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O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, disse que algumas áreas do Pantanal poderão ter perdas irreversíveis. A região bateu recorde de queimadas nesse ano.
Em entrevista ao g1 e à TV Globo, ele afirmou ainda que o instituto prevê que a seca no bioma se estenderá até o fim do ano.
“A natureza volta em muitas áreas depois de desastres como esse. [Mas] em alguns lugares a perda é significativa. Em alguns lugares pode ser, inclusive, irreversível. A gente está muito assustado em ver, pelo sexto ano seguido, o Pantanal sem o período de cheias”, declarou.
Já são quase 700 mil hectares queimados, em 2024, no Pantanal. Quase 5% de todo o bioma.
O governo tem dito que o recorde de queimadas no Pantanal é provocado por uma conjunção de fatores, mas principalmente pela seca extrema na região, registrada antes do período considerado normal para a estiagem.
“A seca começou três meses antes, mas não existe nenhuma evidência de que provavelmente ela termine três meses antes. Então, de fato, a gente vai ter que trabalhar com o pior cenário, que é o cenário de uma seca até o final do ano”, disse o presidente do Ibama.
A força tarefa que atua no Pantanal identificou áreas onde os incêndios podem ter começado. “Algo em torno de 18 a 19 propriedades”, anunciou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, nesta sexta-feira (28).
Para Agostinho, é possível que uma parte dos focos de incêndio que originaram o desastre no bioma tenha sido provocada por criminosos.
“Eu não descarto que algumas dessas áreas onde o fogo começou tenha sido fogo para limpeza dos restos vegetais que ficam depois do desmatamento. Tudo isso está sendo investigado e, se a gente encontrar responsáveis por esse fogo, essas pessoas responderão criminalmente. A Polícia Federal foi acionada e já abriu um inquérito de investigação”, afirmou.
Desmatamento no Pantanal
Vídeos feitos por moradores da cidade de Corumbá (MS) na sexta-feira (28) mostram uma densa fumaça dos incêndios no Pantanal sobre a cidade, que concentra o maior número de focos de incêndios no Brasil, segundo dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) .
“A gente também não descarta a situação de fogo criminoso. [...] Corumbá foi justamente a cidade que liderou o desmatamento do Pantanal nos últimos dois anos”, lembrou o presidente do Ibama.
Agostinho ainda não tem dados para dar a dimensão da devastação na região. Somente no ano passado, o Inpe passou a monitorar o bioma em tempo real.
Para ele, uma das formas de impedir que novos desastres no Pantanal ocorram futuramente é acabar com o desmatamento. “É uma meta importante que a gente vai perseguir com muita ação de fiscalização”, disse.
Alertas de seca As chuvas já haviam ficado abaixo da média histórica do Pantanal desde maio do ano passado. O Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) chegou a apresentar um relatório alertando sobre a escassez na região.
Isso gerou críticas à reação do governo diante da crise.
Agostinho disse que, ainda no começo do ano passado, foi elaborado um plano de prevenção e combate aos incêndios florestais no Pantanal.
“A gente fez, sim, as ações preventivas, agora a gente não tem como prever onde é que alguém vai colocar fogo, em que direção nós teremos essas chamas, o tempo todo os ventos mudam de direção”, respondeu, lembrando das investigações sobre incêndios provocados por ação humana.