passou de 7,6%. No mesmo período, a taxa de desocupação em todo o estado mineiro atingiu 9,6%.
O diretor de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, informou que os dados mais recentes sobre os estratos geográficos do painel são de 2019. Nos anos de 2020 e 2021, a pandemia provocou efeitos na coleta da Pnad Contínua, que atingiram a taxa de respostas e a divulgação de alguns indicadores.
Cimar Azeredo destacou que pela primeira vez uma pesquisa domiciliar ultrapassa o limite do município da capital e chega aos dados que estão no painel. “Esses estratos potencializam a análise de dados regionais, porque adentram os estados e mostram, com recortes geográficos menores, o potencial de mercado de trabalho e outras características dos domicílios. É um avanço muito grande. Estamos diante de um momento histórico”.
Na visão do presidente do IBGE, Eduardo Rios Neto, os novos estratos atendem uma demanda da administração pública, especialmente dos órgãos de planejamento dos estados, que pediam estatísticas interestaduais, mas esbarravam nos altos custos de realização de pesquisas domiciliares estaduais. “A comunidade de pesquisadores também encontrará uma nova fonte para analisar a dinâmica econômica no espaço”.
O presidente afirmou que quando o projeto de divulgação de estratos regionais, hoje incluídos no Painel, foi apresentado por Cimar Azeredo em 2019, chegou a ser chamado de pirotecnia. “Se isso é pirotecnia, estamos aqui hoje na parede da Disney com todos os fogos. Vamos ver se isso é pirotecnia ou real. Nós estamos mostrando aqui qual é a seriedade do IBGE”.
Cruzamento de dados
Quem tiver interesse também já pode cruzar informações com os diversos produtos da Diretoria de Geociências do IBGE, uma vez que o Painel PNAD Contínua está integrado à Plataforma Geográfica Interativa (PGI). Para isso, precisa apenas clicar no símbolo que representa um olho, no mapa do painel, e terá acesso aos dados vinculados à PGI. Neste caso, entre outras funções, será permitido comparar informações sobre mercado de trabalho com o deslocamento da população pelos municípios, apurados pela pesquisa Regiões de Influência das Cidades (Regic).
O chefe da Assessoria Especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, em breve participação no lançamento, destacou a importância do trabalho realizado pelo instituto, principalmente, para a elaboração de políticas públicas desenvolvidas com base em dados do órgão. “Isso aqui é uma das coisas mais fantásticas que tem. Eu não canso de elogiar o IBGE. Durante a pandemia a Pnad Covid-19 foi base de vários de nossos estudos para sustentar políticas públicas”.
Parceria
O coordenador de Geração de Conhecimento para a Promoção do Trabalho Decente, do escritório da OIT no Brasil, José Ribeiro, adiantou que na próxima semana em parceria com o IBGE, será lançado o Painel PNAD Contínua - Trabalho Decente, desenvolvido pela Diretoria de Geociências com a apoio das Diretorias de Pesquisas e de Informática para aprimorar a visualização dos dados.
“Com base nos dados da Pnad Contínua, a OIT desenvolveu diversos produtos estratégicos direcionados para a ampliação da base de conhecimento sobre o Trabalho Decente no país com o intuito de fornecer subsídios para a elaboração de políticas e ações de promoção da iniciativa, inclusive em subespaços das unidades da federação”, contou Ribeiro.
O Painel PNAD Contínua - Trabalho Decente, que poderá ser consultado a partir do dia 11 de maio no site da OIT Brasil, terá 18 indicadores e informações como população ocupada, rendimentos dos ocupados, jornada de trabalho e taxas de desocupação e de formalidades.
PNAD Contínua
De acordo com o IBGE, a Pnad Contínua produz informações sobre a inserção da população no mercado de trabalho segundo características demográficas e de educação. “Também gera resultados anuais, destinados ao estudo do desenvolvimento socioeconômico do país, sobre temas como trabalho infantil e outras formas de trabalho, cuidados pessoais e afazeres domésticos, tecnologia da informação e da comunicação e outros aspectos relevantes selecionados de acordo com as necessidades de informação”, explicou.
“A pesquisa é realizada por meio de uma amostra probabilística de domicílios, extraída de uma apresentação mestra de setores censitários, de forma a garantir a representatividade dos resultados para os diversos recortes geográficos em que a pesquisa é produzida”.
Cerca de 211 mil domicílios brasileiros são analisados pela Pnad Contínua a cada trimestre. Desde sua implantação, vem ampliando gradativamente os indicadores e se estabelecendo como a principal pesquisa domiciliar do país.