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27/02/2013 09:53:40
Universidade de Santa Maria ainda lida com luto de alunos e professores após tragédia
Um mês após a tragédia que matou 239 pessoas na Boate Kiss, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) se prepara para entrar em recesso e encontrar formas de lidar com o luto.

Agência Brasil/LD

\n \n Um mês após a tragédia que matou 239 pessoas na Boate Kiss, a\n Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) se prepara para entrar em recesso e\n encontrar formas de lidar com o luto. Pelo menos 117 jovens, alunos da\n instituição, morreram no incêndio ou em consequência dele. Desses, 65\n pertenciam ao Centro de Ciências Rurais, que inclui os cursos de agronomia –\n que organizou a festa do dia 27 de janeiro –, zootecnia e veterinária.\n \n Apesar de numericamente ter perdido mais alunos, o diretor do\n Centro de Ciências Rurais da UFSM, professor Thomé Lovatto, diz que as mortes\n foram sentidas igualmente por toda a comunidade acadêmica. “O sentimento é o\n mesmo. Não dá para dizer que, porque nós perdemos numericamente mais, os outros\n perderam menos. A integração era muito grande entre os cursos. Os alunos se\n conheciam e conviviam” explicou.\n \n Segundo ele, apesar de a universidade ter retomado as aulas na\n segunda semana após a tragédia, ainda é preciso um monitoramento constante de\n alunos e professores e o apoio de psicólogos durante as atividades. Entre 5% e\n 10% dos alunos têm crises de choro e depressão durante as aulas e, muitas\n vezes, precisam interromper os trabalhos. Nesses casos, o diretor conta que\n eles não deverão passar pelas avaliações do fim do semestre letivo. “Estamos em\n atenção aos alunos que ficaram com sequelas psicológicas. Os professores vão\n deixar as avaliações em aberto e, no próximo semestre, eles retornam para fazer\n as disciplinas novas e concluir as que ficaram incompletas”.\n \n O semestre letivo será encerrado no próximo dia 6, em função de um\n atraso provocado pela greve no ano passado. As aulas serão retomadas no dia 1º\n de abril. Os professores e coordenadores dos cursos preparam uma “recepção\n diferenciada” para os alunos, segundo Lovatto. “Perdemos calouros na tragédia,\n que deveriam começar a vida acadêmica no semestre que será iniciado. Vamos ter\n de preparar uma recepção para quem perdeu esses colegas”, acrescentou.\n \n O diretor conta que os professores também precisaram de\n acompanhamento. De acordo com ele, na semana depois do incêndio, foram feitas\n reuniões com o corpo docente para prepará-lo para lidar com os alunos e com o\n próprio luto. A universidade recebeu o apoio de centros de psicologia de outras\n instituições, como a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Na\n segunda semana, os alunos começaram a voltar para o campus e foram oferecidos\n espaços para manifestações e desabafos. Somente a partir da terceira semana\n após a tragédia é que as atividades normais foram retomadas, já em ritmo de\n encerramento de semestre.\n \n Nos próximos meses, o professor Lovatto diz que novos desafios\n devem ser enfrentados, como a ajuda às famílias que perderam, por exemplo, quem\n as sustentava financeiramente. “Nós temos 34 famílias que perderam seus\n mantenedores. É o caso de um segurança da boate. Ele mantinha a mãe e as duas\n irmãs, que também já tinham filhos. Agora vamos ter que pensar nessas\n situações, no sentido de garantir um sustento para essas famílias. Vamos ver\n como a universidade pode ajudar”.\n \n O incêndio na Boate Kiss ocorreu na madrugada do dia 27 de\n janeiro, matando imediatamente 233 pessoas. Centenas ficaram feridas ou foram\n intoxicadas pela fumaça tóxica provocada pela queima da espuma de isolamento\n acústico da boate. Mais seis pessoas morreram posteriormente em consequência de\n queimaduras ou de problemas respiratórios causados pela fumaça. A tragédia\n começou quando um artefato pirotécnico foi aceso durante show da banda Gurizada\n Fandangueira. Dois integrantes da banda e dois sócios da boate ainda estão\n presos. A polícia deve concluir as investigações nesta semana.\n \n \n \n \n