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Devido às fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul há dias, o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMMS) está com nove agentes em São Leopoldo (RS), para reforçar as equipes de salvamento que atuam nos locais atingidos pelas enchentes.
No último sábado (4), os agentes chegaram no RS com duas viaturas, quatro embarcações e equipamentos de salvamento.
O comandante da força tarefa do Corpo de Bombeiros do MS, Capitão BM, Rodrigo Alves Bueno, aponta que nas primeiras 24 horas de atuação foram resgatadas pelas equipes do Estado 154 pessoas e 193 animais, dentre eles gatos, cachorros e pássaros.
Bueno relata que a equipe de MS chegou no “olho do furacão”, e que muitas famílias e pessoas precisam ser resgatadas. Só em um bairro, chamado Campina, o comandante comenta que são mais de 6 mil moradores no local, e os recursos para as ações são poucos.
O grupo de nove bombeiros se dividiu em três subgrupos, para realizar as ações com os barcos e equipamentos levados.
“Resgatando pessoas com mobilidade reduzida, pessoas com deficiência mental, muita gente em cima do telhado há muito tempo, com frio, com fome, com início de hipotermia.
Fizemos resgates levando, conforme o protocolo da cidade, (as pessoas) para os lugares mais altos e mais abrigados. A chuva não parou durante a madrugada, o trabalho foi bastante intenso.
Ao amanhecer o trabalho ainda continuou, porque tinha muita gente solicitando, e continuamos, essas três equipes dispersas na cidade de São Leopoldo. Nos unimos as equipes de outros estados que começaram a chegar também”, informa Bueno.
Os militares do CBMMS devem permanecer no local pelos próximos 10 dias. Além disso, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), também enviou o helicóptero esquilo, equipado com guincho elétrico, que é capaz de içar até duas pessoas, e um imageador térmico, para ações de salvamento no RS.
Ao todo, 14 militares do Estado estão no Rio Grande do Sul, auxiliando nos resgates das vítimas da tragédia climática.
“Neste momento, só podemos mandar este grupo devido a logística do local”, disse o comandante-geral do Corpo de Bombeiros de MS, Frederico Reis, que informou ainda que as vagas para a missão no RS foram preenchidas em menos de uma hora, e que quando o nível da água baixar, uma nova equipe com mais militares e cães será enviada para o sul para ajudar nas buscas por pessoas.
Com o helicóptero, outros cinco militares de MS especialistas em busca e salvamento também estão no Rio Grande do Sul para socorrer as pessoas de áreas atingidas pelas enchentes.
Militares da Força Aérea Brasileira (FAB), do Esquadrão Pelicano, em Campo Grande, também estão entre os agentes que atuam no salvamento das pessoas atingidas pela tragédia.
OUTRAS AÇÕES
O casal campo-grandense, Lucas Pacini e Sarah Santos, que se mudou para Porto Alegre há cerca de dois meses, também está ajudando as vítimas das enchentes. Lucas é médico psiquiatra, e atendeu ao recrutamento do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), que convocou profissionais para trabalhar na linha de frente. Sarah é jornalista, mas decidiu acompanhar o esposo, sendo voluntária em abrigos.
“Estamos indo de abrigo em abrigo, para recolher, saber quais são as demandas, oferecer ajuda no que for necessário, e aí, o MP, com todo esse suporte, anota as demandas e vai contribuindo com o que cada abrigo precisa”, relatou Sarah.
A jornalista comenta que nunca imaginou viver algo assim, pois é uma “realidade muito triste” e há muitas pessoas sem saber onde estão seus familiares, e que, após o nível da água baixar, certamente haverá mais mortos, principalmente no interior, onde a inundação é maior e “muitas das vezes eles recebem menos atenção porque é mais difícil chegar”.
“A gente conversou especificamente com uma mulher que saiu de casa, o esposo não quis sair, então ela saiu com os filhos, a casa inundou, ela não teve mais notícia do esposo e ela está em estado de crise, de ansiedade mesmo, querendo saber onde o esposo está. Tem mais pessoas com familiares perdidos e não se tem resposta, porque são milhares de pessoas, é uma demanda muito grande”, conta a jornalista.
Em Campo Grande, empresas, instituições e órgãos estaduais também se organizam para enviar doações ao Rio Grande do Sul.
Entre os itens que estão sendo recebidos em diversos locais na Capital, os prioritários são alimentos não perecíveis, cobertores, agasalhos, roupas de cama e toalhas, aponta Tales Amaro Maciel, empresário que está participando do movimento.
Dono da Gaucheria CG, Tales e a esposa Endriana Michele Gutierrez são de Pelotas (RS), e criaram a campanha “SOS RS”, em parceria com o CTG Farroupilha, CTG Tropeiros da Querência, Santo Quindim, Churrasco Gaúcho e Casa de Apoio à Família, para reunir donativos que serão enviados pela FAB, através da Operação Taquari II.
“Nós iremos fazer esses materiais chegarem até os centros de distribuição para que a força tarefa consiga destinar as doações, até os pontos onde estão aqueles que mais necessitam”, informa Tales, que fez a parceria com a FAB, já que muitas vias terrestres estão inacessíveis, devido aos estragos das chuvas.
Além dos locais citados acima, que estão recebendo doações, outros pontos de arrecadação também estão disponíveis em Campo Grande, são eles a sede da Ordem dos Advogados do Brasil em MS (OAB/MS), Lojas Todimo, Feira Fenasul, CVC Viagens e a Estetic Face.