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A Academia Sueca anunciou nesta sexta-feira (4) que este ano não será concedido o Prêmio Nobel de Literatura e que a decisão foi adiada para 2019. A instituição enfrenta uma crise desencadeada pela relação deste prêmio com um indivíduo acusado de agressões sexuais.
“Nós achamos necessário dedicar um tempo para reconquistar a confiança do público na Academia antes que o próximo vencedor possa ser anunciado”, declarou o secretário permanente da academia, Anders Olsson.
Ele também alegou que a decisão da Academia é em respeito aos que já ganharam e aos que ainda irão ganhar o prêmio.
A decisão foi tomada durante uma reunião semanal em Estocolmo, baseado na crença de que a Academia não está em posição de escolher um vencedor após a onda de escândalos sobre assédios sexuais e crimes financeiros que atingiu a instituição.
O Nobel de Literatura já deixou de ser concedido em várias ocasiões, da mesma forma que os outros, durante as guerras mundiais do século passado, mas nunca por outros motivos.
Acusações
Em novembro passado, 18 mulheres acusaram o dramaturgo Jean-Claude Arnault, uma conhecida personalidade da cultura francesa, marido de uma de seus membros e com quem a prestigiosa instituição tinha vínculos estreitos, de violência e/ou assédio sexual.
O acusado dirige um centro de exposições na capital, em parte financiado pela Academia, que organiza ali as leituras dos premiados.
Renúncias
Diante das circunstâncias, sete de um total de 18 membros renunciaram, incluindo a secretária permanente, Sara Danius e a mulher do acusado, Katarina Frostenson.
As renúncias são simbólicas e só se traduzem em não participar de votações e atividades, já que a filiação à instituição é vitalícia e só se elegem novos membros quando morre algum deles.
O rei da Suécia, Carlos XVI Gustavo, que é o principal responsável da Academia fundada em 1786, concordou em modificar os estatutos para permitir que os membros renunciem e sejam substituídos, assegurando assim a sobrevivência desta instituição.
Este escândalo provocou especulações nos meios de comunicação sobre o destino do prêmio de Literatura, que foi entregue no ano passado ao autor britânico-japonês Kazuo Ishiguro, e em 2016 ao cantor e compositor americano Bob Dylan.