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Se alguém pergunta que animal tem o olfato mais aguçado, provavelmente vamos dar como uma das últimas respostas o ser humano. Na nossa mente, primeiro vem o cachorro, talvez o coelho, entre outros.
Mas pode ser que seja só uma questão de cheiro, literalmente. Segundo uma revisão de estudos publicada nesta quinta-feira (11) na revista Science, seres humanos são mais sensíveis a aromas do que se costuma acreditar.
John McGann, da Universidade em Piscataway, nos Estados Unidos, traz evidências de que a crença de que os humanos têm um olfato inferior a muitos animais é mais o resquício de um mito do século 19 do que uma hipótese baseada em fatos.
Ele mostra que a origem dessa crença vem de quando o neuro-anatomista e antropólogo Paul Broca, do século 19, descobriu que o tamanho relativo de uma região do cérebro em várias espécies correlacionava-se com as habilidades dessas espécies para realizar tarefas associadas com essa região do cérebro.
Como os seres humanos têm uma região para o olfato relativamente pequena, o chamado bulbo olfatório, ele assumiu que a habilidade de sentir aromas era inferior à de outros animais.
No entanto, McGann mostra que evidências mais recentes sugerem que o bulbo olfatório pode ser uma exceção à regra de que o tamanho da região do cérebro está diretamente associado à habilidade.
Ele também nota que um número de neurônios no bulbo olfatório é bastante consistente entre as espécies. Por exemplo, um estudo descobriu que entre um grupo diverso de mamíferos, a variação entre o número de neurônios do olfato foi apenas de 28 vezes, enquanto a variação em relação ao peso do corpo foi de 5.800 vezes.
Depois de discutir o papel de vários outros fatores biológicos que podem contribuir para a sensibilidade olfativa, como genes e neurogênese, McGann destaca um trabalho experimental que sugere que cada espécie pode simplesmente ser mais sensível a aromas diferentes.
Por exemplo, esse estudo mostrou que os humanos são mais sensíveis que cachorros a um composto encontrado nas bananas.
O autor destaca como os cheiros são importantes para os seres humanos, como para comunicação e para escolha de parceiro, e conclui que o senso de aroma dos humanos provavelmente é mais importante do que se acreditava antes.