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Meio Ambiente
10/05/2024 13:27:00
Pesquisa analisa fezes de tatu por 10 anos e revela novo papel no Pantanal
Além da dieta à base de cupim, tatu-canastra auxilia na dispersão de sementes e controle de pragas

CGN/LD

Estudo do Icas (Instituto de Conservação de Animais Silvestres) explorou os hábitos alimentares do tatu-canastra no Pantanal da Nhecolândia e descobriu que ele não é apenas um comedor de cupins e formigas. A análise das fezes identificou frutas, plantas e invertebrados, mostrando que o animal contribui para a dispersão de sementes e controle de pragas agrícolas.

Também conhecido como tatuaçu ou tatu gigante, o animal é característico do Cerrado, sendo um dos maiores. Pode chegar a 1,5 metro de comprimento e pesar 60 quilos.

O estudo foi coordenado pelo programa de conservação do tatu-canastra, sendo realizado ao longo de 10 anos na região da Fazenda Baía das Pedras, no Pantanal. Foram coletadas e analisadas 113 amostras fecais de 29 animais. O resultado foi publicado na revista científica polonesa Mammal Research.

O trabalho da coordenadora científica do Icas, Nina Attias, tinha como objetivo compreender a dieta dessa espécie desse animal e determinar se eram somente mirmecófagos, ou seja, especializados em se alimentar de cupins e formigas.

A pesquisa identificou que o animal tem cupins e formigas como base da dieta, mas também se alimenta de uma variedade surpreendente de invertebrados e plantas, tendo um “comportamento oportunista”.

A ingestão de frutas, por exemplo, sugere papel importante na dispersão de sementes no ambiente, fato que tem efeito positivo para regeneração e manutenção da vegetação nativa do Pantanal.

Outro aspecto importante deste estudo foi a descoberta do papel no controle de pragas agrícolas, já que os tatus se alimentam de tipo de formiga que costuma atacar culturas. “Ao consumir essas formigas, os tatus-canastra desempenham um papel crucial no controle biológico de pragas, reduzindo potencialmente a necessidade de pesticidas prejudiciais ao meio ambiente”, Nina Attias.

Segundo a pesquisadora, compreender os hábitos alimentares desses animais possibilita a implementação de medidas mais eficazes para garantir sua preservação.

“Ao destacar os diversos serviços ecossistêmicos prestados pelos tatus-canastra, demonstramos como sua conservação beneficia não apenas a biodiversidade, mas também a sociedade como um todo, causando um efeito positivo para o meio ambiente e até mesmo para a economia dos proprietários de fazendas”, diz.

De acordo com a Embrapa Pantanal, mais de 90% da área do Pantanal pertence à iniciativa privada, informou o Icas.