Geral
17/02/2012 07:41:34
Paraguai: tensão entre sem-terra do país e produtores brasileiros volta a aumentar
No Paraguai, a tensão entre colonos brasileiros, chamados de brasiguaios, e os sem-terra do país, conhecidos como carperos, aumentou. Para os carperos, os brasileiros devem ser retirados da região e suas terras têm que ser desocupadas.
Agência Brasil/LD
\n \n No Paraguai, a tensão entre colonos brasileiros, chamados de\n brasiguaios, e os sem-terra do país, conhecidos como carperos, aumentou. Para\n os carperos, os brasileiros devem ser retirados da região e suas terras têm que\n ser desocupadas. Vários carperos estão acampados em uma faixa de terra de 7 quilômetros de\n extensão, em uma localidade onde há fazendas cultivadas por brasileiros, em\n Nancundae, em Alto Paraná\n (a 70 quilômetros\n de Ciudad del Este, na fronteira com o Brasil). \n \n Nos últimos dois dias, os carperos avançaram 14 quilômetros na\n área de Nancundae. A ideia, segundo os líderes do movimento, é intensificar a\n ocupação e pressionar os brasiguaios a deixar a região. Vamos seguir adiante\n por mais pelo menos outros 20 quilômetros, disse à Agência Brasil o\n carpero Alfredo Alquino, de 23 anos. \n \n O significado da palavra carpa é tenda. Os carperos querem que o\n governo do presidente Fernando Lugo exproprie as terras, adquiridas por colonos\n brasileiros nas últimas cinco décadas. Líderes do movimento dizem que o alvo é\n o fazendeiro Tranquilo Favero, brasileiro naturalizado paraguaio há 40 anos. \n \n Considerado um dos homens mais ricos do Paraguai e apelidado de\n Rei da Soja, Favero é dono de fazendas e empresas agrícolas. Para os sem-terra\n paraguaios, o empresário construiu seu patrimônio adquirindo terras públicas a\n preços considerados irrisórios e de forma irregular. \n \n Os títulos de terra dele são falsos, disse à Agência Brasil\n Vitoriano Lopez, um dos líderes do movimento dos carperos. \n \n Lopes disse que tanto Favero quanto vários colonos brasileiros\n foram beneficiados durante o governo do general Alfredo Stroessner (1954-1989),\n uma das ditaduras mais longas da América Latina. Não importa que [esses\n brasileiros] tenham vivido aqui durante décadas. O usucapião não vale para as\n terras públicas, que nunca deveriam ter sido vendidas, em primeiro lugar,\n disse o carpero. \n \n A estimativa da Embaixada do Brasil no Paraguai é que cerca de 350\n mil brasileiros vivam em território paraguaio, sendo que a maioria é formada\n por agricultores. Os conflitos envolvem principalmente 167 mil hectares de\n terras. Essas áreas, segundo os carperos, foram vendidas a partir do século 19.\n \n \n Desde o final do mês passado, os conflitos entre brasiguaios e os\n carperos se intensificaram. De acordo com os brasileiros, a ameaça de expulsão\n pelos sem-terra levou à perda de aproximadamente 50% da colheita de soja devido\n à seca e às dúvidas dos produtores, que não sabem se devem continuar investindo\n em terras. \n \n Estamos vivendo uma situação de insegurança judicial e física,\n disse à Agência Brasil a advogada brasileira Marilene Squarizi. \n \n Filha de colonos, ela é assessora da União de Cooperativas de\n Agricultores do Paraguai. De acordo com Marelene, 98% dos membros da entidade\n têm origem brasileira. Notamos que no governo do presidente Fernando Lugo\n houve uma mudança de política. Conseguimos com a Justiça ordens para desocupar\n as terras invadidas, mas o governo demora em executá-las, disse. \n \n No dia 27, Marilene Squarizi estará em Brasília, para prestar\n esclarecimentos a parlamentares no Congresso Nacional sobre a situação dos\n colonos brasileiros no Paraguai. Ontem (16) uma comissão da parlamentares\n paraguaios viajou até Nancundae para ouvir as queixas dos colonos brasileiros. \n \n Estamos preocupados porque a situação está piorando. Os carperos\n agora estão avançando e o governo não esta dando uma solução, disse à Agência\n Brasil o presidente do Partido Pátria Querida, senador Roberto Campos. Vamos\n levar esse tema à primeira reunião do Parlamento do Mercosul, disse ele. \n \n \n \n