G1MS/LD
Os focos de incêndio continuam intensos no Pantanal de Mato Grosso do Sul e na tarde de quarta-feira (19), uma muralha de fogo e fumaça causou desespero em moradores da cidade Corumbá.
De acordo com o funcionário público, Ederaldo Militão de Oliveira, morador de Corumbá há 51 anos, o cenário é de medo e desespero.
"Nasci e fui criado aqui, minha vida está aqui e ver a cidade cercada por fogo e fumaça corta meu coração, temo por minha família e amigos. É um cenário de guerra, o fogo está consumindo tudo, estamos cercados e com medo do quanto ainda pode piorar", relatou o corumbaense ao g1.
Ederaldo conta que os dias estão cada vez mais difíceis e desafiadores.
"Está difícil respirar, tudo é fumaça e fuligem, nos últimos 15 dias estamos vivendo um grande pesadelo e ver esse fogo tão perto do outro lado do rio é preocupante".
Outra moradora de Corumbá, Monica Salustiano Luchner, relata que além do cenário de destruição, o calor na cidade está mais intenso do que o normal.
"Parece uma estufa. Até os animais estão sofrendo". Em uma foto enviada por Monica é possível ver como estão as ruas da cidade.
Devastação
O número de focos de incêndios no Pantanal neste ano já supera o registrado no mesmo período de 2020, ano recorde de queimadas em todo o bioma. As queimadas nos seis primeiros meses de 2024 já são 8% maiores em comparação com 2020.
A comparação é feita entre os dias 1º de janeiro e 19 de junho de 2020 e de 2024, conforme os dados disponibilizados pelo Programa de BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Temporada do fogo antecipada
Especialistas explicam que o aumento exponencial dos focos de incêndio no Pantanal ainda em junho é causado pela antecipação da temporada do fogo, que chegaria só entre o fim de julho e agosto.
"Pela primeira vez estamos com o Pantanal completamente seco no primeiro semestre. O Ibama já contratou mais de 2 mil brigadistas para atuar em todo o país, com foco inicial no Pantanal e na Amazônia, e vamos fazer tudo o que for necessário. As crises climáticas são eventos cada vez mais extremos", afirmou o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, em nota.
No bioma presente em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, as chamas são esperadas anualmente. Entretanto, os eventos climáticos adversos, a seca severa e a estiagem expuseram a planície ao fogo mais cedo em 2024.