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Geral
01/10/2013 07:33:32
Idosos vivem melhor dez anos depois de promulgação de estatuto
A aposentada goiana Ilda Maria do Carmo é daquelas que acreditam que o avanço da idade não está necessariamente associado à diminuição da disposição, por exemplo, para atividades físicas e culturais. Aos 68 anos, ela aproveita o tempo livre para ir à academia, onde, três vezes por semana, caminha na

Agência Brasil/LD

\n \n A aposentada goiana Ilda Maria do Carmo é daquelas que acreditam\n que o avanço da idade não está necessariamente associado à diminuição da\n disposição, por exemplo, para atividades físicas e culturais. Aos 68 anos, ela\n aproveita o tempo livre para ir à academia, onde, três vezes por semana,\n caminha na esteira e faz musculação.\n \n Para manter o cérebro ativo, Ilda lê revistas semanais, livros de\n temas variados e costuma ir a feiras de artesanato, cinemas e espetáculos\n musicais. Para fazer todos esses gastos caberem no orçamento doméstico, ela usa\n alguns dos benefícios previstos no Estatuto do Idoso, que completa dez anos\n hoje (1º), como a meia-entrada em teatros, cinemas e eventos culturais. Para\n Ilda, a facilidade estimula essa parcela da população a ter uma vida mais\n prazerosa.\n \n "É bom porque a gente já tem que gastar tanto com remédios,\n que facilita um pouco para ter uma vida mais movimentada e até agradável. Em\n geral, eu fico sozinha em casa, porque minha filha sai para trabalhar, então\n tenho que encontrar atividades para ocupar o corpo e a mente", contou.\n "Muita gente fica admirada, mas eu digo que é importante. Enquanto eu\n puder, vou me movimentar bastante", acrescentou.\n \n Esse tipo de benefício previsto no Estatuto do Idoso, válido para\n pessoas com 60 anos ou mais, é um dos principais avanços da lei na avaliação da\n demógrafa Ana Amélia Camarano, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada\n (Ipea). Ela cita ainda a criminalização da violência contra brasileiros nessa\n idade e a definição de sanções administrativas para o não cumprimento dos\n dispositivos legais, atribuindo ao Ministério Público a responsabilidade de\n agir para garanti-los.\n \n Por outro lado, a demógrafa critica o fato de o estatuto não ter\n estabelecido prioridades para a implementação nem fontes para o seu\n financiamento, como no caso da meia-entrada. Em sua avaliação, essa lacuna\n causa uma divisão mal planejada dos custos entre a sociedade.\n \n “Esses dispositivos são importantes para promover a integração e a\n participação social da população idosa, mas com os avanços na cobertura dos\n benefícios da seguridade social, desde a Constituição Federal de 1988, houve\n uma dissociação entre envelhecimento e pobreza. Não se pode mais dizer que a população\n idosa é mais pobre do que a dos demais grupos etários”, disse. A pesquisadora\n sugere que os benefícios sejam concedidos por necessidade e não apenas em razão\n da idade.\n \n Em 1994, a esperança de vida da população brasileira era estimada\n em 68 anos. Em 2011, ela passou para 74 anos. A pesquisadora destacou que isso\n tem sido acompanhado por uma melhoria das condições de saúde física, cognitiva\n e mental dos idosos, bem como maior participação social.\n \n O aposentado pernambucano Eliseu Pereira, de 84 anos, também\n acredita que 60 anos é "cedo" para uma pessoa ser considerada idosa.\n Em sua opinião, graças às melhores condições gerais de vida, o envelhecimento\n nos dias atuais pode ser adiado, embora ressalte que esse processo ocorre em\n ritmo diferente para cada pessoa.\n \n "É verdade que hoje em dia é possível demorar mais para\n envelhecer. Temos acesso a muitos serviços que os velhinhos de antigamente não\n tinham. Meu pai, por exemplo, mal sabia o que era uma academia. Já eu frequento\n regularmente a minha, faço pilates e sou um velho muito mais enxuto",\n brincou.\n \n "Mas o envelhecimento não ocorre da mesma forma para todo\n mundo. Aos 79 anos, fiz uma viagem para Israel e muitos jovens que faziam parte\n do meu grupo não tinham a mesma disposição que eu. Deixei para trás boa parte\n deles que, por exemplo, não conseguiram subir o Monte Sinai", acrescentou\n Eliseu. Apesar disso, ele considera injusto elevar a idade mínima para que\n pessoas "que já contribuíram por tanto tempo para o desenvolvimento da\n sociedade" tenham acesso aos benefícios previstos no Estatuto do Idoso.\n \n \n \n \n