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Uma segunda onça-pintada, dessa vez um macho, foi resgatada em estado crítico, ao ser encontrada com queimaduras de segundo grau nas patas e comprometimento pulmonar, neste fim de semana, na região do Passo da Lontra, no Pantanal de Miranda.
Os incêndios no Pantanal já destruíram 1,8 milhão de hectares, segundo o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Segundo o Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap), a onça batizada de Antã, foi encontrada no sábado (17) na mesma cidade que o primeiro caso, de uma onça-pintada fêmea, encontrada com queimaduras de segundo grau, na manhã do dia 15 de agosto.
Conforme o grupo, a Polícia Militar Ambiental (PMA) foi acionada e mobilizou militares, uma lancha e uma viatura para auxiliar os veterinários. As equipes se deslocaram em direção à foz do Rio Paraguai para encontrar o felino.
Após o encontro, a captura da onça foi realizada com o uso de uma zarabatana, uma espécie de arma tranquilizante, para transportar o animal até Campo Grande.
De acordo com os veterinários, foram encontradas queimaduras nas quatro patas, além do comprometimento pulmonar, podendo a causa ser inalação de fumaça. Ainda assim, a expectativa é de recuperação do animal, que atualmente acompanha a primeira onça resgatada.
Os animais
Desde o início da temporada de incêndios no Pantanal, em maio — que começou mais cedo do que o habitual devido ao tempo seco e às mudanças climáticas — até o domingo (11), foram resgatados 564 animais silvestres afetados pelo fogo. O número de animais mortos ainda não foi calculado.
A área queimada neste ano no Pantanal ultrapassa os 1,6 milhões hectares (404,850 em MT e 1.249,475 em MS), o que corresponde a 10% do bioma, conforme dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA-UFRJ).
Um estudo realizado por 30 pesquisadores de órgãos públicos, universidades e ONGs estimou que, em 2020, ao menos 17 milhões de animais vertebrados morreram em consequência direta das queimadas no Pantanal.
“A gente sabe historicamente quais são os grupos que mais sofrem. Os répteis e os anfíbios são os animais que mais morrem, eles têm a maior dificuldade de locomoção, então eles são os que mais sofrem”, disse o diretor do SOS Pantanal, Gustavo Figueiroa.
O biólogo explica que o cenário caótico provocado pelo avanço do fogo muda completamente o comportamento dos animais.
“Recentemente, foi registrado lá na Caiman uma onça-pintada e uma jaguatirica dividindo uma manilha para passagem de água, que é de concreto, embaixo de uma estrada. Eles encontraram ali um abrigo seguro. Então, imagine uma onça e uma jaguatirica dividindo o mesmo espaço sem se atacar. Vimos relatos e cenas parecidas em 2020 durante os grandes incêndios. A gente via diversos animais reunidos ali para tomar água nos pontos de dessedentação, como catetos, lontras, cachorro-do-mato, todos juntos e próximos. Era uma cena que não aconteceria normalmente, mas, em um cenário de desastre, percebemos que o comportamento muda; eles realmente ficam no modo sobrevivência, apenas buscando o recurso que precisam”, finaliza Figueiroa.