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Um levantamento apresentado pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) aponta que uma terra indígena de Mato Grosso do Sul, a Rancho Jacaré, localizada em Laguna Carapã, região sul do Estado, teve o maior crescimento na perda de vegetação pelo fogo. O estudo foi feito a partir de dados do MapBiomas combinado com os registros de áreas indígenas homologadas.
A reserva ficou no topo porque nos anos anteriores não havia sido registrado nenhum foco de queimada, enquanto até setembro teve perda de 104 hectares de vegetação, o que resultou em crescimento de 158.354%. O período com mais focos foi entre abril e julho, exatamente quando ocorre a estiagem, que este ano começou mais cedo. A área é demarcada desde 1984, tendo 778 hectares, reunindo um grupamento de menos de 500 pessoas, segundo dados de 2014.
O estudo aponta que entre janeiro e setembro de 2024, 24% dos territórios indígenas queimaram mais de 30% de sua área. O total atingido pelo fogo em terras indígenas foi superior a 2,8 milhões de hectares. Aldeias do Mato Grosso e Tocantins estão entre as que mais perderam áreas. As áreas ficaram em segunda posição na perda de vegetação do Cerrado.
À frente estão as propriedades privadas, com aumento de 42% em relação aos cinco anos anterior pesquisados pelo IPAM. A entidade aponta que, em sentido contrário, houve redução da ocorrência do fogo em assentamentos e comunidades quilombola.
Em setembro, as áreas indígenas registraram 27% da área queimada no bioma, totalizando 1,2 milhões de hectares, já as unidades de conservação tiveram 14% da área queimada, com 624 mil hectares. As reservas que mais queimaram estão no Norte do País. No levantamento de ocorrência de fogo no Cerrado, que é o Bioma mais atingido, em especial pela atividade agropecuária intensa, destaca-se a região conhecida como Matopiba, que pega o Norte e Nordeste do País, composta pelos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia, que se tornou novo celeiro do agronegócio.
O Cerrado perdeu 8,4 milhões de hectares de vegetação até setembro, 117% a mais que no mesmo período de 2023 e 65% além do acumulado entre 2019 e 2023. O estudo do IPAM apontou cada tipo de vegetação do Cerrado, com maior prejuízo às formações florestais, aumento de 113% e campestre, com aumento de 45% neste ano.
O estudo alerta que em relação às áreas florestais, “o impacto do fogo nessas formações é particularmente grave, pois a maioria das espécies arbóreas dessas áreas não possui adaptações ao fogo, resultando em alta mortalidade de plantas adultas, mesmo em um único evento de incêndio”, citando que a regeneração é muito mais lenta.
Os pesquisadores apontaram a gravidade do fogo para o ecossistema, com degradação do solo, extinção de nutrientes, extinção de nascentes e favorecimento de processos erosivos, além de impactar no efeito estufa.
Aldeias de MS –No resumo sobre o estudo das áreas indígenas feito entre janeiro e setembro deste ano consta também área kadiwéu, que é localizada no oeste do Estado. Consta que o fogo atingiu 37% da área, chegando a 280 mil hectares. A área é reconhecida desde 1984, com 539 mil hectares de extensão. O levantamento incluiu também Caarapó, com aumento de 388,5% na incidência de queimadas, chegando a 300 hectares este ano. Excetuando a imensa extensão da área kadiwéu, as outras 24 aldeias e reservas analisadas no Estado, com dados de satélite, tiveram 1,6 mil hectares atingidos.
A região do Pantanal, na qual se inclui Miranda, foi muito castigada pelo fogo este ano, destruindo vegetação e até imóveis rurais.
O IPAM também analisou a ocorrência do fogo entre 2019 e 2023 nas áreas homologadas no País. Das 25, somente cinco não tiveram registro. Algumas constam com pequenas áreas atingidas, mas também são próximas ao perímetro urbano, como aldeias de Dourados.