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Meio Ambiente
13/03/2024 16:21:00
Entenda a onda calor: área de alta pressão age como uma 'tampa' na atmosfera

CE/LD

Durante toda a semana os municípios de Mato Grosso do Sul tem aparecido na lista das cidades mais quentes do Brasil e o motivo é a onda de calor que atinge o centro da América do Sul e provoca forte efeito nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil.

Na terça-feira, por exemplo, Corumbá foi a segunda cidade mais quente do Brasil, com com 38,8ºC, ficando atrás apenas do município de Pão de Açúcar, no sertão alagoano. Jardim foi a terceira mais quente do Brasil, com termômetros marcando 38,1ºC, e várias cidades, como Aquidauana, Campo Grande e Miranda, oscilaram entre 36ºC e 37ºC na terça-feira e também nesta quarta-feira, conforme indicam as estações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Mas como funciona na atmosfera estas ondas de calor que tem sido cada vez mais frequentes no Brasil, sobretudo durante os efeitos do fenômeno climático El Niño?

A explicação do Inmet é de que uma área de alta pressão paira em níveis médios da atmosfera, em uma altitude de aproximadamente 5 mil metros. A situação favorece a onda de calor.

“Este sistema age como uma ‘tampa’ na atmosfera, inibindo a formação de nuvens e comprimindo o ar de forma a deixá-lo mais quente e seco nas camadas mais baixas, resultando na atuação da onda de calor”, informa o instituto.

Dayse Moraes, meteorologista do Inmet, também explica que a área de alta pressão, por mais obvia que a explicação possa parecer, faz um movimento inverso às das zonas de baixa pressão. Enquanto a baixa gera movimentos do ar de baixo para cima, favorecendo a formação de nuvens e de chuva, a alta faz o movimento contrário: o ar seco da alta atmosfera é jogado para baixo, afastando a nebulosidade e deixando o tempo aberto.

“Esse sistema também cria um bloqueio atmosférico. Acaba não deixando os sistemas frontais que atuam mais no sul, entre a Argentina e o Uruguai, avançarem para o Rio Grande do Sul. Por isso, acaba secando muito a atmosfera, incidindo muito a radiação solar e, por não ter nuvem e não chover por vários dias, acaba elevando as temperaturas”, diz Moraes.

O que é uma onda de calor?

O Inmet também tem seus critérios para definir o que é uma onda de calor. Para ela ser considerada como tal, a temperatura precisa ficar 5º acima da média em um período de ao menos três dias em uma grande área. No momento, o alerta vigente do Inmet é o laranja, e o calor deve se estender por pelo menos mais uma semana: até o próximo dia 20. Por isso é muito provável que o Inmet atualize o alerta para vermelho nos próximos dias.

Em meio a estas previsões de muito calor, pelo menos uma notícia que traz um certo alívio dentro desta conjuntura: a meteorologista lembra que a onda de calor atual não deve durar tanto quanto as que ocorreram no fim do ano passado.

“Em setembro e outubro, com o clima de inverno, os sistemas de alta pressão atuam mais e chove menos. Agora é verão e o normal da estação é aumentar as temperaturas e chover isolado, o que ainda está sendo influenciado pelo El Niño”, afirma Moraes.

Ela conta que no ano passado também ocorreu uma onda de calor em março. De abril a julho, porém, não teve e só em agosto começou a ter a sequência de ondas que seguiu até novembro.

“Como o El Niño ainda seguirá pelo menos até abril, pode ter sim nova onda de calor até lá, com temperaturas elevadas”, alerta Moraes.