UOL/PCS
Nos últimos 25 anos, a elevação do nível do mar em todo o planeta cresceu o dobro do previsto, segundo um estudo internacional publicado nesta segunda-feira na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences" (PNAS).
O trabalho, do qual participou Marta Marcos, pesquisadora do Instituto Mediterrâneo de Estudos Avançados, comparou as estimativas sobre o aumento do nível do mar com as medições reais divulgadas por satélites e constatou que o aumento quase duplica os valores previstos.
Os cientistas analisaram dados históricos de marégrafos, instrumentos utilizados para medir as oscilações costeiras até 1992, data na qual foram produzidos os primeiros satélites capazes de monitorar os níveis do mar.
Após selecionar os registros mais longos e de maior qualidade, os cientistas corrigiram as estimativas levando em conta processos não diretamente relacionados com os oceanos, como os movimentos da crosta terrestre ou os as mudanças na forma da Terra (geoide terrestre).
Os pesquisadores combinaram todos estes dados e os corrigiram com uma nova metodologia mais coerente com a dinâmica marinha, o que permitiu redefinir a informação disponível.
"É importante determinar com precisão a taxa de aumento de nível do mar nas décadas passadas para saber quais foram os processos envolvidos e como cada um deles responde ao aquecimento global", explicou Marta.
"Nossas conclusões demonstram que as regiões costeiras estão mais expostas do que pensávamos e, portanto, o risco é maior."
Segundo o estudo, 1993 foi o ponto de inflexão: até aquele ano, o nível do mar subiu de forma significativamente mais lenta.
Mas, a partir de então, o aquecimento global aumentou drasticamente a curva de crescimento do nível do mar em escala planetária, um fato que coincide com os registros das medições dos satélites.
Em relação às causas do aumento do nível do mar, os pesquisadores apontam o degelo das geleiras, sobretudo durante o século XX. Nas últimas décadas, as placas de gelo polar teriam contribuído mais para o aumento do nível do mar, segundo o estudo.
"Isto significa que a diferença entre os dados prévios a 1993 e as observações precisas dos satélites é maior e, portanto, quase duplicamos a aceleração na elevação do nível do mar em relação aos valores que tinham sido adotados até agora", concluiu Marta.