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Em agosto deste ano, o Pantanal se destacou como o bioma brasileiro mais afetado por incêndios em vegetação nativa, segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Dados de monitoramento apontam que 89% dos focos de incêndio no Pantanal ocorreram em áreas de vegetação nativa e menos de 1% em áreas onde a vegetação foi removida recentemente.
Entre 1º e 31 de agosto, foram identificados 4.111 focos de incêndio no Pantanal, com a maior parte concentrada no estado de Mato Grosso do Sul, que registrou 2.819 focos (63,9% do total). Mato Grosso, outro Estado pantaneiro, contabilizou 1.592 focos, o que representa 36,1% do total.
Comparado ao mesmo período de 2023, o aumento é expressivo: no ano passado foram registrados apenas 110 focos de incêndio no bioma, sendo 71 em Mato Grosso do Sul.
O levantamento também revelou que o Pantanal não está sozinho nessa crise ambiental. O Cerrado, outro importante bioma brasileiro, registrou 67% de seus incêndios em áreas de vegetação primária.
A Amazônia, por sua vez, viu 53% das queimadas acontecerem em suas florestas primárias, refletindo um cenário alarmante em que as áreas mais preservadas estão sendo devastadas.
Impactos nos outros biomas - Embora a Amazônia e o Cerrado historicamente associem o uso do fogo à fase final do desmatamento, os dados recentes do Inpe mostram que a maior parte dos incêndios registrados também têm atingido áreas de vegetação nativa, e não regiões recém-desmatadas.
No Cerrado, apenas 3% dos incêndios ocorreram em locais onde a vegetação foi removida recentemente, enquanto na Amazônia esse percentual foi de 13%.
A diretora de Estratégia do WWF-Brasil, Mariana Napolitano, afirma que a situação dos incêndios respalda a preocupação do governo federal de que as queimadas estão sendo usadas como uma ferramenta para facilitar o desmatamento e a degradação das florestas.
“O recorde de focos de calor registrado na Amazônia em agosto teve uma distribuição desigual, com mais da metade deles concentrados em áreas de vegetação nativa primária”, explica Mariana.
A especialista também alerta para o risco iminente de que a Amazônia se aproxime do ponto de não-retorno, um limite crítico que, segundo a ciência, poderá transformar a floresta tropical em um ecossistema árido e degradado. "Essa destruição representa um risco imenso não só para o Brasil, mas para o mundo todo. A Amazônia é essencial para o regime de chuvas da América do Sul e para a regulação do clima global", enfatiza.