CGN/LD
O Rio Paraguai alcançou o menor nível em 124 anos de monitoramento, no último sábado (12), e ele segue caindo. Está -67 cm hoje (15), pela régua de Ladário (MS), referência mais utilizada pela Marinha do Brasil.
Apesar da baixa vazão, as navegações não foram interrompidas em Mato Grosso do Sul e não se cogita isso, por enquanto. A informação foi dada pela assessoria de imprensa da própria Marinha.
Neste momento, o órgão federal mantém aberta e irrestrita a navegação, mas recomendando cuidado com bancos de areia.
"O comandante de embarcação é responsável pela verificação da régua do dia respeitando o calado de sua embarcação. A Marinha do Brasil orienta todos os navegantes, seja de grandes embarcações ou de embarcações menores, a terem especial atenção quanto aos bancos de areia nos rios, pois esses representam um risco à navegação. É fundamental que os navegantes conheçam as cartas náuticas da região e estejam atentos aos avisos de navegação emitidos pelas Capitanias dos Portos, Delegacias e Agências Fluviais, que informam sobre alterações nas condições de navegação, como o surgimento ou deslocamento de bancos de areia", alertou em nota.
O nível atual não significa que o rio está sem água. Águas subterrâneas garantem a vazão, como explicou na semana passada ao Campo Grande News o pesquisador Carlos Padovani.
Porto Murtinho e Paraguai - O trecho do Rio Paraguai em Porto Murtinho (MS) também já deu sinais da seca histórica. Em 19 de setembro, o Imasul (Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) alertou que ele já havia atingido a mínima histórica do monitoramento. De acordo com a Marinha, seu nível é de -60 cm hoje.
Repartido na fronteira brasileira com o Paraguai, o Rio Paraguai recebe dragagem no país vizinho após a profundidade ser limitada pelo entupimento de canal no quilômetro 1.587, na área conhecida como Buen Muerto, no oeste paraguaio. A navegabilidade foi reestabelecida com profundidade de 2,5 metros.
“A intervenção é vital para manter operacional esta principal hidrovia do país, destacando a importância de uma infra-estrutura robusta de manutenção e de uma gestão coordenada entre autoridades e empresas privadas”, afirmou em nota a empresa que faz a dragagem, a Topografia e Engenharia Rodoviária (Tamp;amp;C).
Pesquisadores questionam os riscos ambientais de se fazer o mesmo procedimento no chamado Tramo Norte do Rio Paraguai, localizado entre Cáceres (MT) e Corumbá (MS). Existe um projeto federal relacionado à ampliação do uso da hidrovia.
Em 2 de outubro, a Secretaria Nacional de Hidrovias e Navegação, do Ministério de Portos e Aeroportos, esclareceu que "não faz parte do atual projeto de hidrovia do Rio Paraguai a realização de dragagem de aprofundamento no chamado Tramo Norte, entre as cidades de Cáceres e Corumbá. A preocupação dos pesquisadores e ambientalistas foi descartada pelo secretário Dino Antunes, que convidou o grupo a acompanhar todos os projetos de hidrovias que estão em estudo", diz publicação no site oficial.