\n \n A Associação de Vítimas de Erros Médicos protocolou na manhã desta\n segunda-feira (18) uma denúncia no Ministério Público Federal contra o Hospital\n Universitário e a obstetra Dheyse Cinat por negligência médica. A associação\n afirma que os inúmeros erros no atendimento da paciente Sabrina Marcielle Silva\n de Oliveira, 19 anos, que estava grávida de gêmeos, provocou o aborto dos\n bebês. \n \n Segundo a associação, a médica Dheyse Cinat prescreveu medicação\n contraindicada para pacientes gestantes e negligenciou o atendimento ao não\n realizar exames necessários para o caso. Como exemplo, citou a recusa da médica\n em realizar uma ultrassonografia, por falta de especialista no local. A\n realização do exame teria constatado o segundo feto e evitado a morte deste. “A\n médica aplicou o soro para expelir a placenta após aborto do primeiro feto, sem\n fazer exame nenhum. Isso causou a morte do segundo bebê”, diz o presidente da\n Associação de Vítimas de Erros Médicos, Valdemar Moraes. \n \n Valdemar explica que a jovem não sabia que estava grávida de\n gêmeos. Segundo ele, na única ultrassonografia feita durante o pré-natal, aos\n dois meses de gestação, não foi constatada a gravidez gemelar. Primeiro erro,\n aponta. \n \n O presidente explica que isso precisa parar de acontecer. Que os\n médicos têm que pagar criminalmente pela morte de seus pacientes. “Todo mundo\n que assassina alguém responde criminalmente, por que médico não”?, questiona.\n Por isso, Moraes diz que protocolou a denúncia no MPF. Para que haja uma\n apuração criminal para o caso. \n \n Ele revela ainda que a jovem chegou a fazer boletim de ocorrência\n na Depac-Piratininga (Delegacia de Pronto Atendimento a Comunidade), mas como o\n registro foi feito apenas em 11 de fevereiro, o delegadonbsp;explicou que\n dificilmente conseguiria apurar o caso, pois já havia passadas três semanas e\n ele não teria acesso aos fetos. \n \n O caso \n \n A vítima, Sabrina Marcielle Silva de Oliveira, conta que em 21 de\n janeiro foi ao posto de saúde Aero Rancho porque estava perdendo líquido. Lá foi\n encaminhada para o Hospital Universitário. Ao chegar ao hospital, a obstetra\n Dheyse Cinat a atendeu, fez o exame de preventivo e constatou que a perda de\n líquidos se devia a uma infecção urinária. A médica receitou a pomada vaginal\n Metronidazol e orientou a paciente quanto à aplicação. \n \n Sabrina relata que a médica explicou como usar a medicação, mas\n não a alertou quanto o uso do remédio na gravidez. A bula diz: o uso de\n metronidazol durante a gravidez deve ser cuidadosamente avaliado visto que\n atravessa a barreira placentária e seus efeitos sobre a organogênese fetal\n humana ainda são desconhecidos. \n \n Sem saber dos riscos que corria, a jovem foi para casa e aplicou a\n pomada conforme a recomendação médica. “Fiz tudo do jeito que ela disse.\n Coloquei a pomada na hora de me deitar para dormir. Porque ela falou que não\n podia ficar andando após a aplicação”, conta. Meia hora depois do uso do\n remédio, a jovem diz que começou a sentir contrações e foi ao banheiro quando\n viu a cabecinha do feto saindo. \n \n Desesperada, Sabrina conta que gritou pela mãe, Leila Aparecida do\n Amaral Silva, que chamou o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).\n Assim que o socorro chegou ela foi encaminhada novamente para o HU, onde foi\n atendida pela mesma médica. \n \n A jovem conta que no hospital retiraram o resto do feto de seu\n corpo e aplicaram um soro para expelir a placenta. Segundo ela, tudo foi feito\n sem nenhum exame prévio. “Somente depois que aplicaram o soro a médica veio e\n fez o exame de toque. Aí ela percebeu que tinha outro bebê. Já era tarde”, diz.\n \n \n Sabrina disse ainda que a médica se recusou a fazer a\n ultrassonografia. Segundo ela, Cinat disse que não havia especialista no\n hospital para fazer o exame. Assim, ela aplicou o soro sem constatar como a\n jovem estava. O exame teria constado o outro feto e evitado o segundo aborto.\n Sabrina disse ainda que depois que perdeu os dois bebês, a mesma médica, fez a\n ultrassonografia para verificar se toda a placenta havia sido expelida. \n \n A jovem ficou internada por quatro dias no hospital até se\n recuperar. No período, segundo ela, a médica não foi nenhuma vez ao quarto\n explicar o que aconteceu ou saber como ela estava. Além disso, Sabrina aponta\n que o hospital se recusou a entregar o feto para a família enterrar. “Quero só\n os corpos das meninas para enterrar. Eles não me atendem e não me dão\n explicação”, diz. \n \n A jovem esteve nesta manhã no Ministério Público Federal para\n acompanhar a denúncia da Associação de Vítimas de Erros Médicos.\n \n Outro lado \n \n A assessoria de imprensa da UFMS (Universidade Federal de Mato\n Grosso do Sul) não se pronunciou até o momento da publicação da matéria.