VERSÃO DE IMPRESSÃO
Geral
05/12/2013 12:00:34
Tratamento na escola afugenta transexuais, dizem especialistas
Pode ser o menino que prefere usar vestido ou a menina que usa um nome masculino, não importa: boa parte das escolas e dos professores ainda têm dificuldades em lidar com transexuais - condição de quem tem uma identidade de gênero diferente da designada no nascimento.

Terra/AB

Pode\n ser o menino que prefere usar vestido ou a menina que usa um nome \n masculino, não importa: boa parte das escolas e dos professores ainda \n têm dificuldades em lidar com transexuais - condição de quem tem uma \n identidade de gênero diferente da designada no nascimento. Transexuais \n relatam que as escolas não aceitam o uso do seu nome social - diferente \n do que consta na carteira de identidade - e que muitas vezes são \n obrigados a usar banheiros que não são condizentes com o gênero que se \n identificam. \n A vice-presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, \n Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Keila Simpson, acredita que\n as escolas precisam compreender e incluir três populações – travestis, \n homens transexuais e mulheres transexuais. “Se essa lógica passasse para\n escola, já teríamos um bom caminho andado”, destaca. Keila diz que \n transexuais e travestis não têm a sua identidade respeitada quando \n chegam na escola e a consequência drástica é o abandono da sala de aula.\n “Se a trans está na escola e tem uma aparência feminina, deve ser \n orientada para usar ambientes femininos na escola”, afirma. Para Keila, \n ainda há a ideia de que travestis e transexuais não estão interessados \n em estudar. “Quando a escola se abre, se recicla e se renova, o público \n transexual e travesti vai à procura da educação formal”, destaca. \n Durante o Ensino Médio, em uma escola pública de Sete Lagoas (MG), a \n transexual Beatriz Trindade conta que a sua relação com os colegas \n dentro da sala de aula era tranquila. “Eles até me ajudavam quando tinha\n algum problema com professor, que às vezes me chamava pelo meu nome \n civil”, diz. Ao solicitar o uso o nome social na escola, teve seu pedido\n negado. Ela relata ter passado por dificuldades com a secretaria da \n escola e com a direção. “Eles têm a tradição de fazer faixas de \n comemoração para quem é aprovado no vestibular e eu pedi para usarem meu\n nome social, porque aquilo não era um documento, era simplesmente uma \n faixa e isso desencadeou uma discussão”, conta. “Eles estavam me \n desrespeitando, foi terrível”, relembra. \n \n O caso Enem\n Atualmente cursando o segundo período de direito do Centro Universitário\n de Sete Lagoas (Unifemm) Beatriz enfrentou dificuldades para a \n realização do Enem neste ano. “Eu não me senti ofendida, não me senti \n discriminada, senti constrangimento. A fiscal não sabia o que fazer”, \n afirma. Os fiscais da sala em que Beatriz estava desconfiaram da sua \n identidade, já que em seu documento continha uma foto na qual a jovem \n não se parece mais e também constava o nome de um menino. \n A diretora auxiliar do Colégio Estadual Chico Mendes, de São José dos \n Pinhais (PR), e transexual, Laysa Machado, destaca que os objetivos dos \n transexuais ao fazer o Enem são os mesmos de qualquer outra pessoa. Ao \n sofrerem constrangimentos e discriminações ao longo da vida, a diretora \n auxiliar acredita que o único caminho que restará é o da prostituição. \n “Esse caminho agrega 90% das transexuais, principalmente as oriundas de \n famílias pobres”, destaca.