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Geral
26/09/2012 09:00:00
MPF/MS catalogará documentos sobre expulsão de índios de suas terras
O principal objetivo do acordo firmado com o Núcleo de Estudos e Pesquisas das Populações Indígenas da Universidade Católica Dom Bosco é catalogar documentos históricos referentes à expulsão dos indígenas e a ocupação dessas terras por colonos e grupos particulares.

Agência Brasil/LD

\n \n Um convênio firmado pelo Ministério Público Federal em Mato Grosso\n do Sul (MPF-MS) permitirá que um grupo de historiadores e estudantes\n universitários passe um “pente-fino” em cerca de 100 mil documentos que dizem\n respeito ao processo de colonização do estado, que teve início em 1915 e segue até\n os dias de hoje. \n \n O principal objetivo do acordo firmado com o Núcleo de Estudos e\n Pesquisas das Populações Indígenas da Universidade Católica Dom Bosco é\n catalogar documentos históricos referentes à expulsão dos indígenas e a\n ocupação dessas terras por colonos e grupos particulares. \n \n O estudo poderá beneficiar os índios sul-mato-grossenses,\n subsidiando ações judiciais pelo reconhecimento e ampliação de terras\n indígenas, “uma das principais e mais urgentes demandas dos índios de Mato\n Grosso do Sul”, conforme afirma o MPF, em nota. \n \n “Trata-se de uma vasta produção documental a respeito do processo\n de esbulho [expropriação forçada] das terras indígenas”, afirmou o procurador\n da República Marco Antonio Delfino de Almeida. Para Delfino, saber o que\n ocorreu às populações que viviam na região pode ajudar os índios a obterem suas\n antigas terras. “Talvez não consigamos responsabilizar criminalmente os\n responsáveis [pela expulsão dos índios], mas além de servir para fundamentar um\n eventual pedido de indenização, a análise dos documentos servirá para trazer\n luz à verdade.” \n \n De acordo com o MPF, cerca de 70 mil índios de sete etnias\n (Kadiwéu, Kinikinawa, Terena, Guató, Atikum, Ofayé-Xavante e os Guarani, que\n estão subdivididos entre os Kaiowá e os Nhandeva) vivem, hoje, no estado. \n \n Até 1977, quando se desmembrou e conquistou autonomia política,\n Mato Grosso do Sul fazia parte de Mato Grosso. Nesta época, segundo o MPF, a\n maior parte das populações indígenas já havia sido retirada à força de suas\n terras para dar espaço ao avanço da agropecuária. De acordo com o MPF, foi o\n próprio Estado quem, a partir do início do século passado, concedeu as áreas\n para os colonos e confinou as populações indígenas em pequenas reservas. \n \n Entre o acervo que será analisado e catalogado há documentos\n históricos produzidos pelo antigo Serviço de Proteção aos Índios (SPI), pela\n Fundação Nacional do Índio (Funai) e pelo Ministério das Relações Exteriores.\n Há, de acordo com o MPF, 900 horas de entrevistas gravadas com indígenas,\n material fotográfico, cartográfico, fitas K7, VHS, CDs, DVDs e 58 rolos de\n microfilmes documentando a criação de reservas indígenas, a retirada dos índios\n de seus territórios tradicionais e o cotidiano das etnias presentes no\n território sul-matogrossense. \n \n A previsão é que a catalogação dos documentos dure 18 meses. O\n estudo será subsidiado por um fundo gerido pela Justiça Federal de Dourados.\n Por esse motivo, o projeto ainda depende da aprovação do comitê gestor do fundo\n judicial, o que o MPF-MS acredita que possa ocorrer até outubro. \n \n \n \n \n